Mais sobre a Pesquisa Perfil Ciclista | Rio de Janeiro

Inspirados no trabalho da AMECICLO, neste post, apresentamos um comparativo entre as quatro diferentes edições da pesquisa no Rio e a média geral resultante das diferentes edições, para seis questões.

Principais Destinos

Os principais destinos dos cariocas são trabalho e social. Entenda destino social como ir a algum lugar socialmente: praias, futebol, cinema, casa de amigos, restaurantes e outros destinos semelhantes. Além destes dois principais destinos mais da metade d@s ciclistas entrevistad@s, também vai às compras de bicicleta, o que é uma boa notícia para o comércio e valida outra pesquisa que apresenta as bicicletas como amigas do comércio.
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Média das quatro edições:destino2

Tempo de Uso

Praticamente metade d@s ciclistas cariocas entrevistad@s, usam a bicicleta há mais de cinco anos e a outra metade, iniciou seu uso de cinco anos para cá. Esses dados sugerem que o uso da bicicleta como meio de transporte no Rio de Janeiro, dobrou de cinco anos pra cá. Um percentual, considerável, mais de 10 %, iniciou o uso há apenas um ano.

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Média das quatro edições:
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Tempo de Deslocamento

Apenas 19% dos deslocamentos registrados, são realizados em mais de 30 minutos o que significa que 81% são realizados em menos de meia hora! Costuma-se dizer que a distância ideal para o uso das bicicletas fica entre 6km até 8 km. Se usarmos a velocidade média d@ ciclista carioca de 14km/h. estes 30 minutos representam exatos 7 km. Percorrer essa distância em um veiculo motorizado no Rio de janeiro, neste espaço de tempo, nem sempre é algo possível.

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Média das quatro edições:

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Integração Modal

Ciclistas cariocas seguem fazendo integração modal de forma equilibrada e contínua através das quatro edições da pesquisa. Se o percentual aqui segue estável e o número de ciclistas vem aumentando, conclui-se que cada vez mais pessoas fazem a integração da bicicleta com outro modal de transporte.

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Média das quatro edições:integracao2

Motivação para Pedalar

Em todas as edições da pesquisa, mesmo na atípica de 2021 logo após a pandemia Covid-19, a Praticidade foi o principal motivo que leva as pessoas a utilizarem as bicicletas, seguida de Saúde e Custo, que aparecem com um peso bem semelhante. A preocupação ambiental aparece sempre como a menor motivação para tal, ou seja, quase ninguém pedala por ser bom para o meio ambiente, mas mesmo assim os 97% que pedalam por outros motivos, estão trazendo benefícios ambientais para a cidade! 🙂

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Incentivo para Pedalar mais

Os destaques aqui vão para mais infraestruturas cicloviárias (50%) e educação no trânsito (26%), que somadas equivalem a 76% dos motivos que incentivariam ciclistas a pedalarem ainda mais. Fica claro que a tranquilidade para se pedalar com segurança é fator de grande importância quando se opta por este meio de transporte.

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É possível acessar os resultados de cada edição da pesquisa, clicando nos links abaixo. Será possível encontrar diversas formas de cruzar os dados coletados em cada uma delas, ou entre elas.

1ª Edição 2015
2ª Edição 2018
3ª Edição 2021
4ª Edição 2024

Explorando os dados cariocas da pesquisa Perfil Ciclista 2024

Metade dos ciclistas cariocas entrevistados pedalam há menos de 5 anos, sendo que 10% deles pedalam há menos de 1 ano, o que mostra que o número de usuários de bicicletas como meio de transporte segue crescendo, apesar de já ser algo comum na cidade.

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Dentre estes, 69% pedalam mais de cinco dias na semana, ou seja, quem pedala, pedala mesmo!

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Os principais destinos são o trabalho, compras e encontros sociais, como uma ida ao cinema, casa de amigos, praia, etc.

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Outro dado muito interessante é que mais da metade das viagens, 78%, duram menos de 30 minutos. Tempo este que na velocidade média do ciclista carioca de 14 Km/h, permite percorrer 7kms. Essa distância hoje no Rio de Janeiro, cidade cuja frota de carros cresce ao ritmo de 263 carros por dia, é algo praticamente impossível de se fazer sem enfrentar engarrafamentos.

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A principal motivação dos cariocas para pedalar, como na grande maioria das 18 cidades que participaram da pesquisa é a praticidade das bicicletas, e o que menos os motiva é o meio ambiente. Isso nos indica que mesmo com baixa motivação ambiental, independente disso, se está nas ruas pedalando, está contribuindo para os desafios de mitigação das mudanças climáticas!

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Dente as opções disponíveis no questionário, 47,7% dos entrevistados indicaram que pedalariam mais com a ampliação das infraestruturas para bicicletas, assim o pedalar fica mais seguro e tranquilo. Esse resultado se repete nas outras cidades. Em seguida vem a educação no trânsito, que se fosse algo corriqueiro certamente diminuiria a necessidade de infraestruturas dedicadas às bicicletas.

