Vamos deixar uma coisa clara. Embora não sejamos ativistas que carregam faixas e apitos, achamos que o ativismo é fantástico. Damos todo nosso apoio, especialmente ao ativismo que busca criar uma cultura da bicicleta, como há em Copenhague e outras cidades do mundo.
Apenas sentimos necessidade de fazer o papel de advogado do diabo em relação ao movimento Massa Crítica (Bicicletada).
É um conceito brilhante. Democracia por princípio. Celebração, sim. Mesmo que haja apenas um par de dezenas de ciclistas. Gostaríamos de pedalar em Budapeste, com dezenas de milhares de outras bicicletas. Seria excitante. Também achamos que movimentos como a Pedalada Pelada (Naked Bike Ride) abordam questões importantes, e com humor.
Não aprovamos a repressão policial exagerada que ocorre em várias cidades, mas também não temos admiração por aqueles ciclistas que são agressivos com os motoristas. A democracia torna-se anarquia. Da mesma forma, não apreciamos a atitude elitista de muitas pessoas do movimento ambientalista. Aquelas que olham com desprezo para os motoristas.
Entendemos que o objetivo da Massa Crítica é chamar a atenção para a necessidade de uma cultura da bicicleta e todas as vantagens ambientais inerentes a isso. O que é muito bom. Portanto, um dos principais objetivos é fazer com que mais pessoas usem suas bicicletas. Por qualquer motivo: sustentabilidade, redução da dependência do petróleo, melhor saúde para seus concidadãos.
Se for assim, a Massa Crítica funciona? Não temos certeza. Passados 15 anos, existe alguma cidade que alcançou melhorias suficientes para aproximá-la da cultura da bicicleta que se vê em muitas cidades européias?
Uma Alternativa Simples
Nós sabemos que vemos uma simples alternativa. Um caminho mais fácil. E se todos aqueles ciclistas da Massa apenas pedalassem suas bicicletas todos os dias? Com roupas normais, como pessoas normais? Tal como os milhões de cidadãos dos países ao norte da Europa.
O que poderia acontecer?
Conheça nosso personagem – o Sr. Motorista. Ele dirige de casa para o trabalho e vice-versa, como sempre faz. Ouvindo a mesma estação de rádio. Mesma rota, com pequenas variações. É o que ele faz.
É um cidadão mediano numa sociedade do automóvel. Como a grande maioria, ele não é um ativista ambiental e nunca, jamais será.
Sr. Motorista olha para fora das janelas de seu carro enquanto vagarosamente se move no trânsito. O que ele pensa quando vê um ciclista radical, vestindo lycra, numa bicicleta especial, indo acelerado em seu caminho no bordo da pista?
Sr. Motorista, no tráfego da manhã, poderia pensar, “Hmm. Eu poderia ir pedalando para o trabalho, também …”
Contudo, ele não vai se ver refletido na imagem. Ele estará vendo um membro de uma sub-cultura, muitas vezes militante. Ele verá alguém que normalmente chama de “ambientalista” – um rótulo que não é positivo em muitas culturas. Ele vai ver uma pessoa vestindo um uniforme quase oficial – o Sr. Motorista não tem nada em seu armário que se assemelha aos apetrechos do ciclista – e ele verá uma bicicleta muito distante daquelas que já teve algum dia.
Ele vai perceber que, para andar de bicicleta, teria de se infiltrar em uma sub-cultura povoada por indivíduos muito diferentes dele mesmo. Teria que investir em equipamentos e roupas. Pior de tudo, ao pedalar, o Sr. Motorista veria a si mesmo levantando uma bandeira.
Sr. Motorista, como a maioria das pessoas, não quer levantar bandeiras. Ele só quer viver sua vida, não quer subir em palanques ou entrar para um grupo de ativistas ruidosos. Ele sabe que o meio-ambiente é uma questão importante. Ele conhece os fatos. Mas ele é apenas um cidadão comum e sempre será. Ele só pensa que pedalar de bicicleta para o trabalho seria agradável, saudável e mais rápido do que dirigir seu carro. Mas a idéia é rapidamente descartada.
