Carnaval, democracia nas ruas

O carnaval é quando as ruas voltam a pertencer as pessoas, sem concessões. Em massa e em festa milhares de enebriados foliões tomam conta dos espaços públicos Brasil afora. Durante alguns dias o que é de todos passa ser verdadeiramente de quem queira. O lúdico e o “estar” deixam completamente de lado o fluir e o circular.

Durante o reinado do Momo a circulação se faz por outras vias, bicicletas e veículos motorizados devem procurar alternativas para fluir, por ser grande demais, a massa em alegria toma conta de todos o espaço. De porta a porta, do lado de fora, apenas gente.

A força incontrolável da festa inspira outras cidades possíveis. Quatro dias no ano são muito pouco para ter a cidade aos pés de quem está a pé. A demanda reprimida fica clara por mais espaços públicos de qualidade. Pessoas gostam de pessoas e o excesso e densidade do Carnaval evidenciam também que o aperto só é tolerável com música e festa.

Durante os outros 361 dias do ano o casamento entre circulação e diversão perde espaço. A cidade para as pessoas que funcionou durante a folia fica fechada. Será que precisaremos esperar até o próximo Carnaval para libertar a vontade de estar em companhia e em alegria nas ruas?

Relacionados:
Ruas e seus usos
Calçadas e Democracia
Um milhão de amigos

4 thoughts on “Carnaval, democracia nas ruas

  1. “o carnaval é quando as ruas voltam a pertencer às pessoas, sem concessões”

    há controvérsias: em Salvador não exatamente – e por duas décadas, não de modo algum.

    a rua era, e em parte ainda é, das empresas de axézão, das cordas de blocos, de quem pode pagar mil reais num pedaço de pano por dia.

    fiquei de escrever sobre isso praqui antes de março se iniciar. Aguardem.

  2. No Rio de Janeiro a Orla da Zona Sul está maravilhosamente fechada aos carros e a disposição da população, dos blocos e foliões desde sábado e assim ficará até a noite de terça feira. Quatro dias completos e seguidos sem carros na orla da cidade maravilhosa.
    É a segunda vez que isto acontece e espero se repita em todos os carnavais, mesmo que para a passagem de blocos e afins.

Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *