Bicicletas e efemérides

Dia das mães, dos pais, dos namorados, Natal e tantas outras datas comemorativas ou feriados. Amamos efemérides, seja para comemorar, vender mais ou relembrar fatos históricos importantes.

A segunda sexta-feira do mês de maio ficou definida no Brasil como o dia “De bike para o trabalho”, uma adaptação do “Bike to work day”, invenção da Liga de Ciclistas Estadunidenses no ano de 1956, parte das festas do mês da bicicleta.

No Brasil a data é promovida pelos BikeAnjos e por isso tem como grande propósito oferecer aquela dose gratuita, voluntária e colaborativa de bicicleta no dia a dia de quem ainda não pedala sempre.

Escolher uma data em que muitas pessoas farão algo juntas é, pelo amor humano às efemérides, um hábito socialmente difundido. Os estigmas brasileiros tradicionalmente associados a bicicleta: esporte e transporte para quem não tem dinheiro, podem ser desconstruídos na prática. Quem pedala por lazer acaba por descobrir o quanto é mais simples e agradável incluir a bicicleta no dia a dia e livrar-se do stress e dos congestionamentos urbanos.

Mais do que datas, o objetivo é ter mais pessoas em mais bicicletas, mais vezes. Ou, na definição desse cientista, ter uma massa crítica capaz de mudar nosso coletivo coletivo rapidamente.

O objetivo final portanto é “naturalizar” a bicicleta nas cidades e para isso é possível pensar em um número fundamental com base no vídeo acima, 10% da população. Hoje apenas algumas cidades brasileiras apresentam índice próximo a dez porcento das pessoas em bicicleta. Tornar realidade essa massa transformadora requer portanto um esforço coletivo enorme de quem hoje promove a bicicleta.

Ir de bicicleta ao trabalho um dia é certamente uma pedalada à frente no caminho para reconstruir o entorno. Primeiro o neo-ciclista irá perceber o ambiente e irá logo em seguida perceber as inconsistências e inadequações da cidade. Idealmente quem enxerga a bicicleta e sente a importância delas para sua cidade irá ser favorável a mudanças e quem sabe até envolver-se diretamente nas transformações necessárias.

Nem todos irão de bicicleta todas as vezes a todos os lugares, mas uma cidade onde 10% da população usa a bicicleta é uma cidade em que as magrelas são parte da paisagem e por isso mesmo o ambiente urbano torna-se adequado a seres humanos.

Pedalemos pois, ao trabalho, à escola, ao lazer à padaria, ao mercado e aonde mais for da vontade de cada ciclista.

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