Inclusão Social sobre Duas Rodas

O último passeio noturno de uma loja de bicicletas no Rio de Janeiro teve uma novidade socialmente engajada. O deficiente visual Geraldo, 52 anos, interno da Associação Aliança dos Cegos participou pedalando. O feito é fruto de uma parceria da loja com Pedro Zöhrer, projetista de reclinadas que tem entre seus produtos um modelo tandem. Trata-se de uma bicicleta para duas pessoas, gentilmente cedida para a ocasião.
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Ao piloto da magrela de 2,50m e 26 kg coube a importante missão de conduzir o co-piloto com segurança nos cerca de 30 km pelas ciclovias da Zona Sul do Rio de Janeiro.

Para agradável surpresa de todos os presentes ao passeio Geraldo não só se adaptou rapidamente às pedaladas como fez todo o trajeto sem demonstrar cansaço, desconforto ou sensação de insegurança. O tamanho e o peso do conjunto não são um problema na hora de pedalar, mas em meio a outros 50 ciclistas havia um receio, não confirmado, de que ocorresse algum choque com outro participante.
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O novo ciclista adorou a experiência e não parava de repetir que isso devia estar sendo filmado. Pela experiência bem sucedida a noite agradável, própria para um passeio ciclístico ganhou cores, sons, odores e sensações especiais tanto para os que enxergam quanto para o novo amigo e colega de pedaladas.
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Piloto, co-piloto e Thiago, responsável por juntar esta equipe.

Cicloviagem Rio-Resende

O Natal dos Membros da Transporte Ativo foi marcado por muitos quilômetros de estrada. Naturalmente em bicicleta.

Confiram o relato pessoal do Eduardo.

Cicloviagem

A cicloviagem Rio – Resende foi intensa. Confesso que fui inundado por uma confusão de pensamentos e sensações. Ao mesmo tempo que me surpreendi comigo e com a Zöhrer EXD 20×26, também me decepcionei um pouco. Eu já sabia que seria uma experiência de aprendizado com muito conteúdo e em pouco tempo. Cheguei a ficar com dor de cabeça de tanto que o cérebro funcionou durante e após a viagem.

A instalação do bagageiro traseiro atrasou muito, mas valeu a pena. O Paulinho (Diamond Bike) me entregou a EXD em casa com uma adaptação muito bem feita na minha avaliação. Mas esqueceu de trazer meu capacete que eu tinha deixado na loja dele (eu também não pedi). Sem condições de ir buscar (eram 22 horas) consegui um emprestado, mas que não tinha viseira, o que me fez adaptar um boné por baixo, fundamental para conter o sol que faria. A adaptação ficou ruim e fui assim mesmo, uma hora atrasado em relação ao meu planejamento. Às 6:30 estava no portão de casa. Ao chegar na Praia de Botafogo decidi ir pela ciclovia, pois já era dia e qual não foi minha surpresa ao achar, na passagem subterrânea, uma viseira de capacete perfeita para o capacete que tinha. Surreal!

Outra grata surpresa do tipo que te incentiva a encarar o desafio. Nunca consegui regular o câmbio traseiro da EXD e nesse dia ele funcionou perfeitamente.

Não tive nenhum problema mecânico, apenas uma situação mecânica. A trepidação na Avenida. Rodrigues Alves perto do Rodoviária foi tão violenta que a corrente escapou da polia e eu só fui notar na Dutra uns 30 km depois.

Até a Serra das Araras a relação com a EXD foi de Lua-de-Mel. Mantendo 24 km/h de média e fazendo um sucesso danado por onde parasse e por toda a estrada. Cheguei a perder o equilíbrio acenando pra dois motoristas que me saudavam. Há que se abrir um parênteses. A bicicleta é, definitivamente uma forma de unir as pessoas. Foram tantas as pessoas que acenavam, buzinavam, aceleravam e gritavam frases ininteligíveis que depois da trigésima perdi a conta. O fato de estar num veículo diferente contribuiu muito e acho que esse é um forte ponto positivo da EXD na estrada. Acho que é até mais seguro. Tanto que depois da segunda parada em postos, quando fui cercado por curiosos decidi só parar de novo num deles se fosse realmente necessário, afinal de contas me preocupava demais o fato de ter saído uma hora atrasado. No Belvedere fiquei parado uma hora e não consegui sossego por mais de 10 minutos.

O caldo engrossou a partir da subida da Serra das Araras. Juntando minha falta de preparo específico para reclinadas e um possível ajuste ergonômico ruim (confesso que nem avaliei se tava certo ou não) meu desempenho caiu muito. Em qualquer subidinha só conseguia atingir 7 ou 8 km/h. A partir da serra, no km 98 de uma viagem de 185, começou o drama. Freqüentes subidas e muito lentas, as descidas, efêmeras, resultaram numa viagem fisicamente dedicada a escalar.

