O trânsito é um sistema complexo, que não se resume a conceitos bidimensionais simples como tempo de deslocamento, fluxo de veículos (quantidade/tempo) e espaço para vagas.
É preciso considerar questões subjetivas como atratividade, conforto, beleza, principalmente quando se fala em calçadas e espaço para pedestres.
Andar a pé vai muito além do tempo gasto no percurso, pois caminhar é o encontro mais direto entre as pessoas e o espaço público, entre nós e a cidade que nos abriga e condiciona nossa existência.
Para o pedestre, o tempo gasto num trajeto geralmente não muda, caminhar não causa engarrafamento. As distâncias geralmente não se encurtam, pois, embora digam que o pedestre tem um trajeto “errante”, na verdade ele escolhe o caminho mais curto e aprazível dentro das possibilidades. Ao contrário dos carros em canaletas pré-estabelecidas, o andar do pedestre é um sistema complexo feito de decisões simples tomadas a cada segundo.
Por isto, é fundamental que políticas de trânsito considerem questões que não são medidas com réguas ou relógio. Além de levar de um lugar a outro, calçadas precisam ser agradáveis e convidativas. Queremos andar num lugar bonito.
Infelizmente, isto tem sido rotineiramente negligenciado nas políticas urbanas brasileiras. A culpa não é só dos motoristas que usam a calçada como estacionamento. O poder publico cuida mal das calçadas, que são mal construídas e mal conservadas, quando existem. A iniciativa privada por vezes usa as calçadas como espaço privado, mas por tradição não considera que também deveria cuidar delas. Se todos fizessemos nossa parte, a cidade seria melhor.
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