Conheça quem usa a bicicleta no Brasil

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Para preencher uma lacuna onde até então havia escasso conhecimento sobre os usuários e o uso da bicicleta como transporte urbano no Brasil, nasceu o Perfil do Ciclista Brasileiro. Iniciativa da Parceria Nacional Pela Mobilidade em Bicicleta, união de organizações ao redor do Brasil em prol de quem pedala.

Foram entrevistados 5012 ciclistas em dez cidades das diferentes regiões brasileiras: Aracaju, Belo Horizonte, Brasília, Manaus, Niterói, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo. Para isso, foram a campo, durante os meses de julho e agosto de 2015, mais de 100 pesquisadores.

Como aplicação imediata dos dados coletados e analisados nesta pesquisa, temos o fornecimento de subsídios para que gestores públicos, urbanistas e outros atores envolvidos formulem uma agenda mais precisa e robusta de políticas públicas e ações de promoção do transporte cicloviário.

Uma revolução em curso

Há uma revolução acontecendo nas cidades brasileiras tendo como protagonistas os ciclistas urbanos: as bicicletas são vistas com cada vez mais frequência nas ruas.Estamos vivenciando o nascimento de uma cultura de mobilidade urbana emergente – focada nos pedestres e ciclistas – em resposta aos desafios sociais, econômicos e ambientais enfrentados pela sociedade brasileira.

Apesar dos avanços alcançados, a condição atual das cidades brasileiras está longe da ideal. O padrão de desenvolvimento urbano hegemônico ainda traz o carro particular como protagonista e relega ciclistas e pedestres ao segundo plano. Esta situação tem levado nossas cidades ao colapso e revela a urgência de uma inflexão no modelo de desenvolvimento urbano brasileiro.

Muitos são os desafios, mas acreditamos num futuro melhor com a transformação das cidades brasileiras em ambientes convidativos aos ciclistas. Buscamos um modelo de cidade democrática e acessível.

Saiba mais:
Perfil do Ciclista Brasileiro – 2015, o livreto
Perfil do Ciclista Brasileiro – 2015, o relatório
 Perfil do Ciclista Brasileiro – (Observatório das Metrópoles)

 

Dez anos de ação e informação

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Foram exatos 60 boletins informativos bimestrais da Transporte Ativo ao longo de dez anos. Uma excelente notícia coroa o sexagésimo primeiro, o volume de informações e ações agora justifica a distribuição mensal do nosso comunicado oficial.

Desde o primeiro disparo de emails havia a cada mês a dúvida sobre se haveria uma quantidade suficiente de ações, eventos e notícias na imprensa para divulgar. A cada bimestre o que nascia como espaço em branco era facilmente preenchido com novidades. Alcançar a necessidade de informações mensais pelo excesso de informações nos boletins é portanto uma grande conquista.

Para receber o boletim informativo bimestral da Transporte Ativo, basta entrar em contato.

Nesse link também é possível conferir todos os informativos anteriores e mais.

Pedalemos.

Um perfil de quem usa a bicicleta no Brasil

Estão disponíveis os primeiros dados da pesquisa “Perfil do Ciclista” que irá traçar um panorama de quem utiliza a bicicleta como meio de transporte no Brasil. Ainda preliminares, os dados já dão um grande panorama sobre quem já pedala e nos ajuda com pistas para que mais pessoas escolham pedalar.

A maioria dos ciclistas brasileiros entrevistados tem entre 25-34 anos, concluiu o ensino médio, recebe até 2 salários mínimos, pedala até 30 minutos no seu deslocamento principal, não se envolveu em incidentes de trânsito recentemente e, principalmente, gosta de pedalar. A  bicicleta é o principal meio de deslocamento das pessoas ouvidas que pedalam no mínimo 5 dias por semana de porta a porta, sem integrar com qualquer outro meio de transporte.

– Confira os resultados preliminares da pesquisa nacional do perfil do ciclista 2015.

Rio de Janeiro, cidade que ama pedalar

Dos dados preliminares do Rio de Janeiro, o que salta aos olhos é a frequência com que as pessoas entrevistadas pedalam. Cerca de 81,2%  utiliza a bicicleta no mínimo 5 vezes por semana. Desse total 37,20%  pedala de domingo à domingo, 27% utiliza 5 vezes por semana e 17% pedala 6 dias por semana.

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As pessoas que usam a bicicleta no Rio são em sua maioria jovens entre 25-34 anos (27,7%). Já 21,9%  tem entre 35-44 anos e 19,4% 15 a 24 anos.

Em relação à renda 59,8% recebe até 3 salários mínimos. Sendo 30,7% entre 1 e 2 S.M., 16,2% de 2 a 3 S.M. e 12,9% até um salário.

