Uma campanha no site “Panela de Pressão” quer pressionar para que a pauta das bicicletas e intervenções cicloviárias no Rio de Janeiro seja levada da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMAC) para a Secretaria de Transportes (SMTR).
Há um grande poder político e simbólico em ter a bicicleta tratada diretamente pela pasta de transportes, mas isso pode levar a bicicleta para um terceiro plano, melhor ficar sem simbolismos e ter soluções indo para as ruas.
Por isso somos contra levar a bicicleta para a pasta de transportes (por enquanto) e para entender o porque, é preciso analisar um pouco da história do planejamento cicloviário carioca para se conseguir avanços.
O bom planejamento precisa de dados confiáveis para poder ser exercido e um ativismo focado apenas no simbolismo pode ser um retrocesso, justamente por não levar em conta a perspectiva histórica.
No inicio dos anos 1990, o então secretário de meio ambiente Alfredo Sirkis, resolveu iniciar algo para as bicicletas por aqui. Nascia assim a gestão cicloviária dentro da Secretaria de Meio Ambiente.
Ao longo da década de 1990, a SMAC iniciou a implementação da infraestrutura cicloviária também na Zona Oeste e durante uns dez anos a coisa andou devagarinho, mas andou.
Em 2003 o mesmo Sirkis volta à prefeitura como secretário de Urbanismo e leva para a SMU a pauta das bicicletas. Assim começou a segunda geração de ciclovias com projetos bem diferentes das primeiras, até 2008, foi um periodo de poucas obras, mas muito treinamento, pela primeira vez, técnicos brasileiros iam para o exterior estudar bicicletas e infraestruturas cicloviárias, ao mesmo tempo que organizações estrangeiras como a Holandesa ICE (atual Dutch Cycling Embassy), a rede Urbal nº8 (atual Movilization) e o ITDP começam a aportar por aqui trazendo seu expertise.
Ao final da gestão Cesar Maia, com o novo prefeito já eleito e prestes assumir, ficou definido que as ciclovias passariam para transportes na próxima gestão, articulações foram feitas, reuniões e trocas de projetos e objetivos foram trocados entre secretarias e futuros secretários. A Transporte Ativo participou de algumas destas reuniões, por vezes comandadas pela Secretaria de Estado de Transportes (SETRANS).
Já 2009 o então sub prefeito e secretário de Meio Ambiente, Carlos Alberto Muniz, se interessou pelas bicicletas por acreditar que promove-las iria ajudar a cumprir as ousadas metas de redução de emissões de poluentes e gases estufa. Por conta disso a bicicleta foi incluída entre os 40 principais projetos da cidade até 2016.
Enquanto isso a SMTR continuou focada em BRTs, VLTs, pontes estaiadas e na expansão do viário. Com isso a bicicleta deixaria de ser prioridade na administração municipal e passaria a ser apenas um modal que impacta negativamente no fluxo motorizado.
Da decisão política de manter a bicicleta vinculada à SMAC, que corre com apoio técnico da SMTR, tivemos no Rio de Janeiro em 5 anos um avanço maior que nos 15 anos anteriores.
Naturalmente que a bicicleta precisa mais cedo ou mais tarde ir para a pasta de transportes, mas esse ainda não parece ser o momento. Por hora o corpo técnico do Meio Ambiente está mais capacitado e até mesmo interessado no planejamento cicloviário do que o transporte.
Os técnicos da SMAC tem sido presença constante nos Velo City desde 2010, e em 2013 estiveram lá apresentando o paper: Rio‘s Cycling Culture: Strategies, Challenges, and Solutions for Integrating the Public and Private Sectors with Social Organisations.
O ideal para o planejamento cicloviário no Rio de Janeiro é que a bicicleta esteja dentro da pasta de transportes, mas isso irá acontecer no momento certo. Por hora estamos felizes com a maneira que a bicicleta é tratada dentro da secretaria de Meio Ambiente.
Bom dia a todos.
É tanta história contada, que somadas devem quase chegar a quantidade de bicicletas que circulam no Rio de Janeiro. Entanto isso, a maioria dos cariocas não não dispõem de estrutura para circular com as suas bicicletas. Hoje o que temos é uma concentração gigantesca de infraestrutura na área nobre da cidade do rio de janeiro que atende uma pequena população. Agora EFETIVAMENTE e CONCRETAMENTE o que fazer ? Creio que o momento é super importante, quando a população vai para as ruas exigir os seus direitos, exigir melhor circulação da população através dos transportes públicos. Hoje precisos urgentes, todos os ciclistas, sairmos do mundo virtual para o mundo real e enfrentarmos juntos essa parada.
Um abraço.
Ribamar.
As ciclovias do Rio não se restringem a Zona Sul, pelo contrário confira:
http://www.ta.org.br/temp/2013/Ciclo_ZonaSNO.jpg
O único problema desse gráfico é que essas Zonas não significam muito pois uma é muito maior que as outras, não dá pra ter uma leitura muito correta das ciclovias. Seria melhor se fosse por Bairro, ficaria menos inverídico. Comparar ZO igualmente a ZS é tão absurdo quando comparar Brasil com Taiti sem colocar a conta por proporção.
EU era a favor de levar pra pasta de transporte mas como se tem mais resultado com ela no Meio ambiente, isso é o que importa, pelo menos por enquanto!
Boa dia.
Zé Lobo, no meu texto eu nenhum momento apontei a zona sul ou qualquer outra região privilegiada, vc é que a mencionou. Contudo se vc menciona a zona sul do rio é porque vc assim percebe o privilégio, no que o seu comentário corrobora e reafirma o meu texto.
Um abraço.
Ribamar
http://www.facebook.com/cicloferroviarj
Bom dia.
Srs., a discussão que pretendo fazer aqui, não é no sentido de apontar A ou B, dos bairros que tem ou não tem ciclovias, não, não é mesmo este o meu objetivo. O cerne da minha proposta é no sentido de sairmos da mesmice, do teclado, das mídias sociais e fazermos o que nos ciclistas fazemos, que no meu caso em especial faço todos os dias, faça chuva faça sol, vamos pra rua com nossas bicicletas e EXIGIR ciclovias para TODOS. E neste sentido, as organizações como aqui o Transporte Ativo tem um papel fundamental nesta tarefa. Mas agora é preciso que façamos o movimento organizado para as ruas.
É isso.
Ribamar.
http://www.facebook.com/cicloferroviarj
Oi Ribamar, coloquei o grafico por causa desta frase:
“Hoje o que temos é uma concentração gigantesca de infraestrutura na área nobre da cidade do rio de janeiro que atende uma pequena população.” INterpetei como Zona Sul.
Abs
zé
Zé Lobo ok, mas a ponderação que o Fernando Barra fez está corretíssima, ou seja, se formos fazer uma análise coerente, precisamos fazê-lo por bairro e não por zona. Contudo, volto a afirmar este não é o foco da discussão que gostaria de intensificar , bem como ler o que pensa os demais colegas ciclistas.
Um abraço.
Ribamar.
http://www.facebook.com/cicloferroviarj