Numa dessas ladeiras o sol, até então, tímido e escondido nas nuvens surgiu forte e experimentei a conhecida e desagradável sensação de coração batendo no pescoço, muito suor e um calor muito forte. Ciente de que muitos atletas tem problemas sérios com o aumento da temperatura corporal, tratei de parar logo e mais uma vez fui brindado com um incentivo. Há barracas de frutas na Serra das Araras que canalizam um filete de água de algum riacho próximo e instalam uma mangueira na beira do acostamento. Me salvei em duas ou três delas ao longo da subida.

Cicloviagem

Minha maior motivação estava atrás. Pelo espelho controlava a aproximação dos ônibus da Expresso Brasileiro. Às 14:20 vi um deles se aproximando. Era o 512 que minha esposa Carol tinha me avisado ser o ônibus dela.

Parei e comecei a acenar. Vi a Carol me acenando e me emocionei de verdade… O motorista piscou os faróis, buzinou, acionou os piscas em saudação e não parou. Ela passou por mim e eu estava tão perto e tão longe ao mesmo tempo. Nos 20 km seguintes pedalei sem ânimo. Já não respondia aos cumprimentos dos passantes e pra piorar surgiu na minha frente uma das ladeiras mais longas e íngremes. O calor ia me torturar, mas eis que outro incentivo me surpreendeu. Começou a chover, não muito, mas o suficiente pra renovar o ânimo e as forças. Subi a 8 km/h.

Próximo de Resende, já no final da tarde, mais chuva. Foi depois que parei na casa de parentes da Carol em Floriano, a 20 km do meu destino. Uma boa pancada de chuva cai como um bálsamo e alivia a tensão e o cansaço, mas nessa hora surgiu uma dor chata nos joelhos que só parou na noite de domingo. Juntando uma dor bumerangue no cotovelo direito e a certeza de que meu preparo está aquém do desejado e imaginado.

Sem treinar e sem adequar a ergonomia da EXD a mim, não rola.

Cicloviageme]

Resumindo: 185 km em 12 horas, das quais 9 pedalando, 20 km/h de média, 58 de máxima, nenhum problema mecânico, algumas dores, mas muito o que aprender e muito a treinar. Talvez seja essa uma das maiores lições que uma cicloviagem traz pro nosso cotidiano. Não importa o quanto saibamos, sempre temos algo a aprender.

Um grade abraço

Edu

Outra coisa: viajar sozinho é bom, mas dá próxima uma companhia cai bem.

Viajar de Bicicleta

Fui infectado pelo vírus da viagem de bicicleta ao ler “No Guidão da Liberdade”, de Antônio Olinto, 286 páginas, Edição Independente, 1993.
Em julho de 2000 tive um ataque agudo deste vírus. Fazia um estágio em Ubatuba – SP e levei minha Caloi 18 marchas numa loja de bicicleta. Saí de lá com bagageiro, cestinha, garrafinha e tratei de enchê-los de comida e bebida no primeiro supermercado. Ainda anestesiado pela força que a realização de um sonho nos dá, creio que só dormi por obra divina.
Quando as rodas tocaram a estrada rumo a Parati, um misto de euforia, felicidade e apreensão tentavam me dominar. Minha preparação foi bem deficiente, mas toca pra frente.
Aquela estrada foi feita para cruzar de bicicleta ou a pé, pois só assim é possível ouvir as ondas quebrando na praia e os pássaros cantando na mata ao lado.
Decidi cumprimentar todos que cruzavam o meu caminho, foi o diferencial da viagem. Só se conhece um caminho se for devagar e se falar com as pessoas. A pé, de carro, moto, ônibus e em bicicletas acenei para todos. Surpresa: poucos não responderam. Motoristas piscavam faróis, motociclistas em potentes máquinas aceleravam em ponto morto e os que estavam a pé até perguntavam como eu estava!
Nunca na vida falei com tanta gente desconhecida e aquela que seria uma viagem em solitário ficou longe disso. Se alguém ainda duvida eu posso afirmar: a bicicleta aproxima as pessoas.

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Bicicleta, veículo convidativo.

Pedal Solidário

Propomos uma pedalada diferente para os cariocas nesta manhã de sábado (28/10). Saindo de Laranjeiras, vamos até a Tijuca. O motivo é nobre. Levaremos para as crianças soropositivas do Hospital Universitário Gaffrée e Guinle (HUGG) o leite em pó que foi arrecadado em palestras na Recicloteca.

Tragam muita disposição e seus bagageiros, mochilas, cestinhas e alforjes vazios. Fiquem à vontade para aumentar o peso do carregamento trazendo mais uma lata ou saco de leite em pó de casa.

Ponto de encontro na Recicloteca:

Data: Sábado, 28/10/2006
Horário – Concentração: 9:00hs
Saída: 9:30hs

Endereço: Rua Paissandú, 362 – Laranjeiras

Confirmem presença com o Eduardo:
Tel: 2551-6215 ou 2552-6393 (horário comercial e no dia da pedalada)

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