Certos dias pedalar torna-se um pouco mais inspirador. Alcançar a rua depois de subir a rampa da garagem vira um momento mágico, um pequeno milagre da inventividade humana. Através de uma máquina simples leve e silenciosa o asfalto desliza abaixo e o ritmo constante da pedalada mostra-se tão natural que a junção das pernas com os pedais fica absolutamente imperceptível.
Nada mais passa a existir, o trânsito motorizado no feriado paulistano mostra-se benevolente. Um certo vazio toma conta das ruas em um dia que mistura um pouco da sensação de ser sábado e ao mesmo tempo traz consigo um ar de domingo, mesmo sendo uma quinta-feira.
Movendo-se pelas próprias forças e tão velozmente, pedalar na cidade é ao mesmo tempo fazer parte do ambiente e passar desapercebido por ele. É como planar em êxtase absolutamente livre tão leve como se os pedais fossem asas. Ainda que haja um pouco de ar e borracha em eterno contato com o chão, os pés giram frenéticamente acima, sem nunca tocar o asfalto.
Certos dias – em todos? – pedalar é como ter asas nos pés, ser um pouco como Hermes. A bicicleta transforma quem a usa um pouco mensageiro dos deuses.
E aí João Guilherme, beleza?
Não sei se você se lembra de mim, nos conhecemos na Ponto Org, uns 2 anos atrás. Eu morava em Curitiba. Agora esotu morando no Rio e essa semana trago minha bike para cá. Mudando de assunto… estou fazendo um trabalho de arte gráfica para decoração das paredes de um restaurante que vai ser inaugurado no Rio, o tame vai ser notícias, e estou tentando encaixar textos que tenham alguma relevância, ao invéz de apenas p “lorem Ipsum” que me foi sugerido. Gostei muito desse texto “Quase como voar” e queria saber se tenho a sua autorização para incluí-lo no projeto.
Valeu e um grande abraço,
Walfrido