O Centauro Moderno

Texto do Secretário do Verde e do Meio Ambiente do Município de São Paulo – Eduardo Jorge

Um cidadão reclama em artigo do JT do entusiasmo da SVMA com a causa da bicicleta em São Paulo.

É verdade, desde 2005 a SVMA tem se dedicado a mudar a relação da cidade com os ciclistas.

De parte do poder público, das empresas aqui sediadas e dos próprios motoristas de veículos motorizados em 2005 estávamos partindo praticamente do zero. Porém o que se ignorava e o que nós descobrimos é que 300.000 pessoas já usam mesmo assim a bicicleta como meio de transporte principal em São Paulo e vizinhanças. São na maioria trabalhadores e estudantes moradores de áreas periféricas e em menor número ciclista por opção de consciência que sabem que estão ajudando a cidade. Ajudando a diminuir a poluição, o aquecimento global, beneficiando a saúde pública e o trânsito da capital paulista.

O que já fizemos de 2005 para cá? O Prefeito criou um grupo executivo intersecretarial – Pró Ciclista – que está estudando todos os possíveis locais de apóio com infra-estrutura pública ou em parceria.

Como resultado a SVMA já licitou via Metro uma ciclovia de 12 km ao longo da Radial Leste que já foi inaugurada parcialmente e deve ser concluída este ano. Também em outros locais na Zona Norte e Zona Sul a SVMA vem implantando ciclovias em conjunto com Subprefeituras. Outros 100 km estão em diferentes estágios de concretização (projeto, licitação, etc).

Já instalamos quase 2.000 paraciclos na cidade e estamos apoiando o Governo Estadual, via Metro e CPTM, na implantação de bicicletários e aluguel de bicicletas (o primeiro deste tipo na América do Sul).

A Secretaria de Esportes criou a escola de ciclismo para criança da rede pública de ensino.

Com a Secretaria de Transporte estamos iniciando um esforço de educação para cultura de paz no trânsito primeiro com os motoristas de ônibus e depois para o conjunto dos motoristas.

Este é o investimento mais importante. Mudar a cultura imperante de que os veículos motorizados são donos da cidade. Aliás, as maiores vítimas não são os ciclistas. São os pedestres, principalmente idosos e crianças. É só estudar as estatísticas de São Paulo e de todo Brasil.

Mesmo em cidades com boa estrutura de ciclovias e ciclofaixas elas cobrem uma parcela relativamente pequena das vias públicas. Na maior parte destas cidades as vias são compartilhadas por bicicletas e veículos motorizados. Pacífica e educadamente.

Na Grécia mitológica os centauros eram famosos por seu comportamento selvagem e turbulento. No Século XXI temos centauros modernos com cabeça, tronco, braços e quatro rodas. Realmente é um trabalho para Hércules trazer este tipo de ser vivo para uma convivência civilizada com os demais habitantes da cidade.

Promoção para ir ao Samba

Samba estacionada
A SAMBA, bicicletas públicas do Rio, está com uma promoção por tempo limitado. O passe por um ano está por 100 reais e 6 meses custam 50 reais. Além disso todo o valor pago é revertido em créditos nas viagens remuneradas, aquelas acima de 30 minutos.

O sistema operacional é muito bom, facílimo e prático de usar não deixando nada a dever aos sistemas europeus, sendo inclusive mais moderno e prático em diversos aspectos. As deficiências existentes tem sido sempre equacionadas pela responsável.

Ter acesso a uma tecnologia nacional de enorme qualidade é certamente um privilégio que os cariocas devem aproveitar. Faça chuva ou faça sol, o ciclista não precisa se preocupar em lavar, lubrificar, ajustar ou calibrar os pneus. Uma equipe faz isso pra você.

Além das suas bicicletas pessoais o ciclista pode ter mais 60 espalhadas por Copacabana para pegar e deixar na estação que quiser sem pagar nada nos primeiros 30 minutos.

Por enquanto são seis estações em Copacabana, em março começam a ser instaladas as de Ipanema, Leblon e Lagoa cada uma delas com 10 bicicletas e 14 vagas. Até o final do ano serão 50 estações e 500 bicicletas do Leblon a Tijuca.