Quando o Sr. Motorista fica preso no trânsito a caminho de casa por causa de um protesto/demonstração/celebração de bicicleta, isto não o convencerá mais facilmente a optar pela bicicleta. Ele, mais do que sempre foi, vai querer distância desta idéia. O cidadão comum não tem muito respeito por este tipo de ativismo. Gostaríamos que tivesse, mas não tem. Ele só vai ficar extremamente irritado.
Boa metáfora
Agora vamos imaginar o Sr. Motorista sentado no trânsito e olhando de relance para fora da janela. Ele Vê um sujeito passando. Uma pasta presa com elásticos no bagageiro traseiro. Vestindo um terno. Sem estar voando como se fosse quebrar recordes, apenas pedalando firme. O único equipamento é uma tira prendendo as pernas das calças e, se quiser, um capacete. Numa boa, sem desafiar o tráfego motorizado, apenas indo no fluxo. A bicicleta do homem parece aquela que está na garagem do Sr. Motorista.
Então o Sr. Motorista vê uma mulher passar por ele. Numa bicicleta confortável e charmosa. Sua pasta na cestinha, decorada com flores de plástico. A cesta, e não a pasta. Ela está usando uma saia e sapatos estilosos. Ouvindo seu iPod. Num ritmo sereno e constante.
Então, ousamos supor, o Sr. Motorista pensaria: “eu não me importaria de andar de bicicleta para o trabalho. São apenas 15 km. Esse cara se parece comigo. Mesma roupa. Mesma bicicleta. E essa mulher faz isso parecer tão fácil…”
Sr. Motorista veria a si mesmo no reflexo desses ciclistas. Ele iria perceber que, para pedalar ao trabalho, teria apenas que tirar sua bicicleta para fora da garagem, comprar uns clipes de perna e, se ele gostar, um capacete. Em muito menos tempo do que gasta para dirigir ao trabalho, ele estaria pronto para pedalar.
Ele não teria que levantar bandeiras. Ele seria apenas outro ciclista indo para o trabalho. Em harmonia. Ele sentiria como se estivesse fazendo algo de bom para si e para o planeta. Sem ter que gritar palavras de ordem para fazer isto.
Xis da questão
Aqui está o busílis. Todos aqueles que são muito entusiasmados em ajudar a aumentar o uso da bicicleta em áreas urbanas, compreendem como o cidadão comum pensa. Ajude o cidadão comum a fazer parte do grupo. Não o coloque contra a parede, destacando as diferenças entre você e ele. Estamos todos juntos nessa.
Ativistas são os primeiros da fila e todo louvor a eles, mas é o cidadão comum e seus companheiros que vão salvar o planeta no final das contas, se lhes for dada a oportunidade.
E, quando aumenta o uso da bicicleta, diminuem os acidentes com bicicleta e as cidades não terão escolha a não ser investir em infra-estrutura para bicicletas. Se você construir, elas virão.
Faça com que pedalar pareça fácil e o caminho rumo a uma cultura da bicicleta também o será.
Essa é a nossa opinião a respeito. Sinta-se livre para mandar seu comentário.
Esse texto é uma tradução de Critical Miss or Critical Mass?
Relacionados:
– Ciclistas Apocalípticos e Integrados
– Pelo fim do cicloativismo
– Caminhos da Massa Crítica
100% de acordo. Não se trata de provocar reações negativas, mas apenas de pedalar, todos os dias, em todas as condições. E o máximo que posso aceitar é que panfletemos na sinaleira, quando todos, inclusive os motoristas, estamos parados esperando. Mas acima de tudo, não irritar os “popós”, porque “popó” irritado não “compra” a idéia de pedalar para o trabalho. Pedalando direito, damos o exemplo necessário para que estas “crianças” do ambientalismo cresçam, se tornem pessoas melhores e mais responsáveis. É um trabalho de sedução não de obrigar ninguém a nada. È preciso se insinuar na mente e no desejo das pessoas, pondo de lado, gentilmente, toda e qualquer oposição. É preciso deixar fluir, como o antes, o tráfego fluia. E vamos pedalando!