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No Rio, a pesquisa foi realizada em 40 bairros de todas as áreas de planejamento da cidade. Você pode conhecer mais detalhes como: faixa etária, de renda, escolaridade, raça, se já teve a bicicleta ou partes dela roubadas, se já sofreu assédio, se envolveu em sinistros de trânsito e até se faz integração com outros modais de transporte. Basta acessar todos os resultados da pesquisa clicando aqui. Você também poderá conhecer os resultados das outras cidades e ter acesso ao link para um Painel de Controle onde é possível comparar as cidades.

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A Pesquisa Perfil d@ Ciclista, acontece a cada 3 anos, organizada pela Transporte Ativo, com Patrocínio do Itaú Unibanco, colaboração técnica do Observatório das Metrópoles e com o engajamento de uma extensa rede de organizações, dentre elas grupos de ciclistas, prefeituras e universidades. As entrevistas são feitas com pessoas de 12 anos ou mais de idade, que pedalam pelo menos uma vez por semana como meio de transporte, abordadas pedalando, empurrando ou estacionando a bicicleta. Para saber mais sobre a pesquisa, clique aqui.

Pesquisa Perfil Ciclista 2024 – Resultados

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Em tempos de eventos climáticos cada vez mais extremos, mais de 70% dos ciclistas brasileiros usam a bicicleta cinco ou mais vezes na semana

 A quarta edição da Pesquisa Nacional sobre o Perfil d@ Ciclista traz dados importantes sobre a bicicleta em 18 cidades sendo 9 capitais.

 Nas cidades participantes da pesquisa, 78% das pessoas que utilizam a bicicleta como meio de transporte pedalam cinco ou mais vezes por semana, enquanto 70% levam até 30 minutos em sues percursos mais frequentes. Estas são algumas das conclusões da quarta edição da Pesquisa Nacional sobre o Perfil do Ciclista Brasileiro, organizada pela Transporte Ativo e Observatório das Metrópoles, com apoio do Itaú Unibanco. A pesquisa ficou em primeiro lugar no Prêmio Bicicleta Brasil 2024, do Ministério das Cidades, na categoria “Fomento à Cultura da Bicicleta”.

Ao todo, mais de 11 mil ciclistas foram entrevistados em 18 cidades de diferentes tamanhos, distribuídas por quatro regiões do país: Araucária PR, Belém PA, Campos dos Goytacazes RJ, Cruzeiro do Sul AC, Fortaleza CE, João Pessoa PB, Juazeiro BA, Manaus AM, Natal RN, Niterói RJ, Paranaguá PR, Petrolina PE, Recife PE, Rio de Janeiro RJ, Salvador BA, São Paulo SP, Seropédica RJ e Volta Redonda RJ.

A publicação ganha relevância em função do momento atual, com conflitos e eventos climáticos extremos surgindo a todo momento em um mundo no qual poucos países se mostram interessados em uma transição econômica de baixo carbono, e a indústria dos combustíveis fósseis (setor no qual estão grande parte dos carros, ônibus e caminhões, e que é o maior emissor de gases de efeito estufa) permanece intocada nas negociações climáticas.

Para além da gravíssima crise humanitária, social e ambiental recentes, anuncia-se uma extensiva crise. Considerando que 2024 foi o ano mais quente da história da medição humana, atingindo uma temperatura 1,5°C mais alta, em média, do que aquela registrada na pré-revolução industrial, as bicicletas merecem ainda mais atenção devido às suas características singulares: são transportes limpos, sem qualquer emissão de poluentes, fundamentais para a saúde individual e coletiva, e que se adaptam muito bem a diferentes situações.

A pesquisa demonstra que, dentre os respondentes, 41,4% preferem a bicicleta pela rapidez e praticidade, enquanto 26,1% optam pela saúde e outros 21,5% pelo custo. Apenas 3,8% escolheram, no entanto, a consciência ambiental, o que sugere a necessidade de uma comunicação mais assertiva sobre o potencial da bicicleta no enfrentamento da emergência climática. Já em relação aos estímulos para pedalar mais, a infraestrutura adequada foi a opção mais escolhida (54,8%), seguida por segurança no trânsito (26,6%).

Entre as capitais, algumas particularidades se destacam:

  • Em Belém (PA), 95,3% das pessoas pedalam 5 ou mais vezes por semana, e apenas 32% utilizam a bicicleta como meio de transporte há menos de cinco anos.
  • Em São Paulo (SP), o público que pedala como meio de transporte há menos de cinco anos é muito maior: 86,9%.
  • Em Fortaleza (CE), pessoas que usam a bicicleta como meio de transporte para ir e voltar do trabalho são predominantes: 95,5%. São maioria também aqueles que citam a praticidade como principal estímulo para pedalar (60,6%).
  • Em João Pessoa (PB), o principal estímulo para pedalar mais são mais infraestruturas para Bicicletas 74,8%, seguida por Recife (PE), com 64%, e Natal (RN), com 63,6%.
  • No Rio, 78,3% dos entrevistados levam até 30 minutos em seu percurso mais frequente, o que equivale a aproximadamente 7km.
  • Salvador (BA) é a cidade que mais se preocupa com a Segurança Pública com 22,2% dos entrevistados, contra 2,3% em Petrolina (PE).

