As ruas das cidades um dia já foram para jogar bola, queimada, pular amarelinha, ralar o joelho nas primeiras pedaladas. Hoje a diversão é contra a lei e as crianças precisam se proteger do onipresente fluxo motorizado.
Questionar o uso do espaço público das ruas é papel de todos e uma atividade que interessa a ciclistas, mas também a pais, mães e todos os que vivem e circulam pelas cidades. A devolução da cidade para as pessoas tem um caminho simbólico a ser percorrido através das crianças.
As grandes (e caras) estruturas de concreto que se espalharam por nossas cidades tem sido questionadas, porém ainda são sinônimo de progresso. Mas com quantas toneladas de aço, cimento e brita se faz uma cidade melhor?
Em Utrecht na Holanda tem até escorrega no lugar de escada para acessar mais rápido uma estação de trem, diversão e promoção ao uso do transporte público para crianças e adultos. É um “acelerador de transferência ferroviária“.
Quando a cidade puder ter fluxos compatíveis com a vida e espaços para as brincadeiras livres das crianças, estaremos todos um pouco melhor. Até lá serão muitas pedaladas e o enfrentamento de um discurso que considera o fluxo motorizado soberano em relação à vida.
Assista ao vídeo veiculado em um jornal local carioca: Menino é flagrado descendo Elevado Paulo de Frontin de velocípede
A reportagem falou sobre perigo, perigo (como era de se esperar), mas falou também de abandono. Sim, nisto acertaram em cheio: não apenas pais em situação social de risco, mas a cidade abandonou suas crianças – qualquer que seja a classe social delas.