Desafio intermodal, cotidiano

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O resultado da chegada do Desafio Intermodal (DI), acaba sendo sempre o mais visado, pois é o mais facilmente disponível além de estar fortemente vinculado a cultura da velocidade.
Chegar mais rápido nem sempre é a melhor solução ou a mais eficiente e esse é o grande lance dos DIs checar a eficiência de cada modal naquele percurso, naquele horário.
No VII Desafio Intermodal Carioca, o resultado de chegada foi consistente com anos anteriores mas teve algumas surpresas.

A moto, como de costume, foi a mais rápida, seguida pelo taxi que pode percorrer grande parte do trajeto na faixa seletiva dos ônibus, apelidadas de BRS. Na sequência, a combinação metrô-Bike Rio seguida pelo ciclista que percorreu todo o trajeto pedalando pelas ruas.

Um dos grandes resultados em comparação a anos anteriores foi o ônibus ter chegado 2 minutos antes do automóvel, 67 e 69 minutos respectivamente. Resultado ainda muito aquém dos 51 min do metrô-Bike Rio e dos 57 min da combinação metrô-ônibus.

Apesar dos efeitos mais notáveis em relação ao tempo de deslocamento ter sido obtido no taxi, a faixa seletiva de ônibus também contribui para baixar o tempo de deslocamento do transporte público, sua missão original.

Além de medir o tempo, também foram computados outros resultados objetivos, tais como custo da viagem, gasto de energia, poluição e emissão de CO². Nesse ranking a bicicleta se destaca nas primeiras posições e o taxi fica em penúltimo, logo antes do carro.

Por fim, tivemos também o ranking subjetivos, computados através de perguntas feitas aos participantes sobre suas impressões, no calor da chegada.

Veja todos os resultados no relatório completo do VII Desafio Intermodal Carioca. Confira ainda a foto oficial dos participantes.

Cordialidade urbana em versão impressa


Existem regras para a utilização de espaços urbanos comuns que os tornam mais agradáveis para todos. Os principais pontos de etiqueta urbana que os ciclistas devem observar foram selecionados e colocados em dois folhetos que a Transporte Ativo publicou em 2011 e que agora, com o apoio do Banco Itaú, ganhou versão impressa.

A idéia central dos folhetos é conscientizar o ciclista sobre a importância da cordialidade para a valorização da bicicleta como veículo urbano. Afinal, com todo ciclista urbano sabe, a bicicleta é um veículo de transformação pessoal, natural portanto promover uma outra ética urbana baseada no respeito ao outro.

Já foi dito que o brasileiro é um povo “cordial”, talvez o ciclista seja capaz de trazer uma nova luz sobre essa tal cordialidade brasileira.

Desafio intermodal, um histórico

Trajeto de deslocamento do “Desafio Intermodal” no Rio de Janeiro.

O Desafio Intermodal é uma excelente ferramenta para divulgar a necessidade de alternativas de deslocamentos para os cidadãos. Mais do que medir o tempo dos deslocamentos urbanos, ele mede as diferenças de custo e eficiência dos deslocamentos das pessoas, independente de qual modal.

No Brasil essa idéia nasceu no Rio de Janeiro, no século XX, mais precisamente em 28 de janeiro de 1993. O nome “Desafio Intermodal” só veio depois, em 2006, e vem de uma tradução livre do termo “commuter challenge”, iniciativa feita no exterior com o mesmo propósito.

Muita coisa mudou nas cidade ao longo de todos esses anos, principalmente em relação a necessidade de equacionar de maneira mais inteligente os congestionamentos. A realidade urbana das grandes cidades brasileiras é bastante similar. Em diferentes graus, todas enfrentam congestionamento e perda de qualidade de vida crescentes.

Dentro desse contexto, é natural que os desafios intermodais tenham ganho tanto espaço no século XXI. A primeira edição dessa segunda etapa histórica, teve início em 2006, no Rio de Janeiro, recebeu enorme visibilidade midiática e iniciou uma tradição, no mesmo ano São Paulo e Santo André realizaram os seus.  Desde então os resultados tem sido bastante similares, a bicicleta é sempre mais eficiente, econômica e sem emitir poluentes.

Quais são as novidades? Em São Paulo já teve até helicóptero e ainda assim a bicicleta chegou antes. Na edição de 2012 o helicóptero chegou apenas 2 minutos antes da bicicleta, mas certamente os custos financeiros, ambientais e sociais continuam proibitivos.

Alguns desafios persistem e ainda não foram equacionados, o maior deles é deixar claro que o evento não é uma corrida, mas sim um desafio cotidiano. Sendo assim, importa menos quem chega primeiro, mas sim o resultado geral e a comparação com anos anteriores bem como a detecção de distorções urbanas que precisam ser corrigidas.

Dentro dessa lógica, é mais importante medir velocidades e lançar luz sobre as dificuldades enfrentadas por pedestres, cadeirantes, ciclistas e usuários de transporte público. A única vitória possível para um desafio intermodal é que o cidadão seja privilegiado e que a circulação urbana seja cheia de opções, seguras, confortáveis, econômicas e sustentáveis.

Como construir ciclorrotas colaborativas.

Cerca de 30 pessoas estiveram presentes à oficina de avaliação de demanda para o sistema cicloviário no Centro do Rio de Janeiro.
Foram traçadas as rotas utilizadas hoje, as desejadas, pontuados os principais pontos de origens e destino, bicletários existentes e desejados, tudo em busca de uma rede coerente com a demanda existente.

A galera foi dividida em três grupos:
– G1 pessoas que pedalam pelo Centro,
– G2 pessoas que pedalam e gostariam de pedalar no Centro,
– G3 pessoas que não pedalam.

Além disso haviam quatro mapas:
– M1 Rotas utilizadas hoje e desejadas,
– M2 Origens e destinos,
– M3 Bcicletários, oficinas e equipamentos de apoio (chuveiro, bomba de ar) existentes e desejados,
– M4 Projetos existentes para o Rio sobrepostos para identificação de pontos de conflito e conexões.

Cada grupo trabalhou durante 30 minutos em cada mapa e agora o próximo passo é sobrepor todos os mapas produzidos durante a oficina para consolidar as rotas mais usadas e desejadas. Concluído o trabalho, haverá um novo encontro para validar os resultados e aí começar a próxima fase.

Ao mesmo tempo em que os mapas serão consolidados, haverão três contagem de ciclistas em diferentes pontos do centro do Rio, para medir e comprovar nas ruas o que foi apontado na oficina.

Quem quiser colaborar, até 5 de setembro estaremos recebendo rotas utilizadas e desejadas para incluir no estudo. Basta enviar um email para ciclorotas@ta.org.br para receber instruções de como contribuir.