Mercado de Bicicletas no Brasil

Os números mais precisos em relação ao tamanho da frota levam em conta a produção industrial e a durabilidade média das bicicletas, que é de 10 anos. Segundo dados da Abraciclo, a produção industrial de 1998 a 2008 vai somar 51,8 milhões de veículos.

Contudo, este total é subestimado, pois a vida média de uma bicicleta pode ser maior que 10 anos. Um fabricante nacional dá garantia até 2020 para os quadros das suas bicicletas. Além disso, a soma leva em conta apenas a produção registrada pela indústria formal. Os fabricantes de coroas para bicicleta afirmam produzir mais de 13 milhões de unidades/ano, mais que o dobro da produção formal de bicicletas (confira a pág. 27 do Caderno de referência para elaboração de Plano de Mobilidade por Bicicleta nas Cidades do Ministério das Cidades).
Assumindo que 30% das coroas se destine a consertos ou manutenção de estoques, estima-se que o número de bicicletas produzidas no Brasil nos últimos 10 anos estaria em torno de 90 milhões.

Então, para calcular a frota de bicicletas no Brasil, partimos dos números precisos da Abraciclo, 51,8 milhões. Calculamos, por baixo, uma produção informal igual a 50% da produção formal. Com isto, em nossos estudos e previsões, trabalhamos com uma frota atual de 76 milhões de bicicletas no Brasil.

Números tão expressivos mostram que a mobilidade no Brasil apresenta uma demanda reprimida para o uso da bicicleta, já que apenas parte desta frota está nas ruas circulando diariamente.


Mais: Reflexões sobre o Mercado de Bicicletas.

Amai e Sede Capaz

“Ora (direis) andar de bicicleta! Certo
Perdeste o senso!” E eu vos direi, no entanto,
Que, para pedalar, muita vez desperto
E saio pelas ruas, pálido de espanto …

E andamos toda a noite, enquanto
A via láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso com seu manto,
Inda com ela pedalo pelo chão deserto.

Direis agora: “Tresloucado amigo!
Por que andas com ela? Que sentido
Têm bicicletas nas cidades, este perigo?”

E eu vos direi: “Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender bicicletas.”

releitura do famoso soneto de Olavo Bilac

Aprendendo a Andar de Bicicleta

O Dia das crianças está chegando. Bonecas, carrinhos, bolas, bicicletas.

Bicicleta…. A mãe tenta dissuadir, o pai já fica nervoso, a avó oferece um vídeo-game, mas a menina insiste: quero uma bicicleta. Ufa, o mundo tem salvação!!
Sim, aí a criança ganha sua primeira bicicleta, lindona, do Batman, Barbie ou Backyardigans, e o problema aparece: como ensinar nossos filhos – ou netos – a andarem de bicicleta?

Simples: andar de bicicleta é uma coisa complexa. A melhor maneira da criançada aprender a andar de bicicleta é dominar etapa por etapa. O maior problema dos pais é a ansiedade, que cria expectativas do filho ou filha dominar a técnica já na primeira pedalada, nas primeiras horas. Isto só gera conflito (“expectativas não atendidas”). A primeira dica para os pais é: calma e paciência. Aplaudir cada avanço, por mínimo que seja. A segunda dica: siga os passos abaixo.

  • CONSEGUINDO EQUILÍBRIO.

Equilíbrio é a chave. Antes de tudo, a criança tem que aprender e ter equilíbrio em cima da bicicleta. Por isto, as rodinhas são o pior inimigo de quem está aprendendo a pedalar. Porque elas se transformam em muletas, e a experiência de tirá-las é bem traumática. E dolorida!
Faça o seguinte: pegue a bicicleta nova e retire manoplas e cabos de freio e os pedais (ou compre uma bicicleta especial – veja mais abaixo) “Uma bicicleta sem freio para uma criança??” Calma. Usar os freios é algo que se aprende depois e as manoplas vão distrair ou causar ansiedade fora da hora.
Abaixe o selim até que a criança consiga colocar a planta dos pés no chão. Se isto não acontecer, a bicicleta está grande para a criança. Atenção: não é só a pontinha do pé, é o pé todo! Isto dará a segurança necessária na hora de parar. Agora deixe seu filho ou filha se divertir com esta bicicleta impulsionada pelos pés no chão. Vá com eles até uma calçada levemente inclinada e deixe-os buscarem o equilíbrio ladeirinha abaixo.

  • VIRAR E FREAR

Depois de aprendido o equilíbrio, o próximo passo é aprender a virar e parar. Recoloque as manoplas e cabos de freio. Coloque latinhas para a criança desviar delas. Mas sempre impulsionando a bicicleta sem os pedais. Ensine a usar os freios, a ter noção de velocidade e distância.
Infelizmente, as bicicletas infantis brasileiras são de péssima qualidade e os freios quase nunca funcionam corretamente. As bicicletarias fazem o melhor possível – mas se for uma bicicleta comprada em loja de brinquedo, tenha paciência: o freio NUNCA vai funcionar direito; mas como está sem pedais, a criança vai saber parar com os pés. Para crianças de 6 a 8 anos, existem bicicletas melhores. Como a coordenação motora é melhor nesta faixa de idade, basta tirar os pedais, deixando os freios.

