Executivos de Bicicleta

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Foto luddista.

A Bicicletada Paulistana de Agosto foi a edição dos executivos. Ternos, gravatas, saltos tudo em estilo fino. A massa cresce e os sentidos múltiplos são cada vez mais evidentes. Perdidos em meio a uma multidão de bicicletas cada ciclista sempre em frente, cria por si o sentido para o que é o movimento.

Da multiplicidade uma verdade, pedalar não exige trajes de esportistase é sempre trazer alegria a quem pedala, não importa com que roupa.
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Foto Igor.

Mais sobre a Bicicletada de Agosto de 2008.

Confissões de um Atropelador

Era cedo e caí da cama para ir ao trabalho. Uma névoa fria dominava São Paulo e o trânsito de carros estava congestionado. Meu caminho normal é descer até o Rio Pinheiros. Seguia ladeira abaixo pela Cardeal Arcoverde, trânsito parado, cruzei o sinal amarelo no corredor dos carros. Passei a faixa de pedestres e fiquei mais tranquilo.

Ainda com a mão no freio vi um homem entre os carros. Nada que eu pudesse fazer evitaria o choque. Freiando calculei a melhor maneira de acertar minha “vítima” sem machucar a mim, nem a ele nem tão pouco a bicicleta. Não sei se o guidão acertou o corpo dele, mas senti o impacto no meu corpo. O freio deu para reduzir bastante a velocidade e não caí da bicicleta.

Parei menos de um passo depois do pedestre, no meio da rua, culpado e preocupado de te-lo machucado. Ele sorria nervoso, reconheceu o risco de atravessar em meio aos carros em uma cidade como São Paulo, onde um fluxo paralelo sobre duas rodas flui entre os automóveis. Para sorte minha e dele eu estava de bicicleta. Apenas 12 quilos de metal mais 70 kilos de carne e ossos. Seguimos nossos caminhos. Ele rumo à calçada e eu pelo mar de motores parados ou quase parados.

Reavaliando o choque, foi realmente quase engraçado. Estava mais para um esbarrão no meio da rua entre dois seres humanos do que um atropelamento propriamente dito. Ambos soubemos de antemão do choque inevitável, nos preparamos para ele. O pedestre se encolheu eu reduzi a velocidade e joguei meu corpo contra o dele.

Uma cidade é melhor quando as pessoas se cruzam por acidente sem que uma machuque a outra. Assim foi mais esse choque entre humanos.

Rumo a Estação Bicicleta

São Paulo conta com a mais ativa Bicicletada brasileira. Nos últimos meses pelo menos 200 ciclistas reúnem-se mensalmente para pedalar Avenida Paulista afora.

Na última sexta-feira de julho não foi diferente. Mudou apenas o roteiro. Formou-se o “Bonde de Curitiba”, dessa vez a massa iria seguir mais longe. Embarcar em um ônibus e seguir estrada afora. Em Curitiba a Massa Crítica se reúne nas manhãs de sábado.

Trinta e sete ciclistas seguiram para a capital do Paraná durante a noite e já acordaram de um sono mal dormido prontos para pedalar. A bicicleta em festa é capaz de diminuir o cansaço. A presença do “Bonde Paulistano” garantiu a maior massa crítica do Paraná. Aproximadamente 140 ciclistas tomaram as ruas, pintaram bicicletas no asfalto, fizeram festa e humanizaram o trânsito.

A festa da Bicicletada Paulistana seguiu mesmo depois de parados os pedais. No domingo o ativismo deu lugar ao lazer puro e simples. Rumo a Serra da Graciosa seguiu parte da massa paulistana. Humanizando a estrada, sentindo o cheiro da terra e embarcando no ritual de superação pessoal que só a bicicleta é capaz.

Os quilômetros foram muitos e depois de 4 horas pedalando numa jornada de 6 horas, todos que sairam de Curitiba estavam prontos para embarcar de volta para São Paulo. Talvez tenha sido apenas mais uma viagem, mas foi também a clara demonstração do porque a bicicletada paulistana é a maior e mais alegre do país. A amizade e o contato humano de pessoas que falam a mesma língua sem palavras. O idioma da “cultura ciclística”.

Fotos e Relatos:
Aninha – Ôôô Curitiba…cadê você?! Vim de São Paulo para te ver!
Falanstério – Parabéns Bicicletada
CicloAtivando – Bicicletada de Julho :: Impressões
CicloBr – As Bicicletadas de Julho
Pedalante 1
Pedalante 2
Pedalante 3
Daniel

Aline
Cicloativando
Falanstérios

Ciclobr
Felipe CTB

Videos:
Plá Invasão das Bicicletas
Plá Todo mundo tem um Pouco
Bicicletada Curitiba

Domingos a Mais

Todos os domingos em São Paulo uma via expressa transforma-se em via humana. O famoso “Minhocão” vira área de lazer. O giro das bicicletas, o lento caminhar das famílias toma o asfalto e torna vivo o espaço público.

O nome oficial é Elevado Costa e Silva, construído em 1971 fez parte dos “melhoramentos urbanos” rodoviaristas da época. O privilégio motorizado cessa durante todos os domingos. Dia atípico onde o barulho dos motores é substituido pelo silêncio. Escapamentos dão lugar a carrinhos de bebê e a alegria do lazer ao ar livre toma conta do espaço.

Cidades ao redor do mundo são mais humanas aos domingos. Iniciativas de fechar ao trânsito motorizado algumas vias são comuns. Aumentam a qualidade de vida de uma região e mostram um desenho factível de como devemos lutar para que nossas cidades sejam também durante todos os dias da semana.

Em Copacabana no Rio de Janeiro, um domingo de Sol no Inverno:
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Um texto de 2005 defende a derrubada do Minhocão:
Abaixo o elevado. O desmonte do Elevado Costa e Silva e o efeito catalisador para a revitalização do Centro – Michel Todel Gorski

Integração Bicicleta-Trem em São Paulo

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Existe uma São Paulo de facilidades para o uso da bicicleta. Através da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) serão 15 novos bicicletários até o fim de 2008. Eles virão a se somar aos 13 já em funcionamento para um total de 3.850 vagas em 28 estacionamentos.

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Os treze bicicletários atualmente em operação pela CPTM estão no: Itaim Paulista, Jardim Helena/Vila Mara, Caieiras, USP Leste, Comendador Ermelino, Pinheiros, Jurubatuba, Autódromo, Primavera-Interlagos, Grajaú, Itapevi, Mauá além do bicicletário de Jandira inaugurado no dia 17 de julho.

Além da CPTM, o Metrô possui um bicicletário na Estação Guilhermina- Esperança e a EMTU/SP também conta com um estacionamento, para bicicletas, no Terminal Metropolitano de São Bernardo do Campo, que atende aos usuários do Corredor São Mateus-Jabaquara.

COm exceção da Estação Mauá, todos os bicicletários são gratuitos. Para utiliza-los é necessário apenas fazer um cadastro e levar uma tranca própria para prender a bicicleta.

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Um exemplo de racionalização do uso do espaço público. No Itaim 10 vagas para automóvel ocupam o mesmo espaço de 256 vagas para bicicleta. O melhor veículo individual integrado ao melhor transporte de massa.

  • Fotos Bicicletário Itaim, por Reginaldo Paiva.
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    fonte: assessoria de imprensa da CPTM.