Quem diria que aquela idéia maluca de ‘roubar’ duas vagas de carro em pleno centro do Rio de Janeiro num país que ama automóveis teria, seis edições e sete anos depois uma verdadeira consagração como que ocorreu na vaga viva carioca de 2012.
Seguindo a tradição da TA simplificamos a 6ª Vaga Viva reduzindo a quantidade de materiais. Foi apenas a grama, um banco de madeira plástica com um lugar e quatro pufes de PET (encapados para evitar que roubem a cena). O tonel da Grama serviu de display de folhetos e a Clarisse do ITDP levou uma mesinha.
A chegada foi cedo, às 5:15 a grama já estava desenrolada e em pouco mais de 10 minutos Vaga Viva montada. Vale ressaltar que às 5:45 não havia mais vagas para carros naquele quarteirão da rua. Surreal.
Logo cedo um fenômeno emocionante que se repetiria ao longo de todo dia. Visitantes veteranos apareceram aos montes, uns me chamavam pelo nome, muitos perguntavam pelo outro (Zé Lobo) e todos eram generosos em sorrisos e apertos de mão. Dá até nó na garganta só de lembrar.
A primeira pessoa a usar a vaga viva como passagem o fez às 5:35 e dali em diante só fez aumentar chegando ao pico de 1800 pessoas por hora ali pelo meio-dia (contagem feita por amostragem).
Entregadores, triciclos, cadeirantes, gente de muleta e um sem fim de pessoas desembracaram de táxis e carros em frente à grama, uma passagem segura e confortável para a calçada.
Pouco antes do meio dia a primeira surpresa. Do restaurante vegetariano em frente sai uma funcionária que me oferece um copo de refresco de maracujá! E com gelo!
E pouco depois do almoço o mais impressionante, ganhamos um girassol para enfeitar a Vaga Viva, doado por uma floricultura ali perto. Nessa hora eu já estava meio sem voz de tanto falar com as pessoas e me dei conta que a Vaga Viva já está consagrada na Senador Dantas. E sei disso porque pelo sexto ano a reclamação que mais ouvimos é que será apenas um dia e que devíamos fazer todos os dias.
Sem palavras, é empolgante, da vontade de repetir isso aqui em São Paulo
É absurdo isso mesmo, são tão poucas vagas de carro naquela rua, mas que conseguem causar um transtorno enorme, um pequeno espaço que se abre para as pessoas e é um sucesso total.
Não consigo entender essa lógica. Para privilegiar uns míseros motoristas toda uma população, milhares de pessoas, são desprovidas do espaço público.
Edu e cia, a Vaga Viva deveria acontecer no minimo uma vez ao mês, e conforme conquistasse adeptos, multiplicar como um virus pela cidade, e mostrar que as cidades são das pessoas!
Muito bom!!
Obrigada e parabéns!!