A imagem acima é, diz-se, a primeira fotografia a registrar uma figura humana. Um homem que ficou parado durante os dez minutos em que a foto foi tirada. Esse foi o tempo necessário para que a luz pudesse modificar os sais de prata e produzir o retrato da paisagem.
Nos dez minutos em que ficou parado, passaram pelo homem pessoas, cavalos, charretes, carruagens. Nada disso pode ser visto por serem rápidos demais para a máquina registrar. Desde 1838 até hoje, a noção de tempo e espaço mudou, mas a que custo e para o benefício de quem.
O vídeo abaixo ainda é do século XIX, carruagens, charretes e ônibus puxados por cavalos compartilham uma ponte. O passo é lento, o cavalo segue no ritmo do caminhar de uma pessoa.
Anos depois e já estamos no século XX, na ponte de Londres em 1926. O trânsito segue pesado, mas agora o transporte é motorizado. Nas calçadas ainda há vida, os pedestres seguem em largas calçadas e os veículos tracionados por cavalos seguem presentes nas ruas.
Los Angeles, século XXI, cidade exemplo máximo do planejamento centrado no transporte individual motorizado. Não há cidade, não há vida na rua. O espaço urbano pertence aos congestionamentos durante a hora do rush. Mas olhando bem, não passa de um grande vazio de asfalto, com largas pistas e nenhuma vida.
Running on Empty (Revisited) from Ross Ching on Vimeo.
Havia algo de correto que ficou perdido ao longo da história das cidades durante o século XX. O século XXI é o tempo de revermos nossa trajetória, sem apontar culpados. É hora de pensar em alternativas para o queremos fazer na maior obra de arte aberta de todos os tempos, as cidades.
Todo esse longo caminho em vídeos antigos foi inspirado em duas reflexões, também em vídeo, sobre caminhos e tecnologias humanas.
O primeiro mostra um planeta sedento por petróleo:
Bendito Machine IV – Fuel the Machines from Zumbakamera on Vimeo.
Já o segundo é uma propaganda que mostra o caminho que a agricultura industrial tomou nos últimos anos:
O futuro se constrói no presente. Ao olhar para o passado é possível ver o legado imprevisível deixado por aqueles que viveram antes. O legado futuro não nos pertence, apenas o momento presente resta-nos imaginar e realizar um futuro que seja melhor que aquele que foi construído no passado.