Incrivel não sei se eu adoto ideias dos outros, os outros me adotam ou estamos todos em sincronia(que o que eu acho que realmente está acontecendo).
Mas eu estou este pensamento a umas 3 semanas. todos os dias ia pedalando o mais rápido possivel… Sobia morros “voando” no intuito de: “olha motorista eu não preciso de motor pra subir mais rápido que você”.
Porém fiquei de saco cheio de todo dia chegar aqui no trabalho e sempre trocar de roupa perdendo tempo (media de 15 min) para realmente começar a trabalhar. Foi então que eu pensei: “AAaaaa quer saber vou vir devagar mesmo sem esforço só aproveitando as descidas”. E realmente é melhor pra mim e para quem vê pois antes era: “Nossa se chega super suado né?!” agora é: “Nossa se NEM chega suado né?!”
iluminando melhor a cabeça das pessoas acredito que assim elas tenham uma visão muito melhor do “ciclista”, pensando exatamente que poderiam ser elas ali pedalando.
Bravo. Excelente. Concordo com tudo. Muito bom ver esse texto!
Os ativistas são excelentes para apontar o problema. Mas a solução deve vir de todos.
O ativismo (como o tudo na vida que envolve esforço, educação) pode ter resultado oposto ao objetivo. A enfrentação traz mais segregação, rejeição, e aí a ideia que o ativista tentou passar vai pro brejo, e por culpa do próprio ativista.
Esse texto deve ser divulgado! A cidade melhor é para todos, e não para “todos que concordarem comigo”.
P.S.: Putz, busílis. Além de o artigo ser bom, de quebra aprendi uma palavra nova.
Eu me vi perfeitamente na “boa metáfora”… muitas vezes saio de casa com chinelo mesmo para ir de bicicleta ao supermercado lá perto! Essa história de se “fantasiar” de ciclista dá muito trabalho!
Bela análise. Eu penso exatamente o mesmo da Bicicletada. Às vezes até participo, mas colaboro muito pouco exatamente por não ter convicção de que é essa a melhor maneira de convencer as pessoas a pedalar. Há cerca de um ano vendi minha mountain bike de quase R$ 2.000,00 e comprei uma dobrável e uma aro 26 confortável de alumínio com o dinheiro. Foi a melhor coisa que fiz e percebo que dessa forma acabo estando mais integrado ao cotidiano da cidade. Sem fantasia de atleta, coisa que não sou e nem pretendo ser. Não uso capacete nem sapatilha. A dobrável uso quando em minha rota usarei também ônibus, táxi ou metrô. Para qualquer outra situação, vou na de passeio. E o cesto na frente é realmente um adianto.
Otimo post, e pelo que podemos ver já existe um pequeno grupo que esta praticando esse novo ativismo. Pegar uma bike e simplismente ir para onde tem que ir, tranquilamente, dá muito resultado.
Onde trabalho as pessoas de tanto me ver chagando de bike, começaram a mostrar interesse, fazem várias perguntas sobre como é o transito e outras coisas.
Parabéns pelo post
A Bicicletada serve em primeiro lugar para que os ciclistas, uma vez por mês, nao se sintam sozinhos, se sintam parte de algo maior e reafirmem suas convicções. É complicado pedalar no transito todo dia. É comum a gente se sentir desanimado, sozinho e maluco. A Bicicletada recarrega as baterias da nossa convicção. Quanto ao que vestir no dia a dia, cada um veste o que quiser. Eu ando de roupa “normal”. Mas acho legal o ciclista paramentado e acho que não é o caso de censurá-lo. Da mesma maneira como voce nao quer carregar bandeiras, nao coloque bandeiras na mão dos outros. Ele nao está querendo dizer nada com a bermuda de ciclista, ele provavelmente acha mais confortavel pedalar assim. Pode ser conforto, nao politica. Certo?
Boa ponderação. Basicamente o que eu disse no meu comentário lá em baixo. Querer que todo ciclista abandone seus hábitos como uniformes e bikes também não é certo.
A bicicleta não salva, Jesus Cristo não salva, só “Ctrl s” salva.
