Pedalar é uma forma de teletransporte

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Qualquer pesquisa básica na internet irá dar muitos resultados sobre os benefícios para a saúde do uso da regular da bicicleta. Já quem se dispuser a organizar um desafio intermodal, rapidamente comprovará o óbvio: pedalar é o meio de transporte mais rápido nas cidades.

Um novo estudo no entanto prova o que antes parecia conversa de ciclista. Pedalar leva você de um lado a outro INSTANTANEAMENTE, ou seja sem gastar NENHUM tempo.

Os dados da pesquisa vieram da análise dos hábitos de deslocamento de 50.000 pessoas na Holanda. A maioria delas, naturalmente, pedalava com alguma regularidade ao longo da semana.

A conclusão foi que para cada 75 minutos gastos no selim da bicicleta (11 minutos por dia em média), há um acréscimo de 6 meses na expectativa de vida. Até aí, sem novidades, várias pesquisas já indicam resultados similares.

Sempre a mesma história, tenha hábitos de alimentação saudáveis e coloque seu corpo para se exercitar. Boa comida e um coração batendo forte no peito são garantias de uma vida longa.

É importante, no entanto, analisar os números com atenção. Onze minutos por dia são 3.906 minutos por ano. Ao final de 70 anos, serão 273.385 minutos o que é uma outra forma de representar seis meses.

É exatamente o tempo que sua expectativa de vida irá aumentar se você pedalar 11 minutos por dia.

Ou seja…

Cada minuto que você gasta pedalando aumenta sua expectativa de vida em um minuto.

E não é só isso, a bicicleta irá também aumentar seus níveis de endorfina (o hormônio da felicidade). Basta lembrar aquela primeira pedalada até o trabalho (ou a escola) e a poderosa sensação que veio depois de chegar.

Assim, na próxima vez que for decidir qual a melhor forma de ir até onde precisa, esqueça os cálculos de tempo do Google Maps. Montar na bicicleta e sair pedalando é basicamente tempo livre. Cada minuto sobre pedais, flutuando sobre ruas, avenidas e ciclovias irá voltar para você. Todo o tempo investido será revertido, sem qualquer perda.

Na ponta do lápis, a bicicleta é basicamente um meio de teletransporte. Um teletransporte que deixa você mais feliz e ainda economiza dinheiro.

Vida longa e próspera.

Esse texto é uma tradução adaptada de: Bicycles are instantaneous teleportation devices, says science | PeopleForBikes

 

Superpoderes Ciclísticos: conectar gerações

Não por causa de juntar pontos no espaço. Nossas pernas fazem isso. A bicicleta cumpre algo mais difícil: unir dois eventos isolados no tempo. Criar ligações entre duas ou mais gerações.

Por suas ligações com os primeiros estágios de vida, a bicicleta simboliza vigor juvenil que revitaliza o ciclista que está no controle. O jovem, ao contrário, tem na bicicleta um símbolo de responsabilidade de estar crescendo.

Realmente não importa o motivo. Uma vez no selim, a natureza essencial da bicicleta nos obriga a descartar o supérfluo, o oposto de ficar em um carro. O biciclo pode transportar apenas nós mesmos, sob o risco de nos transformar em um motor dois tempos. Para o ciclista, uma declaração de independência.

Libertado de sua situação precária de ser bípede, responsáveis por manter o equilíbrio tênue, pai e filho, tio e sobrinho, avô e neto estão prontos para compartilhar a riqueza da estrada. Uma experiência muito grande.

Esta não é a comunicação típica de palavras, tão imperfeitas e enganosas. A comunicação é muito mais abrangente, sentimentos internos que se afloram a medida que nos tornamos parte de certas paisagens. A conversa, se ocorrer, é casual. Mas como sempre, sua musicalidade está cheia de notas profundas.

