Pedro Davidson estudava biologia e pedalava por Brasília. Foi morto por um motorista em excesso de velocidade, que havia ingerido álcool, trafegou em local proibido e não prestou socorro. No julgamento em primeira instância o júri aceitou a acusação de homicídio com dolo eventual. O motorista foi condenado a cumprir pena de 6 anos em regime semi-aberto.
A jurisprudência de crimes de trânsito no Brasil ainda é complicada e prevalece o entendimento de dolo eventual. A tese é polêmica e também um entrave para que motoristas que tiram vidas sejam punidos com mais rigor.
Nesse contexto é importante a união da comunidade ciclística de Brasília em torno do caso de Pedro. Através da perspectiva daqueles que utilizam a bicicleta no trânsito será possível espalhar a noção de que do lado de fora dos veículos motorizados as vidas são muito frágeis e qualquer risco é grande demais. Por hora esse discurso ainda não ecoou nos tribunais.
Mas é chegado o tempo da bicicleta e com mais ciclistas nas ruas, mais motoristas serão também ciclistas e mais bicicletas serão vistas. Nas palavras de Bob Dylan:
“(…)
Porque a roda ainda gira
e não há como saber para quem
Ela está apontando.
Porque o perdedor agora
Será mais tarde vencedor
Porque os tempos estão a mudar.
(…)
A antiga estrada
Rapidamente envelhece”.
Enquanto se constroem as novas, que Brasília não tenha mais nenhuma bicicleta branca.
Saiba mais:
– Resultado do júri popular – assassino do ciclista Pedro Davison
– Motorista é condenado a cumprir pena de 6 anos
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Saímos todos os dias pedalando pelas ruas da cidade, dispostos apenas a seguir nosso caminho sem incomodar ninguém, e esperando também não ser incomodado.
Enquanto fatalidades assim não forem punidas de forma exemplar, fazendo motoristas inconsequentes e irresponsáveis de “boi de piranha” mesmo, bode expiatório de todos os que fazem dos seus carros armas, jogando em cima dos pedestres e ciclistas, não alcançaremos a paz no trânsito. É esta impunidade que torna o trânsito tão inseguro. É esta impunidade que faz nossa vida tão insegura.
Talvez devessemos convidar os juízes que julgam casos assim para uma pedalada pela cidade. Quem sabe conseguiríamos abrir os olhos deles para a real natureza destes monstros, ou quem sabe, diminuir o número de juízes tão bonzinhos, extintos por motoristas assim! Quem sabe se morrendo um juíz ciclista pedalando nas ruas por um motorista doido e bêbado, com eles sentindo na pele deles o que significa enfrentar o tráfego, se as sentenças não fossem mais favoráveis às vítimas!
Sonhar é o primeiro passo para solucionar os problemas!
Precisamos de mais seres pedalantes e caminhantes.
Precisamos de mais seres humanos desprovidos das armaduras da atualidade.
Chega de isolamento. É hora de enxergar a vida que existe lá fora.
Não, senhor advogado de defesa. Não só uma vida se foi. Foi toda a esperança de uma sociedade derramada. Esperança por dias melhores, menos violentos e mais justos.
Será que um dia poderei deixar meus filhos pedalarem e brincarem nas ruas de Brasília ou serei obrigado a confiná-los em algum parque ou condomínio fechado?
Eu pedalo, eu enfrento a selvageria das pistas todos os dias, mas não sei se incentivarei meus filhos a terem a mesma disposição ciclística. Afinal, os homens com armaduras estão soltos e prontos para a guerra.
A selvageria nas pistas prossegue, com a conivência dos que podem punir.
Neste ano, quantos milhares de vida serão perdidas na guerra urbana? 45 mil, 50 mil? Eu serei um deles? Você?
Um convite aos magistrados e autoridades que tratam de transporte:
Tirem a toga e os paletós. Venham pedalar!
Saiam da redoma e venham perceber a cidade real.
Puta que o pariu! Que mérda, será que um dia veremos a ordem das coisas mudarem? Quanto tempo o assaltante arruda ficara em sua celinha privativa? Cadê a Justiça?
Minha homenagem a seus familiares que tiveram que assistir essa meleca, molecagem que para variar retifica o status quo. Vamos continuar pedalando!
Desculpe Matias, mas não podemos devolver com agressões o que nos agride, nem por palavras… Tenho os mesmos sentimentos seus, mas temos que conscientizar o uso racional da mobilidade no compartilhamento humano.
Em São Paulo as agressões têm origem principalmente na forma de resolver o transporte publico, o privado exposto ao estresse no momento do deslocamento no trânsito, mas o público é estresse o tempo inteiro… A largura das faixas da direita, nos veículos maiores fica com parte das suas rodas fora dela… Como então respeitar a passagem pelo ciclista a uma distância mínima de 1,50 metros em faixas de 2,20?
Devemos sim fazer esse debate por nossas vidas e homenagem ao Pedro !
Mais ciclistas estão acontecendo para salvar nossas cidades !
eduardomerge.