Pra quem é de Copacabana, Leme, Lagoa, Ipanema e Leblon, vale muito a pena aproveitar a promoção, pra quem é de outros bairros do Rio mas roda muito por estes locais também é uma ótima oportunidade de testar o sistema por seis meses ou um ano por um preço bem convidativo.

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Mais:
Site Oficial do sistema de Bicicletas Públicas Cariocas:

Bicicletas Estacionadas

Um série de fotos feitas no EUA e no Canadá mostram uma enorme diversidade de estruturas para o estacionamento de bicicletas.

Infindáveis dicas sobre o que fazer e o que não fazer para oferecer espaços adequados para os ciclistas estacionarem. Afinal, toda viagem de bicicleta se inicia e se conclui em um destino e em ambos são necessárias estruturas ou locais adequados para guardar a magrela com segurança.

– É preciso visar a felicidade do ciclista.

– A bicicleta tem que estar no topo das prioridades.

– A estrutura deve ser fácil de usar e protegida.

– Quanto mais protegida, melhor.

– Prender só a roda é uma furada.

– O ideal é ter vaga na porta.

– Um armário próprio é uma excelente idéia.

Confira o álbum do Estacionamento de Bicicletas.

Sobre Construir Cidades Verdes

Prédios verdes e arquitetura sustentável são termos atualmente em voga. Mas construir novas estruturas com a mais alta tecnologia talvez não faça de nossas cidades ambientes sustentáveis e menos danosos ao planeta.

Alguns urbanistas e planejadores já apontam como os efeitos do aumento da “mancha urbana” das cidades européias tem causado danos. Mais do que isso, o aumento das grandes conurbações na Europa não tem sido causado pelo crescimento da população, mas sim por uma diminuição na densidade nas cidades.

Essas preocupações foram divulgadas na III Conferência Internacional de Mudanças Climáticas e Desenho Urbano em Oslo. Afinal, o crescimento das cidades gera enormes emissões de gases do efeito estufa além de agredir ambientes naturais e terras agriculturáveis.

Fazer prédios sustentáveis pode acabar sendo a “parte fácil”. A maior dificuldade está em criar ambientes densos, na escala humana em que a população possa se deslocar a pé ou de bicicleta e tenha transporte público com qualidade.

A solução pode ser traduzida para realidade brasileira, afinal o Estatuto das Cidades estabelece a obrigatoriedade das cidades brasileiras acima de 20 mil habitantes terem o seu Plano Diretor. Ele é um: “instrumento básico para orientar a política de desenvolvimento e de ordenamento da expansão urbana do município.”

Afinal, só através de um planejamento organizado, a longo prazo e de acordo com as necessidades e desejos da população é possível construir comunidades agradáveis de se viver. E um ambiente agradável é fator fundamental para uma cidade sustentável.

Mais:
Via TreeHugger.
The New Urbanists: Tackling Europe’s Sprawl

Passos a Frente para os Pedestres

Pedestres são a parte mais frágil do trânsito e no Brasil são as maiores vítimas. Equacionar o problema das fatalidades em nossas ruas e estradas requer um abordagem múltipla. Não basta investir somente em infraestrutura, ou ter leis que coibam abusos. É preciso cercar todas as “frentes”. Educar pedestres e condutores, punir os infratores e investir em melhorias que garantam a circulação em segurança para os pedestres.

“Vamos trabalhar pela afirmação (ou reafirmação) da existência do pedestre, a mais antiga qualificação humana do mundo. Da existência e dos direitos que lhe são próprios, tão simples, tão naturais, e que se condensam num só: o direito de andar, de ir e vir, previsto em todas as constituições… o mais humilde e o mais desprezado de todos os direitos do homem. Com licença: queremos passar.”

Carlos Drummond de Andrade

Essa frase está na página de abertura do site da Associação Brasileira de Pedestres (ABRASPE). De lá também vem a versão comentada do “Manual do Pedestre em São Paulo“.

O manual presta um grande serviço ao condensar dúvidas e maneiras de agir. Muito do que lá está escrito pode e deve ser traduzido para qualquer cidade brasileira. Afinal temos um único Código de Trânsito.

A construção de cidades mais democráticas se fará também medindo o tamanho de nossas calçadas, afinal, quando mais largas as calçadas, maior a democracia.

Mais:
Motoristas que avançam na faixa viram alvo da CET