Discussão importante essa.
Muita coisa foi colocada aí.
A real é que muitas pessoas que frequentam a Massa Crítica estão de saco cheio da galera que cola lá pra tumultuar – xingar e agredir os motorizados -, ao contrário de celebrar o convívio e a cultura da bicicleta. Mas como a Massa não tem dono…
Eu ainda acho a Massa importante sim, e não creio que a cidade deveria perdê-la, muitas pessoas sentem-se incentivadas a andar no cotidiano depois de participar dela, muitas conversas que se tem lá repercutem pro resto das semanas, além do mais, a maioria das pessoas que vejo andando no cotidiano são aqueles tiozinhos que fazem da bicicleta seu principal meio de transporte e isso ainda não foi suficiente para termos uma cultura da bicicleta em São Paulo.
Cycle chic nos classe média é uma ótima opção.
Tranformar motorizados em algozes é bobeira, ponto.
Nossa cidade é refém dos automóveis por conta das políticas públicas e não por causa dos motoristas, penso eu.
Avante!
1. Acho legal deixar claro que o texto é uma tradução no começo, e não apenas no final. Eu comecei a ler e achei tudo muito estranho, achando que era a opinião da T.A. e que o contexto era “Brasil”.
2. Sobre o “novo ativismo”, pedalar todo dia, vale lembrar um dos lemas da bicicletada/massa crítica:
– ride daily celebrate monthly ou pedale diariamente, celebre mensalmente.
não tem nada de “novo ativismo” nisso.
o encontro é celebração, (re)união e reflexão.
3. Sobre o texto, ele erra feio ao afirmar que a bicicletada é democracia. não tem nada de democracia. e erra mais ainda quando usa o termo anarquia. a bicicletada/massa crítica tem origem anárquica. não tem nada de democracia.
europocentrista. reacionário. além de estereotipar o cidadão comum segundo esses dois primeiros adjetivos. quando o cidadão comum usar terno faria sentido esse texto. chega de traduções meu bem e por favor, saia do juvevê, veja o mundo. quando o cidadão comum puder ser definido por um esquema estético e estático do tipo “não é e jamais será” você não precisará mais escrever. pedale como quiser parcero.
Muito bom o texto, e vejo essa crítica como um sinal de que a Massa Crítica está evoluindo, está sendo crítica até consigo mesma!
Fantástico esse texto. Concordo com tudo. Sonho em ver minha cidade como as européias, com a mesma cultura da bicicleta. Utilizar a bicicleta como um meio de transporte limpo, saudável e sem necessidade da ‘fantasia de ciclista’.
Utilizo a bicicleta basicamente como meio de transporte, creio q economizo por volta de 120 reais por mês de condução, pra mim isso já é um bom incentivo para continuar pedalando. Nos fins de semana gosto de fazer percursos maiores, só por lazer, nesse caso não vejo mal nenhum em me “fantasiar” de ciclista, creio que o uso do capacete é um importante elemento de segurança.
Não posso falar nada da massa crítica, pois moro no interior e aqui não tem.
Ótima análise. Dentro de grupos ativistas como a bicicletada há todo o tipo de motivação presente: Tem os que estão ali para fazer a diferença e melhorar a cidade, como você. E tem os que estão ali para aproveitar a bagunça, se esconder na multidão e simplesmente soltar suas frustrações pessoais no anonimato, amparados e racionalizados por uma ideologia. Assim é e assim será em qualquer movimento social. Isso não os desqualifica, como você bem colocou. São necessários, assim como esse tipo de reflexão que você fez é necessária dentro dos movimentos sociais, dos seguidores de “ismos”. Parabéns!
Gola,
Esse texto só está aqui por concordarmos em grande parte com ele. Mas tens razão em relação a anarquia vs. democracia. Bom pretexto para voltar ao tema futuramente.
Quanto ao anônimo, apesar de flamer, vale o questionamento, será que falando de “europocentrismo” não estás levantando a bola do “norteamericanismo”?
Interessante notar que a reflexão encontrou mais apoiadores do que detratores, apesar de polêmica. Sinal de que a bicicletada como “movimento” tem rumos que talvez não apontem em uma direção consensual.
