Eu não sei andar de bicicleta. Essa mesma frase pode ter feito parte do vocabulário de qualquer pessoa ao redor do planeta, em qualquer tempo, já que pedalar é algo que se aprende em todas as idades. E, uma vez aprendido e sabido, nunca mais se esquece. As magrelas estão por toda a parte, no ocidente ou oriente, e só mudam as cores e o fabricante. A sensação de um ciclista é a mesma, aqui ou lá.
Pude dizer as primeiras seis palavras deste texto (com certa vergonha, é verdade) durante vinte e um anos da minha vida. Hoje, aos vinte e dois, não posso repetir nem por um decreto. E, confesso, sou muito mais feliz por isso. Quando pequeno costumava assistir às pedaladas de meu tresloucado tio e ouvir suas histórias de trilhas e longas viagens sob duas rodas. Além disso, a prática soava como uma dúvida existencial quando ouvia meu irmão dizer: “Até já, vou dar uma volta de bike”. Apenas ao olhar para trás realizo que eu devia ser um pouco mais triste por não saber como me equilibrar em uma. Eu sequer tentava, dizia que não gostava. Pura mentira. Para os outros e, principalmente, para mim.
Hoje, depois de sete meses de meus primeiros tombos e boa força nos pedais, não faço mais a menor idéia de como era a minha vida antes de dar um passeio de bicicleta. Com ela vou ao trabalho, à praia, à casa da minha namorada, ao futebol de todas as quintas, à loja de sucos no final de semana, e por aí vai… Poderia ficar mais uma página citando exemplos das funções de uma magrela, mas prefiro me ater ao simples fato de que ela é uma excelente companheira.
Mais do que um momento de lazer, um transporte, uma terapia natural, as seguidas pedaladas e as mãos totalmente sujas de graxa por causa de uma corrente fora de ordem e lugar ajudam a encontrar a igualdade entre você e qualquer outra pessoa que passe a seu lado com a sua adorada bike. Agora percebo que nasci para isso e não posso parar. Caso você não saiba do que estou falando, desligue agora o seu computador, pare o que estiver fazendo e pegue a sua bicicleta. Depois de duas voltas no quarteirão, tenho certeza, você vai entender.
Felipe Lobo, autor da reportagem ‘Pegue a Bicicleta’, no site O Eco.
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Grande Felipe! Ótimo relato. Seja bem-vindo ao mundo dos ´equilibristas`, ou como alguns já perceberam, uma família. Espero que continue a pedalar cada vez mais, até chegar às viagens de bicicleta. O termo viagem assumirá um novo significado em sua vida.
Olá, Felipe! Também já sou adulta e tenho muita vontade de aprender a andar de bike. Mas qual o melhor método?!?! Como vc fez?!