A integração modal é mais representativa do que na média nacional, com 34,5% das pessoas utilizando a bicicleta somada a outro meio de transporte.

Na variável tempo, 83,6% utiliza a bicicleta para deslocamentos de até 30 minutos. Sendo 56,6% mais de 10 e menos de 30 min. e 27% pedala no máximo 10 min. em sua viagem mais frequente.

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São Paulo vive revolução cicloviária que precisa alcançar a periferia

Um olhar específico sobre as cidades mostra a diversidade local e também algumas consistências em relação aos dados nacionais. Nos dados preliminares de São Paulo, chama a atenção o desejo por mais infraestrutura e como o aumento da malha cicloviária impulsionou o uso da bicicleta. O levantamento conduzido pela Ciclocidade já nos traz reflexões que estão além dos números.

Como forma de melhorar seus deslocamentos diários, 50% dos entrevistados sugerem a implantação de mais vias exclusivas para ciclistas na cidade. Já dos entrevistados que disseram nunca usar ciclovias em suas viagens, 80% estão na periferia.

Sobre quando a bicicleta começou a ser usada como meio de transporte, dois extremos se destacam entre as respostas: 29% dos entrevistados pedalam há mais de 5 anos, enquanto 19% há menos de 6 meses. O alto número de “novatos” pode se dever à influência da expansão da malha cicloviária na cidade – nas áreas central e intermediária, praticamente 40% dos ciclistas começou a pedalar há menos de um ano.

Com relação à renda, quase 40% dos ciclistas da capital paulista ganham entre 0 (sem renda) e 2 salários mínimos (R$ 1.576).

Com relação a faixa etária, também quase 40% dos ciclistas têm entre 25 e 34 anos. Ciclistas entre 35 a 44 anos compõem a segunda faixa etária mais presente, com cerca de 27%.

Mais de 70% dos ciclistas afirmam usar a bicicleta pelo menos 5 vezes por semana, indicando que a bicicleta é, de fato, o principal meio de transporte para muitos paulistanos. Este resultado se repete entre homens e mulheres.
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O tempo dos deslocamentos em São Paulo mostram a distribuição espacial da cidade das longas distâncias. Ainda que 54,2% pedalem entre 10 e 30 minutos, 29,2 % pedala entre 30 min e uma hora. A longa distância entre os locais de moradia e os de emprego e estudo é certamente o maior drama paulistano, mais um que a bicicleta ajuda a contornar.

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Em breve iremos publicar também os dados preliminares das outras cidades.

Faça o download das planilhas:

Saiba mais:

Quem são os ciclistas brasileiros
Quase 75% dos ciclistas de São Paulo pedalam em área sem ciclovia
Maioria dos ciclistas do Rio são de baixa renda

Comprovado: infraestrutura gera demanda

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Contagem realizada pela Transporte Ativo comprova que a infraestrutura cicloviária em implementação em Laranjeiras será um indutor de demanda por mais viagens em bicicleta na região. A ciclovia ainda nem está pronto e o movimento já é grande, vai aumentar muito ainda.

Foram 12 horas de contagem automática, realizada no dia 3 de setembro em trecho já dotado de ciclofaixa. O resultado foi surpreendente, 975 ciclistas, confira o relatório em PDF.

Com as obras da infraestrura cicloviária ainda em andamento o volume de ciclistas foi maior que o encontrado nas contagens realizadas recentemente, com a mesma metodologia, nas já consolidadas ciclofaixas das ruas Figueiredo de Magalhães e Toneleros em Copacabana.

 

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A rua das Laranjeiras é grande via principal que liga o Cosme Velho ao Largo do Machado ponto central para quem vem e vai em direção ao Flamengo, Botafogo e Catete. O longo eixo viário Laranjeiras-Cosme Velho concentra todo o tráfego de ônibus, bicicletas, carros, motos e pedestres em um espaço limitado. De acordo com as possibilidades, a infraestrutura em implantação vai da via compartilhada à ciclovia.

No trecho onde foi feita a contagem, a implantação de uma ciclofaixa de mão dupla em substituição as vagas de automóveis transformou a dinâmica da via, facilitando os deslocamentos em bicicleta e aumentando a segurança viária.

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O trecho estudado tem uma importante função de conexão, ligando às ciclorotas de Cosme Velho até o terminal de Cosme Velho; à Ciclovia Fluminense (para Botafogo); à ciclofaixa até o Largo de Machado (a ser implantada no próximo mês) e a partir do Largo do Machado conectando à ciclovia de Aterro de Flamengo. Foi apenas a primeira contagem de bicicletas automática feita no local e será repetida após a implantação completa das obras cicloviárias e depois anualmente.