A beleza pra mim é que ela só faz sentido e é bonita quando quem se importa e pensa o “Movimento” está dentro dele.
“E tem os que estão ali para aproveitar a bagunça, se esconder na multidão e simplesmente soltar suas frustrações pessoais no anonimato, amparados e racionalizados por uma ideologia.”
Como o camarada troll anônimo mais acima? hehehe
Estou tentando comprar uma bike nova para meus deslocamentos diários e acho que ilustra bem o caso. Tinha uma Caloi 100, q é muito confortável mas achava meio pesada e pouco prática para colocar bagageiro, paralamas e descanso. Então pesquisei em alguns sites e descobri que as melhores bikes para uso urbano são as hibridas. Elas tem caracteristicas de MTB misturadas com Speed. Mas a minha surpresa é a dificuldade em encontrar uma bike dessa. Conversando com um dono de bicicletaria descobri que no Brasil 70% das bikes vendidas são MTB, em comparação, por exemplo, com o Canadá as hibridas é que são 70%. Acho que ainda falta muito pra uma cultura de bicicletas no Brasil, e boa parte disso tem que ser feita pelos ciclistas.
Eu, que sou a cidada comum, Sra. Motorista, por medo de pedalar minha enferrujada bicicleta em meio a motoristas desrespeitosos fico aqui torcendo para que cada vez mais aja espaco para as bicicletas. Quem sabe aos 70 eu me anime a novamente bicicletar?
Para mim a Massa Crítica da última sexta foi um sucesso.
É impossível que se chegue a um consenso entre mais de uma pessoa e penso que todas questões tem mais de uma resposta igualmente certa. Concordo que é bom deixar uma faixa livre e concordo que é importante fechar ruas de até duas faixas. Justamente por não ser possível o consenso é melhor parar as ruas de até duas faixas pois caso contrário irão passar diversos motoristas furiosos zunindo pela lateral onde um ciclista da massa pode invadir do nada.
Fechando a rua a gente não da chance de um motorista deixar sua fúria tomar conta e acelerar sua arma. É bom o banho de água fria no motora, faz ele pensar, caso contrário ele nem sequer irá notar quando passar um ciclista de terno nem mesmo uma moça morenaça pedalando de saia curta.
Caso tenha uma emergência medica dentro de um automóvel é muito fácil perceber pela maneira que o motorista irá fazer soar sua buzina. Nossa comunicação é 90% dinâmica, entoação e timbre de voz então uma buzina soando em desespero é totalmente diferente de uma de apoio e outra de protesto.
Eu acredito muito fortemente que não usar capacete, lanterna traseira e lanterna dianteira e espelho funcional é um tremendo desrespeito com os motoristas por isso antes de a gente reclamar do desrespeito do motorista temos que respeitar ele. Ué, por que a falta capacete é um desrespeito ao motorista? Pois ninguém quer tirar a vida de outra pessoa e um acidente simples entre um motorista e um ciclista pode facilmente se tornar uma tragédia caso o ciclista não esteja de capacete. Todos perdem. O motorista irá sofrer psicologicamente e caso o ciclista não estivesse na contra-mão o motorista irá ser processado e talvez preso e o ciclista, bom, vira mais um mártir, não precisamos disso.
Excelente texto, na época não vi. Meu ativismo é esse: pedalar em trajes civis quando não estou treinando ou fazendo trilha. E uso preferencialmente na cidade minha dobrável, pras pessoas verem que dá para carregar uma bicicleta assim no elevador, no ônibus e no porta-malas do carro, otimizando e articulando deslocamentos. Confesso que tem perdido um pouco a paciência com paradas e manifestações ciclísticas, mesmo já tendo ajudado a organizar vários. Tenho questionado a real utilidade disso. Acho que o trabalho de formiguinha de ajudar individualmente quem manifesta interesse em começar (e não tem a menor ideia de como) é muito mais efetivo e gratificante.
