Cidades para o aprendizado

 

Um fato triste aconteceu com as crianças nas cidades, foram atropeladas para longe das ruas (literalmente). O maior espaço público disponível para brincadeiras tornou-se terra sem vida, local de trânsito motorizado e nada mais.

Consequências negativas inúmeras. Mas a mais grave delas talvez ainda não esteja claramente entendida. A expulsão das crianças das ruas acabou com o maior espaço de aprendizado que elas tinham por perto. E basta observar os pequenos para saber que é pela brincadeira que a humanidade aprende as habilidades fundamentais para sua própria sobrevivência. Assim como todas as demais espécies de mamíferos (primatas ou não).

Ainda assim, entregamos as crianças em espaços de aprendizado formal todos os dias durante a maior parte do dia. Lá elas aprendem como devem fazer para tirarem boas notas e os resultados podem ser bons números no papel e resultados aquém do ideal na vida.

É através da brincadeira que as crianças são capazes de, sozinhas, aprenderem as habilidades fundamentais para sua vida.Quem brinca pratica a criatividade, algo tão necessário no mundo hoje.

Para as soluções do futuro é preciso fazer novas perguntas em busca de respostas para os novos problemas. Há frente estarão sempre presentes os obstáculos e por meio do brincar podemos ter a certeza que as crianças saberão enfrentar o que aparecer antes que formem barreiras.

 

O futuro será pedalado. É com a bicicleta que aprendemos a conquistar nossos medos em busca do equilíbrio, aprendemos a desafiar o que está por vir e descobrimos o mundo de maneira divertida. Uma habilidade que aprendemos brincando e que ao praticar cotidianamente seremos capaz de modificar para sempre nossas cidades.

Neve e capacetes

Todos os anos, cerca de 50 milhões de pessoas aproveitam o frio nas montanhas dos Estados Unidos para deslizar ladeira abaixo na neve. Dentre esses milhões que montam em esquis e pranchas de snowboard, algumas dezenas perdem a vida na prática do esporte. E vidas humanas são valiosas e precisam ser preservadas.

Com a melhor das intenções, a Associação Americana de Áreas de Esqui (NSAA na sigla em inglês), promove há mais de 11 anos a utilização de capacete entre os esquiadores, com ênfase especial nas crianças. Os números são reconfortantes, o percentual de utilização do capacete subiu de 25% dos praticantes na temporada 2002/03 para 70% em 2012/13. Números tão consistentes que o presidente da NSAA comemora o esforço colaborativo dos pólos de ski, organizações médicas e até pais e responsáveis na promoção ao uso do capacete.

Muitas vidas devem ter sido salvas como consequência, certo? ERRADO.

(…) pesquisas demostram que o uso de capacete reduz a ocorrência de danos na cabeça entre 30% e 50%, mas essa redução em ferimentos na cabeça em geral limita-se aos ferimentos menos graves. Não houve redução significativa em ocorrências fatais nas últimas 9 temporadas, mesmo que o uso de capacete tenha crescido.

É o que aponta um documento da própria NSAA. Certamente muitas pessoas estão felizes em não terem de lidar com lacerações e outros ferimentos na cabeça, mas mais felizes ainda estão os fabricantes de poliestireno expandido (EPS) e outros plásticos, que fabricam as boinas de isopor com isolante térmico que se tornaram tão populares nas montanhas nevadas dos Estados Unidos.

Promoção ao uso da bicicleta

Já sobre as notícias que ninguém se deu ao trabalho de publicar, em Portland, a capital norte-americana da bicicleta não teve qualquer ocorrência fatal envolvendo ciclistas na cidade.

Certamente um número relevante na cidade com mais cidadãos que optam pela bicicleta nos EUA. Uma vitória da promoção ao uso da bicicleta na busca por encorajar mais pessoas em mais bicicletas mais vezes. Estejam elas de boné de isopor, chapéu, fraque, chinelo ou bermuda. Porque afinal a segurança nas ruas passa pelo aumento massivo no uso da bicicleta.

Aos que quiserem utilizar os bonés de isopor e outros derivados de petróleo, fiquem à vontade para fazê-lo em qualquer situação. Mas vale o pedido para que o façam pelos motivos certos, para evitar arranhões e danos no couro cabeludo e não como bóia salva-vidas das ruas.

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Quem quiser saber mais detalhes sobre esqui e segurança, vale ler o o documento Facts About Skiing/Snowboarding Safety (em PDF). Já os números em relação ao uso de capacete no esporte estão no documento “Ski & Snowboard Helmet Use Sets Record”.

Sobre as 4 maiores notícias jamais escritas em 2013, visite o BikePortland.

Esse post foi inspirado na seguinte notícia: Capacete não tem reduzido lesões em esqui – publicada no jornal à Folha de S. Paulo em 04 de janeiro de 2014.