Com a rede completa, aos poucos a tendência é a humanização dos fluxos com o compartilhamento nas vias incentivando a convivência segura entre pessoas, estejam elas na condução de veículos motorizados ou pedalando.

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Saiba mais:
Bicicletas e ciclovias, da sala de aula para a rua
Equipamento utilizado para a contagem de ciclistas.
Resultado das outras contagens citadas:

Quem são os ciclistas brasileiros

Foto: Carlos Aranha

Foto: Carlos Aranha

A Transporte Ativo, em parceria com outras 9 organizações em defesa da bicicleta, está realizando um levantamento do perfil dos ciclistas brasileiros. O objetivo é entender o que motivou as pessoas a começarem a pedalar e o que as faz seguir em frente. Com base na pesquisa, será possível  direcionar com maior eficiência os esforços de promoção ao uso da bicicleta

A iniciativa faz parte da “Parceria Nacional pela Mobilidade por Bicicleta” que busca mapear o Brasil que pedala. Serão levantadas idade, renda, motivação para usar a bicicleta, o tempo médio do principal trajeto feito em bicicleta, para onde é esse trajeto, se ela é combinada com outros meios de transporte. Além disso, as organizações parceiras poderão escolher até 4 perguntas específicas para suas cidades.

A quantidade de entrevistados varia de acordo com o tamanho da população, em São Paulo serão 1.784 questionários aplicados por 9 pesquisadores. E em todas as cidades o levantamento será feito nas áreas centrais, intermediárias e periféricas  em pontos que já possuem infraestrutura cicloviária, pontos que ainda não possuem e os chamados “pontos de intermodalidade”, nos quais a bicicleta se relaciona com outros modais de transporte.

Relatos de uma pesquisa de campo em bicicleta

Mais do que dados a serem planilhados, a pesquisa acaba mergulhando em histórias. São ciclistas já idosos que nem ao menos lembram quando pedalaram pela primeira vez ou histórias de neófitos desbravando a cidade com prazer e vento no rosto.

Para enxergar um pouco do que não será tabulado, Marina Harkot, pesquisadora pela Ciclocidade em São Paulo compartilhou duas histórias de pessoas que usam a bicicleta na mais populosa cidade brasileira.

esse é o Julião. ele mora na rua há tanto tempo que já nem lembra mais até que série estudou. faz de tudo um pouco e acha que a melhor coisa da bicicleta é conseguir carregar suas poucas posses de cima pra baixo, pela cidade inteira. pedala desde sempre, não consegue pensar em um período de tempo exato.
quando pedi pra tirar uma foto sua, demorou uns 5 minutos pra se arrumar – tirou o boné, soltou os cabelos e se escondeu atrás dos óculos escuros. pediu para ver a foto, achou que tinha ficado escura e disse que era pra eu “comprar um celular melhorzinho”. foi embora tão sorrateiramente quanto chegou – e nem me deu tempo para agradecer a conversa e dizer o quanto que gente como ele me faz sentir viva.

O triciclo de Lineu, por Marina Harkot

O triciclo de Lineu, por Marina Harkot

o dono desse triciclo é o Lineu. ele tem ataxia cerebelar – uma doença degenerativa – e começou a usar a bicicleta para recuperar massa muscular (disse que hoje em dia tem “até bunda de novo”).
Lineu deixa uma cadeira de rodas “estacionada” no bicicletário da estação Sé e usa o triciclo pra rodar por aí – visita a família na Freguesia do Ó pedalando desde a Barra Funda, em duas horas de caminho.
quando chega na Sé, troca o triciclo pela cadeira de rodas e segue de metrô para a Leste, onde mora. amanhã está de volta aqui pelo centro.

Cada pessoa em bicicleta merece sempre os maiores incentivos. Por vezes ouvir suas histórias já representa um carinhoso agradecimento. Fica o convite para que as pesquisadoras e pesquisadores Brasil afora compartilhem conosco seus relatos e seus personagem.

Por mais pessoas felizes em bicicleta.

Saiba mais:

A “Parceria Nacional pela Mobilidade por Bicicleta” é uma iniciativa da Transporte Ativo, com patrocinio do Banco Itaú e parceria com as organizações Ciclocidade (São Paulo), Mobicidade (Porto Alegre), BH em Ciclo (Belo Horizonte), Rodas da Paz (Brasília), Ameciclo (Recife), Bike Anjo Salvador, Ciclourbano (Aracaju), Pedala Manaus, Mobilidade NiteróiPROURBObservatório das Metrópoles , ITDP Brasil.