Antes mesmo de caminhar em posição ereta, o ser humano já sabia da importância do equílibrio. Mas foi caminhando que nossa espécie desbravou os continentes. Evoluímos e crescemos, sempre em frente.
Hoje vivemos talvez o ápice de um modo de vida que se universalizou enormente após a revolução industrial. Habitamos um mundo urbano, mais de 50% do total de 6 bilhões de indivíduos no planeta vivem em cidades.
A concentração populacional tão grande nas “selvas de pedra” é um enorme impulso a inovação de idéias e ações. As grandes metrópoles mundiais evidenciam com extrema dureza a necessidade de uma tomada de ação para que possamos, ricos e pobres, ver cumprido um desejo simples que aparentemente se perdeu ao longo dos últimos séculos, qualidade de vida.
Muitas vezes para seguir em frente precisamos repensar nossos caminhos. O cenário de caos climático e condições de vida abaixo do desejável no mundo apontam para a necessidade de reflexão.
A mobilidade urbana é um dos pontos a ser revisto. Responsável por mais de 50% das emissões de gases estufa além da emissão de gases tóxicos o trânsito das cidades é gerador não só de impactos locais negativos para a saúde da população, como também contribui para o tão falado aquecimento global.
Tantos malefícios são fruto de um rumo equivocado na condução de como devem ser organizadas nossas cidades. Já sabemos hoje que pensar o espaço urbano em função do automóvel particular é um equívoco, mas já existem alternativas.
A bicicleta é fruto da mesma revolução industrial que possibilitou termos hoje as megalópoles em um mundo globalizado. No entanto ela perdeu espaço durante o século XX com a popularização dos automóveis. Felizmente os tempos são outros e cada vez mais esse veículo simples e extremamente poderoso impulsiona não apenas pessoas, mas cidades inteiras rumo a novos horizontes. Já podemos constatar que quanto mais orientado para as pessoas, melhor é o ambiente urbano.
O trânsito motorizado está cada vez mais lento. Os custos para a população e para o planeta de uma mobilidade centrada no automóvel estão cada vez maiores. Os administradores, sejam municipais, estaduais, ou nacionais, devem portanto abrir o olhar para que nossas cidades possam ser espaços mais adequados aos seus habitantes.
Sozinha a bicicleta não será capaz de resolver o problema da imobilidade urbana. No entanto ela é acima de tudo um símbolo. É uma invenção que só se equilibra em movimento e mimetiza o fundamental ato de caminhar. Além disso, torna mais saudável quem pedala e não polui o ar que todos respiram. É igualitária e pode ser usada por ricos e pobres. Integra os espaços pela facilidade de estacionar e pela baixa velocidade. Mais ciclistas nas ruas deve ser portanto o desejo de todos.
Numa visão integrada da cidade, não basta apenas que mais pessoas usem a bicicleta, já que nem todos querem ou podem. Para transportar melhor a população de uma cidade mais humana, é necessário que haja transporte público de qualidade para todos e que a melhor e mais rápida maneira de se deslocar pelas cidades possa ser também geradora dos mínimos impactos negativos no ambiente urbano.
Essa realidade já é possível, basta apenas buscar um caminho mais equilibrado na gestão urbana.