Concordo com o anônimo. Que subestimação das pessoas. Como se todo mundo tivesse orgulho de ser medíocre. Nem sempre as pessoas agem como todo mundo porque morrem de medo de ser diferentes! Às vezes é só uma questão de oportunidade pra ousar. Melhor é pensar que cada uma das perspectivas, tanto a de quem o texto caricaturiza como “ativista”, quanto a de quem o texto caricaturiza como “sr. normal”, são relativas. Então que um e outro ousem extrapolar seus limites e considerar que a realidade é maior que seu gueto-politizado-sou-melhor ou seu feudo de orgulho-da-ignorância. Isso se as pessoas realmente pudessem ser reduzidas a isso, ainda bem que eu, pelo menos, vivo num mundo mais variado.
Zé querido,
Não sei quando v. escreveu este texto (abril?) mas considero suas colocações muito sábias. Não havia pensado desta forma e vejo como é verdade o que v. diz. Ontem à noite, pela primeira vez, foi à bicicletada da Massa Crítica que sai da Cinelândia e constatei o que v. diz. Há que se repassar este seu" know how" e experiência para grupo, que é bem jovem. Abçs.
Muito bom o texto! De fato não falta com a verdade!!!! um abraço!!
A minha opinião sobre a massa crítica é que não é uma provocação aos motoristas e sim uma maneira de mostrar que devemos compartilhar o trânsito com as bicicletas, nunca bloqueio os veículos, mas cobro o respeito as leis de trânsito tanto para pedestres como ciclistas. O conceito da maioria dos motoristas (eu também sou motorista alguns dias) é que bicicleta atrapalha o trânsito e não querem dar o espaço devido a bicicleta, mas na verdade é um veículo como os outros porém frágil e lento que deve-se tomar cuidado ao se ultrapassar para evitar acidentes. Quanto ao equipamento acho necessário e mais prático pedalar com roupas leves próprias para o ciclismo e principalmente o capacete que vai me proteger no caso de um acidente ou queda, eu pedalo quase todos os dias para o trabalho a 20 km, chego suado obviamente, mas antes dou uma paradinha na academia próxima ao trabalho que faço alguns minutos de natação e tomo um banho para trocar a roupa e ir trabalhar. No início foi complicado ajustar a rotina, mas hoje sinto falta se não pedalo.
Mas generalizemos menos né? Fica meio feio falar assim dos motoristas, e também é errado falar que dentro da massa crítica as pessoas são de uma “tribo”, as pessoas são só pessoas! Essas pessoas tem bicicletas e estão com afinidades suficientes para participar da massa crítica, simples né? Quem já foi sabe, existe de tudo na massa, talvez o que falte é mesmo mais AUTOcrítica.
Pô, eu não sou “ativista”, mas vou pro trampo de bike(quando não chove), sempre que questionam dou inúmeros motivos pelo qual opto por esse transporte, não passo imagem de revoltado e nem reclamo dos motoristas acomodados, só quero mostrar que é possível usar a bike como meio de transporte(apesar de não ter vias seguras).
Temos é que conscientizar as pessoas, qualquer motorista ou pedestre é potencial ciclista, nem que seja de fim de semana(é um começo)!
Mas então… quem vai na massa faz o que quando algum ciclista tira onda de motorista, anda na calçada ou assovia para mulheres? Sabemos que quem faz isso ainda precisa de educação, se NÓS TEMOS pq não passar adiante? Falar na internet é fácil! Pq não colocar em prática na hr certa e com a pessoa certa(que precisa)?
Sejamos exemplares e coerentes!