Que o Natal venha em bicicleta

carreto-natalino-em-bicicleta

O Natal persiste pelo encontro das famílias e dos afetos. Para além de presentes, são necessárias as lembranças e o carinho.

Que nessa e em todas as outras datas, a simplicidade da bicicleta esteja presente. Com muito vento no rosto e soluções simples para problemas complexos e que coloquem as pessoas sempre acima de objetos e máquinas.

Feliz Natal da equipe da Transporte Ativo!

Retrospectiva: 3º Campeonato Sulamericano de Bike Polo

E esse bike polo é de comer, de vestir ou de pedalar? – É um esporte que já existe desde que o vovô do nosso vovô era garoto (pasme: foi até esporte olímpico), mas caiu no ostracismo. Nos anos 80 os entregadores em bicicleta, por falta do que fazer entre uma entrega e outra, trouxeram um novo fôlego ao esporte e assim houve sua revitalização. O gramado foi trocado pela quadra de solo rígido, algumas regras foram modificadas e hoje jogamos o que se chama de hardcourt bike polo. Cada partida tem 2 times em quadra. Os times possuem 3 jogadores munidos de taco e bicicleta no qual cada um desempenha o papel que preferir, não existe um goleiro designado (ainda que existam jogadores que preferem ficar no gol o jogo todo). Uma partida se encerra ao final de 5 minutos ou até que um dos times faça 5 gols.

Já ouvi alguém definir bike polo como a simples soma de bicicleta, mallet (ou taco, para quem não conhece) e cerveja. E pensando bem não haveria explicação melhor. O campeonato realizado em São Paulo em setembro de 2013 celebrou esse espírito de amizade e festa que é inerente ao esporte. Talvez seja porque é um esporte misto, ou porque é um esporte novo ou porque é praticado por uma horda de hipsters, mas seja qual for o motivo, todo campeonato tem essa atmosfera de farra. Mas não é por isso que a competição não é acirrada: os jogos foram disputadíssimos e quem subiu no pódio foram:

1º – Mala Pata – (Chile)
2º – Untitled – (Argentina)
3º – Hagame Famoso – (Colombia)

Os campeões da edição posterior do campeonato foram os paulistas Underdogs, que dessa vez só chegaram até o quarto lugar, representando o Brasil muitíssimo bem.

Uma novidade dessa edição foi o Interpolas, o primeiro torneio feminino latino americano de bike polo. Sim, é um esporte misto, entretanto ainda existe um número muito superior de homens no esporte. O Interpolas é uma tentativa de trazer mais mulheres para a quadra, assim como o Lady’s Army é na gringa. O nível dos jogos foi altíssimo e a premiação farta. E nesse torneio as brasileiras conseguiram destaque. A classificação foi:

1º – Tandera (Brasil)
2º – Pololas (Chile)
3º – Hit Girl (Argentina)

Terminados os jogos, conforme manda a tradição, foi realizada uma festa no espaço de co-working/oficina/bicicafé Las Magrelas. Terminada a festa, boa parte dos hermanos quis continuar a viagem e foram para o Rio de Janeiro e perpetuar o clima. Foram cerca de duas semanas seguidas de jogos e festas quase todos os dias.

Para quem quiser fazer parte desse clima boêmio/esportivo e arriscar umas tacadas na quadra, os jogos no Rio acontecem na quadra de tênis na Lagoa Rodrigo de Freitas localizada em frente ao Clube Monte Líbano toda terça e quinta às 21h30 e todo domingo às 18h. Em São Paulo os jogos acontecem próximos à quadra de basquete do Parque Ibirapuera às terças e quintas as 21h e domingo às 11h. Lembrando que poleiros são de açúcar, então se chover, os jogos são transferidos para outras quadras que sejam cobertas. Saiba mais nos grupos do facebook de bike polo do Rio de Janeiro e de Sampa.

E vale se preparar para 2014 na Colômbia.

 

Texto por Beatriz Folly, que é carioca, fundadora da marca de acessórios de urban commuting Psicodrome, jogadora de bike polo e fã de filmes de zumbi

 

Mais motivos para pedalar

Bike é legal - Arte de Reynaldo Berto

Bike é legal – Arte de Reynaldo Berto

Está no aro Bike é legal, um site que certamente irá contribuir com qualidade e densidade sobre a bicicleta no Brasil e no mundo. Para além do transporte, tem lazer, esporte, sustentabilidade, dicas de manutenção, grupos de pedaladas, cicloturismo e um baú histórico sobre esse tal de cicloativismo no Brasil.

Com Renata Falzoni à frente e um time de blogueiros responsa, é um excelente presente aos amantes e promotores do uso da bicicleta. A Transporte Ativo estará lá representada por esse que vos escreve.

Nos lemos lá, aqui e pedalando pelas ruas, porque bicicleta é legal demais!