Ao ar livre o caminho volta a ter o sentido de promessa de quando éramos nômades. As hierarquias não se desfazem, tornam-se toleráveis. A criança finge ser um adulto no estilo de dominar uma máquina. O adulto tenta ser uma criança na maneira de desfrutar de uma curva.

Pela primeira vez, ao mesmo tempo, eles parecem estar dispostos a prestar atenção um ao outro. Dois conjuntos fechados que se cruzam em um ponto. Dois solitários que formalizam uma trégua. Não importa o que o ciclista tenha vinte ou trinta anos a mais ou a menos, ou que pelo resto de seus dias voltem para o isolamento das tarefas diárias.

Compartilhar um passeio de bicicleta é um mistério que restabelece a possibilidade de estarmos juntos, independente da nossa idade ou relação de parentesco. Uma virtude que as caminhadas foram perdendo por estarem contidas em centros comerciais luminosos que eufemisticamente chamamos agora de “cidades”.

Texto traduzido livremente do espanhol, publicado originalmente em: “Ciclovía: Transportes y comunicaciones“. Vídeo visto primeiro aqui: ‘Sonho: a bicicleta’.

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Superpoderes Ciclísticos: atingir a velocidade do pensamento

Pausa para o alongamento

Um semáforo vermelho tem um significado especial para o ciclista urbano. Parar a bicicleta é matar a inércia e implica em um gasto extra de energia para recomeçar o movimento. Ciclistas não gostam muito, mas também param no sinal fechado. Para a moça da foto acima, é oportunidade de alongar a perna, mas é também vontade de manter-se flutando, sem tocar o chão. Mas pode ser muito mais.

Depois de uma ladeira, grande ou pequena, aquela luz vermelha é uma pausa. Momento de sentir o coração bater mais forte e ter a certeza de estar vivo. É sentir o poder do próprio corpo que requer grande esforço para manter-nos. No semáforo, o peito pulsa e na pausa merecida, dá para abrir o pulmão e inspirar um pouco mais forte o ar. Quando o sinal está fechado, dá para pensar no caminho, ouvir a rua ou definir o que preparar para o jantar.

No entanto, tem vezes em que a luz nunca fica vermelha. Aí dá para seguir constante com pensamentos cotidianos ou traçando planos para o resto da vida. Tendo como brinde a brisa e o vento, sentido nos braços ou nos cabelos que esvoaçam.

Mesmo parado em um semáforo vermelho, o ciclista está sempre na velocidade dos seus pensamentos e em movimento é capaz de quase alcançar o que pensa. Talvez seja pela invisibilidade da bicicleta que vira apêndice e integra-se ao corpo. Quem sabe até, o ciclista seja capaz de atingir a velocidade do pensamento, simplesmente por trafegar num tempo nem tão veloz que cegue os olhos, nem tão devagar que lhes cause tédio.

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Superpoderes Ciclísticos: Sensualidade

A publicidade é capaz de convencer as pessoas a sonharem com o que não podem ter ou desejarem o que não precisam. As boas campanhas podem incentivar comportamentos positivos, mas nenhuma quantia em dinheiro pode ser capaz de convencer as pessoas a mudarem seu comportamento por muito tempo. Não bastam imagens, textos criativos e um mundo publicitário mágico se a realidade não for condizente.

Pedalar precisa ser “sexy” e isso a publicidade pode fazer. A bicicleta tem de ser aceita socialmente e campanhas informativas podem ajudar. Mas todo e qualquer esforço só faz sentido quando mais ciclistas ganham as ruas. E uma cidade que coloca as pessoas em primeiro lugar é certamente um lugar mais “sexy”.

Afinal, nada mais sensual do que uma bicicleta que desliza macia com uma pessoal bonita em cima. As duas rodas que equilibram-se graças ao movimento constante e que traz sempre consigo a brisa que levanta cabelos e abre sorrisos.

A beleza está sempre nos olhos de quem a vê e a bicicleta certamente é uma boa ferramenta para abrir os olhos para a sensualidade das pessoas e das cidades.

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