Quem participou da edição paulistana do Bicicultura 2016 pode nem se lembrar do caminho pedalado até aqui. Dentre os números, um favorito, mais de 800 bicicletas “manobradas” pelo serviço de estacionamento.
Dentre as iniciativas que promoveram a cultura da bicicleta, vale buscar na memória qual momento mais épico.
A primeira emoção foi ver os relógios públicos da cidade convocando para o Bicicultura, um passo rumo ao “ativismo main stream”. Depois faixas espalhadas pelas ruas do centro de São Paulo indicando interdições no viário, as famosas abertura de ruas para a convivência de pessoas.
O viaduto do Chá teve arrancadas, bike polo, mas foi também espaço aberto para o caminhar errático. Perto dali, no caminho até o a estação de metrô do Anhangabaú, foi possível ter a rua Xavier de Toledo inteira para brincar, domingo foi dia de empinar bicicletas.
Memorável mesmo foi a Feira da Bici que pareceu pequena até. Estava plantada na rua que se deu o nome de praça Ramos de Azevedo. Durante os 4 dias de evento, aquele espaço voltou a honrar seu nome.
Por ali o trânsito era leve. Pelas faixas vermelhas pintadas no chão cruzavam as bicicletas, no asfalto entre as barracas e a ciclofaixa caminhavam participantes do Bicicultura e a população flutuante do centro. Foi possível flanar na rua que se chama praça. Tomar café, fazer compras, comer um hambúrguer ou saborear um churros.
Nas calçadas da mesma praça Ramos teve campeonatos e manobras, mas teve também a lentidão do Slow Ride e simples caminhadas.
Além de todas as atividades no espaço das ruas, teve ainda a praça das Artes. Daqueles locais novos, ainda sem alma própria, mas com traço arquitetônico moderno e uso público com hora para fechar.
Por lá teve Mão na Roda, estacionamento para bicicletas, espaço bicicletinha palquinho e inúmeras atividades ao ar livre. Que além dos papos e encontros, somou-se às palestras e painéis que aconteceram simultaneamente nos espaços fechados.
Mas o destaque maior dos espaços fechados foi certamente a sala Olido, antigo cinema que viu no palco a união do mais engajado ativismo unido ao poder público e a iniciativa privada.
A abertura do Bicicultura 2016 foi um pouco de música para quem acompanha há mais de 10 anos esse tal de cicloativismo.
A história do Bicicultura
Foi exatamente em 2006 que São Paulo sediou o II Fórum brasileiro de mobilidade por bicicletas também conhecido como 2º Encontro Nacional de Cicloativistas. Nascido em Florianópolis em 2005, o evento foi embrião da fundação da União de Ciclistas do Brasil, que aconteceu no III Fórum no Rio de Janeiro.
Muitas das pessoas presentes no modesto espaço da Biblioteca Anne Frank em 2006 puderam testemunhar o crescimento da cultura da bicicleta em São Paulo nessa última década.
Mais do que um crescimento no número de participantes, cresceu a importância da bicicleta como movimento em prol da humanização das cidades. A cada revolução dos pedais do cicloativismo aumenta a intensidade e principalmente a diversidade de um grupo tão leve e forte quando as rodas das nossas amadas magrelas.
Esse foi apenas uma impressão do Bicicultura, centenas de outras seguirão circulando pela internet, nas festas e na alegria de uma verdadeira União de Ciclistas do Brasil.
Com grande satisfação tive a oportunidade de participar desta edição a convite do Zé Lobo no painel de bicicletas cargueiras e bike courier, é gratificante perceber que a logística urbana está ganhando força e apresentando alternativas para a sustentabilidade dos negócios e alternativa para redução dos congestionamentos urbanos.