Mais de 250 entrevistadores saíram a campo entre os meses de agosto e novembro de 2024 para coletar as respostas. No total, foram 12 meses de preparação, busca, organização, encontros, revisões de documentos e finalização para a publicação da pesquisa.

Confira este esforço na íntegra clicando aqui!

Pesquisa Perfil Ciclista Brasil 2024

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Foram 11 meses de muito trabalho em parceria com universidades, prefeituras e organizações pró bicicleta pelo país afora, desde a divulgação, montagem de equipes, fase de campo e finalmente envio para a plataforma dos dados coletados nas ruas de 18 cidades brasileiras, sendo 9 capitais. Agora pedalamos rumo a fase final da pesquisa, com a validação, tabulação dos dados e preparo do relatório final.

No total, 252 pesquisadores realizaram 11.973 entrevistas, totalizando mais de 200 mil respostas! Em breve os dados estarão disponíveis, com previsão de publicação em Janeiro de 2025. Estamos muito curiosos para conhecer os resultados desta quarta rodada da Pesquisa e compartilhá-los com vocês!

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Enquanto isso, conheça a história da Pesquisa e os resultados das edições anteriores, clicando nos links abaixo.

Pesquisa Perfil Ciclista Brasileiro
Resultados 2015
Resultados 2018
Resultados 2021

A importância da bicicleta para o mundo só aumenta

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As bicicletas ainda são as mesmas, com as mesmas qualidades. São leves, silenciosas, fáceis de usar, não engarrafam o trânsito, nem emitem poluentes e ainda são fáceis de estacionar. Também são baratas de comprar e de consertar, muito seguras e promovem a saúde do usuário – quatro virtudes exclusivas das bicicletas convencionais. Mas a relevância de seu uso está crescendo devido ao novo contexto da mobilidade motorizada, com aumento da eletrificação e do uso de motores híbridos (combustão + eletricidade).

A cultura do automóvel segue viva e muito ativa, apesar de todos os indícios inquestionáveis que a mobilidade por carros é um modelo retrógrado e fracassado. O espaço nas ruas está cada vez menor, já que hoje os carros são maiores e cada vez mais numerosos. Para se ter uma ideia, segundo o site do DETRAN-RJ, em 2024 e apenas na cidade do Rio de Janeiro, uma média de 300 novas licenças são emitidas diariamente! A poluição do ar, provocada principalmente por veículso com motor a combustão, é uma das principais causas de mortes evitáveis. Os sinistros de trânsito resultam em feridos, inválidos, mortos, e crescem num ritmo estarrecedor. Os prejuízos financeiros de todos os danos do uso excessivo do carro (engarrafamentos, atrasos, doenças, feridos, mortos) estão na casa dos bilhões de reais por ano.

Ainda assim estão lançando mão de tecnologias supostamente ecológicas para “pintar de verde” a imagem dos carros e motos. Por exemplo, com a hibridização que é mais complexa e cara, tanto para comprar como para manutenção, e que só reduz um pouco o consumo de combustível e a poluição. Mas alguns estados podem estar anulando essa vantagem ao dar incentivos exagerados a esses modelos. Desconto de 50 a 100% no IPVA e liberação do rodízio estão na contramão de medidas de redução do uso do carro nas cidades. A poluição e a perda de tempo deverão aumentar, pois mais carros nas ruas resultam em… mais engarrafamentos.

Já no transporte público a bola da vez é a eletrificação total da frota, as possibilidades e oferta de energia elétrica são enormes, mas seu armazenamento e distribuição tem se mostrado precários para as necessidades cada vez maiores. Além do que, novas tecnologias são caras, favorecem os favorecidos e desfavorecem os demais. Os ônibus elétricos novos são caríssimos e ao entrarem no circuito, não eliminam o alto potencial de emissões dos ônibus antigos a diesel, que acabam indo para cidades menores ou para países em desenvolvimento, onde seguem poluindo da mesma forma, apenas em outro local.

Guerras e mudanças climáticas não nos permitem mais aguardar e buscar soluções que em sua grande maioria tem sido pensadas para manter o estilo de vida que temos hoje. Políticas públicas para o futuro, devem ser voltadas para soluções diversificadas, de baixo custo e alta eficiência, para que a transição energética possa ser justa e de fácil adaptação. Precisamos ir além e pensar soluções que realmente resolvam ou amenizem o futuro difícil que está se desenhando.

Por isso que cada vez mais aquelas vantagens da bicicleta listadas lá no começo estão cada vez mais importantes. Toda vez que você pedala para o trabalho, para a escola ou por qualquer motivo, você não só está reduzindo o engarrafamento, a poluição, o barulho, o estresse e a insegurança das ruas, está ajudando a resistir a uma cultura que só tem beneficiado uma parcela pequena da população, ao passo que prejudica cada vez mais pessoas, inclusive as que realmente precisam muito usar um carro para se deslocar.

Quanto mais bicicletas nas ruas melhor para todos, até para quem não as utiliza.

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