Pedaladas Pacíficas

Deslocar-se no trânsito em meio aos veículos motorizados pode acabar gerando conflitos. Fechadas em geral são o mais comum. No entanto o ciclista deve sempre evitar produzir uma escalada de eventos e promover a “Fúria Automobilística”.

Engarrafamentos são fonte de grande tensão e ansiedade para os motoristas. Imune as retenções, cabe ao ciclista no mínimo ser solidário ao sofrimento alheio. Até porque tendo uma máquina poderosa, os motoristas podem eventualmente optar por oprimir a frágil bicicleta.

Para contornar essa situação, o ideal é que após algum episódio desagradável envolvendo um motorista protestar de maneira comedida e incisiva. O nível de tensão e desatenção dos motoristas impede que ouçam mais que uma frase.

Um roteiro geral pode contar com as seguintes palavras:
“O senhor (ou senhora) reparou a distância e velocidade que passou de mim? Respeite o código de trânsito, você colocou a minha vida em risco pra ficar parado no sinal 10 metros depois”.

A simpatia, um sorriso ajudam muito mais do que envolver-se em um bate-boca. A tendência em situações de tensão é que as coisas piorem exponencialmente. A melhor coisa é o bom humor. Quando não der, é respirar fundo, respirar fundo de novo e com a maior calma do mundo mandar uma única frase que esteja no CTB e ir embora. Esse motorista ao ver o ciclista sumir em meio ao enfarrafamento terá bastante tempo para pensar. Prevalecendo a lógica de deslocamentos cotidianos, as velocidades médias serão no mínimo equivalentes e poderão haver novos encontros que irão reforçar a mensagem fundamental. Um ciclista no trânsito é capaz de, sem se esbaforir, manter uma média de velocidade maior do que a do trânsito motorizado.

Pedalar é também espremer limões e fazer limonadas, todos os dias.

“Três quartos das misérias e mal-entendidos do mundo desaparecerão se nos colocarmos no lugar de nossos adversários e entendermos o ponto de vista deles.”

Mohandas Karamchand Gandhi.

  • Mais informações:

CTB de Bolso.
Resolução de Conflitos.
Fúria Automobilística.

Velha Mobilidade

A humanidade está sempre caminhando rumo ao que se convencionou chamar de progresso, no entanto, um dos princípios básicos dessa jornada são as tentativas e erros. Muitas vezes algo que se mostra como uma solução, acaba sendo um equívoco depois.

O transporte urbano no começo do século XX era em grande parte, tracionado por cavalos. Uma série de problemas eram gerados em virtude dessa falta de diversidade na mobilidade das cidades. Por ruas mais limpas, surgiu o automóvel que não gerava fezes e não produzia o mal cheiro, como os cavalos.

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Avenida Rio Branco, Anos 50 – Foto “O Cruzeiro”

Via André Decourt.

Aproximadamente 50 anos foram necessários para que a supremacia do automóvel se tornasse um problema. Os efeitos malévolos de um planejamento urbano equivocado, produziram o que hoje se define como “Velha Mobilidade”. A expressão pode ser traduzida por ficar parado no engarrafamento, ou em um ponto de ônibus em dia de chuva, enquanto investimentos pesados continuam a ser feitos em infra-estrutura viária que privilegiam a mobilidade individual motorizada.



Avenida Rio Branco
Foto de alex robinson.

O século XXI já tem sido marcado pela intensificação de um processo ainda recente, mas que balizará o futuro dos transportes. São dois conceitos: Transporte Sustentável e Agenda da Nova Mobilidade. O primeiro visa moldar as políticas ambientais e de meio ambiente. O segundo conceito visa trabalhar a oferta de idéias sustentáveis que possam ser aplicadas. Cidades mais humanas serão construídas através de uma visão sistêmica, diversidade, participação de todos e amplo alcance. Tudo somado a uma vasta rede de parcerias, interações e colaboração sinergética.

Os ambientes naturais são ricos em diversidade para garantir a sua sobrevivência. Certamente a jornada evolutiva humana irá seguir os mesmos moldes. Na ótica urbana, isso quer dizer que deveremos cada vez mais ter ambientes ricos e diversos com inúmeras possibilidades habitacionais e de deslocamento para a população.

A Velha Mobilidade em Vídeo:

  • Mais informações (em inglês):
  • Vídeos sobre Velha Mobilidade.
    Agenda da Nova Mobilidade no wikiVelha Mobilidade.