Tenho muitas dúvidas sobre se esse texto serve a nossa realidade. Primeiro, a bicicletada é apenas uma ação entre muitas possíveis. É muito importante, mas não é a principal. Segundo, participar da massa crítica não compete com as práticas sugeridas no texto. Pedalar no dia a dia não é uma prática alternativa, é complementar (aliás já é a prática cotidiana de grande parte daqueles que vão para a bicicletada). Terceiro, ao menos aqui em Bsb, a bicicletada tem tido um caráter cada vez mais festivo e positivo, sendo cada vez mais bem recebida pela população em geral que vê a massa passar cantando “mais bicicletas” e algumas vezes canta junto ou aplaude. (Sempre vai haver um ou outro motorista ou ciclista agressivo, mas isso sem dúvida não caracteriza o movimento). Por fim, faltou uma compreensão mais profunda sobre os termos democracia e anarquismo, utilizados de forma um pouco superficial, a meu ver. De qualquer forma, concordando ou não, o respeito é fundamental! E em uma coisa há um consenso definitivo: vamos pedalar! =) abs
Muito bem colado Denir, só acho que as cidades Europeias não podem ser nosso ideal, temos uma multiplicidade de cidades que necessitam de estruturas muito diferentes. Acho que a nova mira da Massa poderia ser os ciclistas invisiveis, as pessoas ja estão por ai pedalando, se eles fossem parte dessa massa.
fica a provocação a todos nós.
Abraço
A Bicicletada é celebração, é encontro é festa. Ela incentiva as pessoas que estão participando dela a pedalar através da troca de experiências, da força e do incentivo. Quem ta de fora pode até ver a massa como um passeio ciclístico que não tem caráter nenhum de uso da bicicleta como transporte. A massa é um local que aglutina um monte de gente envolvido com a bicicleta de diversas formas, e dali surgem mil outros envolvimentos, associações e afins. A massa teve e tem um papel importante no amadurecimento do cicloativismo no Brasil e na formação de diversas associações e grupos que promovem a bicicleta. Acho que não deve-se exigir dela que o seu foco seja incentivar que mais pessoas pedalem.
O ciclista da massa geralmente é aquela que usa a bicicleta no dia a dia e pedala de chinelo, de terno, vai pro trabalho, faz compras e tudo mais de bicicleta e que raramente utiliza roupas de ciclista pra pedalar na cidade.
Este texto esta bastante desconexo com o Brasil.
Li o texto e achei algumas partes interessantes, mesmo não sendo a nossa realidade. Aqui no Brasil o grupo que participa do Massa Crítica, conta-se nos dedos os que usam o uniforme de ciclista. E qual problema em usar se a pessoa tem um? Eu mesmo tenho e uso por achar mais confortável ainda mais que faço longa distância e subidas duras, para chegar ao trabalho de bike. Eu também uso parte do meu deslocamento como treino, pois não tenho tempo para treinar antes ou após o trabalho.
Acho que o exemplo que o Sr. Motorista deveria seguir seria ir de bike ao trabalho, não importa a roupa ou apetrechos do Sr Ciclista que foi visto. Na era da informação a um clique de mouse, não custa nada o Sr. Motorista dar uma pesquisada rápida sobre o assunto. Pesquisar não significa, virar um ativista e levantar bandeiras, simplesmente veja possibilidades. Hoje o que não falta são sites e blogs que abordam o mesmo tema.
Concordo e ainda complemento com o que escrevi lá no grupo da Bicicletada no FB: O “Sr. motorista” é retratado de uma maneira muito ingênua, como se fosse o bonzinho, prestes a ajudar. Se ele gosta da ideia e não pedala só pq não vê ninguém pedalando de terno na rua, ele é só uma pessoa sem convicção. Um motivo válido para não se pedalar é a agressividade no trânsito, que com certeza não é causada pelo ciclista “”agressivo””… Imaginem agora o Sr ciclista olhando para o lado e vendo um motorista dirigindo de um jeito sereno e charmoso, exalando perfume de lindas flores, ele provavelmente mudaria seu jeito de pedalar no trânsito…
sinceramente não sou um cidadão comum e não vejo o porque de ser num sistema capitalista em decadência ….”ser ajustado a um sistema doente não e sinal de saude/’ como dizia /krishnamurti na história da humanidade foram sempre as minorias (nem sempre ativistas) que despertaram as massas. Cada um com seu estagio evolutivo para evoluir ao seu ritimo a mudança de dentro para fora começa com o que comemos, escolhemos nas prateleiras, nas pessoas com que escolhemos nos envolver e claro com o meio de trasnporte num mundo onde a maioria nao tem condições de ter carro mas esta condicionada e querer ter um….