Paradoxo no Trânsito

Durante muitos anos acreditou-se que a solução para melhorar a fluidez do trânsito rodoviário passava pela construção de novas vias. No entanto esse conceito não tem mais valor. Inclusive, ao aumentar a infra-estrutura viária pode-se até piorar as condições do tráfego.

Dada a natureza anárquica do trânsito e a escolha individual de cada motorista, temos que muitas vezes não há qualquer incentivo a que uma rota seja escolhida em detrimento de outra. Milhares de pessoas tomam decisões baseadas na sua própria conveniência e na presunção de que a rota escolhida é a melhor e mais rápida. Com isso o trânsito não fica distribuído de uma maneira que garanta o menor tempo de viagem possível.

Os físicos responsáveis pela pesquisa apresentam o seguinte exemplo para explicar a teoria: um motorista pode fazer um caminho mais curto por uma ponte estreita ou um trajeto mais longo por uma via expressa. Na melhor conjuntura, o tempo de viagem de todos seria menor se metade das pessoas escolhesse cada um dos caminhos. Mas não é assim que acontece. Alguns motoristas irão usar a ponte estreita para ir mais rápido e a medida que se formem engarrafamentos, muitos optam pela pista expressa. Assim, ela também fica engarrafada e alguns motoristas optam novamente pela ponte estreita. Gradualmente o fluxo nos dois trajetos atinge o “equilíbrio de nash”, quando nenhum motorista iria chegar mais rápido se mudasse seu trajeto.

A solução para a má distribuição do fluxo motorizado foge ao senso comum. Ao fechar algumas ruas, é possível se aproximar do tempo ótimo de viagem. O motivo é simples, uma distribuição mais homogênea de veículos nas vias que continuariam disponíveis a circulação motorizada.

Surgiriam naturalmente benefícios além da simples melhora na fluidez. Ao invés de uma via congestionada, ruas exclusivas para ciclistas e pedestres.

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Para quem quiser saber mais:
If You Build, They Will Clog.
Queuing conundrums

Transporte Ativo em São Paulo

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A Companhia de Engenharia de Tráfego de São Paulo (CET) contou essa semana com a presença da Transporte Ativo. Estivemos presentes para levar o Workshop de Introdução ao Mundo Cicloviário. No auditório diversos órgãos da administração municipal e o próprio secretário do Verde e Meio Ambiente (SVMA) Eduardo Jorge esteve presente.

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O curso foi feito com base no conteúdo apresentado a CET-Rio. Devido ao sucesso em terras cariocas, a iniciativa veio para São Paulo.

As duas turmas paulistanas sairam extremamente satisfeitas e puderam conhecer um pouco da realidade da bicicleta. Esse workshop marca uma importante fase de transição na visão da mobilidade nessa grande metrópole. Atualmente a bicicleta e sua promoção ainda se concentra na SVMA. Para o secretário Eduardo Jorge, o papel de sua pasta é acima de tudo mostrar novos caminhos. A mudança aos poucos tende a ganhar corpo e se espalhar por toda a administração municipal e dentro dessa perspectiva, é fundamental que toda a área de transportes esteja devidamente sensibilizada para a necessidade de se promover o uso da bicicleta dentro do contexto da nova mobilidade necessária à cidade de São Paulo.

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O curso será repetido e só foi possível graças a parceria entre a Transporte Ativo, o ITDP a Clinton Foundation e a Prefeitura da Cidade de São Paulo.

Sim, eles Podem

O domínio do transporte individual motorizado se alastrou dos Estados Unidos para o mundo. Mas os contornos mais dramáticos do desenvolvimento centrado no automóvel está em terras estadunidenses.

Movida a gasolina, a classe média norte-americana não está sendo mais capaz de arcar com a escalada no preço do petróleo. A isso soma-se a desvalorização das casas, o endividamento e tem-se um cenário de desespero.

O canal de televisão PBS apresentou um documentário chamado “Dirigido ao Desespero” que mostra como no sul da California a dependência do automóvel afetou negativamente a vida de pessoas que sonharam com uma vida tranquila longe dos grandes centros urbanos. Ainda que as oportunidades de trabalho e lazer sejam maiores dentro das cidades.

No entanto, há esperança até mesmo na verdadeira “sociedade do automóvel”. O novo presidente Barack Obama já mostrou-se a favor de investimentos em transporte público durante sua campanha e certamente a mudança de paradigma necessária nos Estados Unidos passa por incentivos e investimentos em transporte eficiente para as pessoas.

Mais:
Driven to Despair – PBS.org
Reconecting America.org
Barack Obama sobre Transporte.
Sociedade do Automóvel
Custos Reais dos Motorizados – blog.ta.org.br

Mercado de Bicicletas no Brasil

Os números mais precisos em relação ao tamanho da frota levam em conta a produção industrial e a durabilidade média das bicicletas, que é de 10 anos. Segundo dados da Abraciclo, a produção industrial de 1998 a 2008 vai somar 51,8 milhões de veículos.

Contudo, este total é subestimado, pois a vida média de uma bicicleta pode ser maior que 10 anos. Um fabricante nacional dá garantia até 2020 para os quadros das suas bicicletas. Além disso, a soma leva em conta apenas a produção registrada pela indústria formal. Os fabricantes de coroas para bicicleta afirmam produzir mais de 13 milhões de unidades/ano, mais que o dobro da produção formal de bicicletas (confira a pág. 27 do Caderno de referência para elaboração de Plano de Mobilidade por Bicicleta nas Cidades do Ministério das Cidades).
Assumindo que 30% das coroas se destine a consertos ou manutenção de estoques, estima-se que o número de bicicletas produzidas no Brasil nos últimos 10 anos estaria em torno de 90 milhões.

Então, para calcular a frota de bicicletas no Brasil, partimos dos números precisos da Abraciclo, 51,8 milhões. Calculamos, por baixo, uma produção informal igual a 50% da produção formal. Com isto, em nossos estudos e previsões, trabalhamos com uma frota atual de 76 milhões de bicicletas no Brasil.

Números tão expressivos mostram que a mobilidade no Brasil apresenta uma demanda reprimida para o uso da bicicleta, já que apenas parte desta frota está nas ruas circulando diariamente.


Mais: Reflexões sobre o Mercado de Bicicletas.

Brasília Capital das Bicicletas

Acontecerá em novembro a Conferência Internacional de Mobilidade por Bicicleta. Dos dias 12 a 15 de novembro estarão em Brasília cicloativistas de do Brasil e do mundo. Movidos pelo propósito de fazer do Brasil um país mais amigo das bicicletas. Concomitante à conferência internacional, haverá também o II Encontro da União de Ciclistas do Brasil e o IV Encontro Brasileiro de Mobilidade por Bicicleta.

Serão apresentadas experiências estrangeiras de sucesso bem como iniciativas realizadas no Brasil que podem e devem se espalhar pelo país afora. Além disso, haverão cursos paralelos de planejamento cicloviário. Uma excelente forma de aproximar os interesses e a terminologia dos ciclistas e dos responsáveis pela implantação de infra-estrutura cicloviária.

As inscrições são gratuitas. A programação completa e mais informações no www.bicicultura.org.br