    Problemas Cicloviários

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    Ciclovia de Botafogo – Foto Zé Lobo

    Uma reportagem televisiva apontou irregularidades em ciclovias cariocas. Foram apresentados os conflitos no espaço destinado aos ciclistas, protagonizados por pedestres e ambulantes. O outro problema, foi em relação a ciclovia de Botafogo que tem erros graves no seu traçado. Postes, orelhões e até mesmo um relógio de rua impedem a circulação.

    Vale a lembrança que não ficou clara na reportagem. O respeito aos pedestres é fundamental e reduzir a velocidade ao ultrapassá-los é uma questão de civilidade. Corredores em especial merecem mais respeito, já que também têm direito ao uso da ciclovia. Aos que se incomodarem com os pedestres, vale informá-los cordialmente que circulando na pista destinada as bicicletas estão não só desrespeitando a conduta estabelecida, como também expondo a si e aos outros a riscos desnecessários.

    Um bom planejamento cicloviário deve ser construído para minimizar situações de conflito. No caso de Botafogo, ocorre infelizmente o contrário. Com o estacionamento irregular, os ciclistas são forçados ou a oprimerem os pedestres na calçada, ou a se sentirem oprimidos pelos motoristas. Tudo isso em uma rua que conta, teoricamente, com espaço exclusivo para as bicicletas.

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    Tranque sua Bicicleta

    Uma bicicleta bem trancada é garantia de uma visita tranqüila. No entanto, não basta investir numa boa tranca. É preciso antes de mais nada escolher bem onde e como trancar o veículo.

    Sempre tenha a certeza de que o quadro está preso a um objeto firme e que não haja como tirar a bicicleta sem abrir a tranca. Isso pode parecer um conselho bobo, mas um poste baixo ou uma grade solta podem ser perfeitos para um gatuno levar a bicicleta sem esforço. Além disso, jamais prenda a magrela em uma árvore. Em nome da saúde de ambas e em caso de um tronco fino, ainda há a possibilidade de um prejuízo ecológico e financeiro.

    Com os chamados “quick-releases” (as peças que prendem rodas e canotes de selim) trocar pneus ficou bem mais fácil. Mas isso também facilitou a vida de oportunistas que levam poucos segundos para roubarem uma roda ou um selim e seu canote. Portanto sempre prenda também esses dois componentes fundamentais com um cabo de aço.

    bici bem trancadaLevar consigo partes da bicicleta é sempre uma solução. Foto Zé Lobo

    Segundo a American Association of Pedestrians & Bicycle Professionals o valor da tranca deve ser igual a no mínimo 20% do valor da bicicleta. Vale como um seguro que você só paga uma vez e usa todas as vezes que prende a bicicleta. O ideal para ter a garantia de a bici irá estar no mesmo lugar na volta, é usar duas trancas de tipos diferentes. Assim serão duas técnicas a serem usadas pelo eventual gatuno que certamente irá atrás de uma oportunidade mais fácil. Os dois tipos são: um cabo e uma tranca em forma de “U”.

    Não custa lembrar que nem mesmo as melhores trancas, podem impedir de levarem sua bici (ou parte dela) se elas não forem bem usadas.

    Um exemplo audiovisual avalia quão bem trancadas estão as bicicletas nas ruas de Nova Iorque. Vale como uma preciosa dica, mesmo para quem não fala inglês. Produzido pela “bikeTV

    Bicicleta e Ecologia

    O Aquecimento Global e novas formas de energia têm sido temas recorrentes na agenda mundial. No entanto o problema ambiental que tanto se noticia precisa ser encarado de uma maneira menos pontual. Não haverá solução mágica sem que se pense no conjunto de situações que nos trouxeram ao atual estágio. O que não significa que devamos retroceder à idade da pedra.

    Usar a bicicleta e estimular outros a faze-lo no atual contexto não é simplesmente ser “ecologicamente correto”, trata-se de uma inserção numa nova necessidade da espécie humana. Cada vez mais nos tornamos dependentes de recursos naturais distantes para nossa própria sobrevivência, quanto melhor soubermos usar o que já temos à disposição, mais equilibrada será a sobrevivência do “bicho homem”.

    Não temos outra opção que não seguir à frente. Tanto a bicicleta, quanto a vida não tem marcha a ré. Além disso, o que nos mantém vivos é a mesma força que mantém de pé a bicicleta, o constante movimento.