  • USAR OS PEDAIS

A última etapa para quem está aprendendo a andar de bicicleta é, por incrível que pareça, usar os pedais! Depois de ter equilíbrio, aprender a virar e frear, chega a hora de alcançar a verdadeira liberdade que a bicicleta dá. Com pedais, coroas e catracas, o esforço de se deslocar é extremamente minimizado, e alcança-se uma distância bem maior. É a união da força com o equilíbrio.
Recoloque os pedais na bicicleta. Deixe o selim ainda baixo. Depois de alguns dias ou minutos, a criança consegue unir o equilíbrio que já tem com a força necessária para tocar os pedais. Vá subindo o selim aos poucos, até atingir a regulagem correta. Para crianças, o ideal é sempre tocar o chão com os pés, mesmo com a pontinha. Se o selim chegou no ponto máximo e os joelhos ficam muito curvos, tá na hora de comprar uma bicicleta maior.

Outra dica: não segure ou impulsione a criança pelas costas ou guidão; ela tem que superar as etapas por ela mesma. Para dar apoio, acompanhe-a andando/correndo ao lado da bicicleta.

Este método vale também para adultos que estão aprendendo a pedalar.

  • BICICLETAS SEM PEDAIS

Bicicletas sem pedais foram as primeiras a ser inventadas. Com base nesta idéia, na Alemanha eles passaram a usar bicicletas especiais para crianças pequenas (2 a 5 anos). Vejam aqui e assistam um vídeo sobre este método.

De bicicleta para o trabalho

Passamos pela Semana Brasileira da Mobilidade, cuja data máxima foi o Dia sem Carros. “O objetivo deste movimento é chamar a atenção para a necessidade de se repensar o modelo de mobilidade que estamos aplicando em nossas cidades desde o advento do automóvel no início do século passado” (Rua Viva, Carta aos Municípios Brasileiros, 14.jul.2008).

A valorização do uso da bicicleta tem sido um dos principais eixos desta mudança pretendida. Contudo, a realidade diária torna esta mudança inviável para muitas pessoas, por barreiras que se firmam ou no preconceito ou, sobretudo, no desconhecimento. O que fazer para ir de bicicleta para o trabalho? O que as empresas devem fazer? O que as pessoas precisam saber? Foi pensando nisto que a Associação Transporte Ativo e o Mountain Bike BH elaboraram o Guia De bicicleta para o trabalho.

De_bicicleta_para_o_trabalho

Trabalhamos desde fevereiro para lançar o Guia como parte dos eventos da Semana da Mobilidade e Dia sem Carros.
Traduzimos dois manuais estrangeiros, fizemos adaptações para nossa realidade e preparamos um leiaute especial, para acrescentar leveza e beleza ao conteúdo. Com isto, conseguimos produzir um documento exclusivo, único em língua portuguesa, que se iguala ao que existe de melhor em outros países.

Quais são as respostas para aquelas desculpas clássicas que as pessoas dão para não usar a bicicleta? Veja se sua bicicleta está preparada para o trabalho. Como você pode atuar dentro da empresa para criar uma cultura pró-bicicleta? Você sabia que, como política de incentivo, empresas no exterior financiam a compra de bicicleta por seus funcionários? Que há abonos e horas de folga cumulativas para quem vai de bicicleta para o trabalho??

Confira tudo isto e muito mais no Guia De bicicleta para o trabalho

Veja também o cartaz “Respostas para desculpas clássicas“. Esta seção do guia foi especialmente selecionada para que você possa divulgar entre colegas de trabalho. Imprima colorido e coloque no mural de avisos do seu local de trabalho!! Para fazer um “dia sem carros” todos os dias.

Bicicleta para Todos

O que explica o fato que Holanda, Dinamarca e Alemanha são países repletos de bicicletas nas ruas? O biotipo majoritariamente loiro, os idiomas estranhos com sons guturais? Ou será culpa da neve no inverno?

O Prof. John Pucher, da Rutgers University (Nova Jérsei, EUA), têm estudado esta questão nos últimos 12 anos. Em julho de 2008, Pucher publicou o artigo Making Cycling Irresistible, com base em dados estatísticos agregados, além de estudos de caso diretamente em cidades daqueles 3 países. O que ele encontrou pouco tem a ver com cor dos cabelos, fonética ou clima.

As conclusões encontradas no artigo estão resumidas na apresentação Cycling for Everyone, que o professor fez em Vancouver no Canadá.

Essa apresentação foi gentilmente cedida à TA que traduziu para o português e disponibiliza, em primeira mão: Bicicleta para todos, são 91 slides e cerca de 15MB.

As pesquisas do Prof. Pucher mostram que o sucesso da Holanda, Alemanha e Dinamarca em incentivar o uso da bicicleta decorre de uma implementação coordenada de várias políticas multi-facetadas que se reforçam mutuamente.

A íntegra da pesquisa Making Cycling Irresistible está sendo traduzida pela Transporte Ativo.

Saiba mais: