O Prazer e Teoria da Relatividade

A bicicleta é um pequeno vício que beneficia os infectados. Não foi diferente com o jornalista e neo-ciclista Pedro Cirne. Ele aceitou o desafio de escrever sobre como é trocar o carro pela bicicleta por uma semana.

Já no segundo dia uma importante conclusão, todas as distâncias de bicicleta são percorridas em 15 minutos. Ainda que o relógio marque o dobro disso, o prazer de pedalar se encarrega de relativizar o tempo e o espaço. É a “Teoria da Relatividade” aplicada as bicicletas.

Como diria o próprio Albert Einstein: “A vida é como andar de bicicleta. Para manter-se equilibrado é preciso continuar em movimento.” Vale confirar os relatos do Pedro no Especial de Trânsito. Ele ajuda a mostrar benefícios evidentes que todo ciclista pode desfrutar, mesmo em São Paulo. Cidade famosa pelo trânsito intenso.

Os outros quatro jornalistas optaram pelo Transporte Público, sempre dentro da premissa de ver um mundo possível hoje, com uma nova mobilidade. Confira a íntegra.

Mover-se pelas Próprias Pernas

Dia 22 de Setembro é o “Dia Mundial Sem Carro”. O nome varia, mas o mote é sempre o mesmo, comemorar e defender uma outra cidade possível. A iniciativa veio da Europa, onde faz parte da Semana da Mobilidade. No Brasil, mais tem sido feito por organizações da sociedade civil do que pelo poder público. Diversos eventos comemorativos, reportagens especiais na mídia. Mas ainda não se tem claro a efetividade da data.

Para quem caminha, pedala ou usa o transporte público nada muda. Já os motoristas dos automóveis particulares ainda não foram devidamente sensibilizados para conhecer alternativas, nem que durante um dia apenas. Haja vista os enormes engarrafamentos em São Paulo que ocorreram apesar do “Dia Sem Carro”.

As bicicletas estão cada vez mais em evidência no mundo e os eventos de “mídia de guerrilha” em prol das magrelas se espalham Brasil afora. O Desafio Intermodal já se chamou um dia “Commuter Challenge“, as Vagas Vivas nasceram “Park(ing) Day“, a Critical Mass virou Massa Crítica e se naturalizou Bicicletada. Cada uma dessas três idéias foi adaptada para o Brasil e sua difusão ajuda a evidenciar cada vez mais a importância de se repensar a mobilidade em nossas cidades e o papel da bicicleta nesse contexto que está sendo construído.

Mais Rápido de Bicicleta

O Desafio Intermodal é um estudo empírico que visa medir o tempo de deslocamento dos diferentes modais de transporte disponíveis em uma cidade. São Paulo realiza a sua terceira edição hoje, dia 18 de setembro. Não é preciso estar presente para saber o resultado.

Quem pedala pela cidade sabe que a média de velocidade varia entre 15 e 22 km/h. Não existe engarrafamento nem atrasos. O trânsito motorizado no entanto não tem essa previsibilidade. Nos últimos anos os veículos a motor tem alcançado médias cada vez mais baixas. Segundo dados da Secretaria Municipal de Planejamento e Arquivo, durante o “Pico da Tarde”, a velocidade era de 16,8 km/h em 2006 (Como o trânsito parou São Paulo).

Desafio Intermodal São Paulo 2008:
Partida: Praça General Gentil Falcão, no Brooklin, Zona Sul.
Destino: Prédio da Prefeitura (Viaduto do Chá), Centro.

Esse ano em Curitiba já foi comprovado: Bicicleta é meio de transporte mais eficiente.

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– Mais sobre Desafio Intermodal no blog.
– Mais sobre trânsito no Estadão.

Trilhos abertos para Bicicleta


Foto Sergio Giusti

Desde o dia 17 de setembro de 2008, os ciclistas podem viajar com suas bicicletas nos trens do Metrô em todos os dias da semana, a partir das 20h30. O acesso é para no máximo 4 bicicletas por trem, embarcadas sempre no último vagão. O horário para os ciclistas usarem o sistema metroviário também foi ampliado. Com início previsto para o dia 20 de setembro de 2008, o novo horário dos sábados irá das 14h até o final da operação comercial (uma hora da manhã de domingo). Aos domingos e feriados, está garantido o acesso dos ciclistas durante todo o funcionamento do sistema: de 4h40 à meia-noite.

Fonte: Metrô-SP

A iniciativa é parte do plano de incentivo do Metrô que inclui ainda estacionamentos e bicicletas públicas. Quem já pedala por São Paulo certamente irá se beneficiar da medida. Infelizmente os trens da CPTM ainda não irão aceitar as bicicletas durante a semana, mas ao menos o horário foi estendido nos fins de semana.

Cada vez mais bicicletas nas ruas em São Paulo e integradas ao Transporte Público é a melhor maneira de fazer com que todos os habitantes da cidade possam se deslocar mais facilmente.

Desafios Auto Impostos

Um cano cortado ao meio onde se realizam manobras de skate. O termo em inglês half-pipe evoca uma modalidade esportiva que ganhou notoriedade e ajudou a popularizar a cultura das “pranchas sobre rodas”.

Hoje atletas do skate são conhecidos ao redor do mundo e em um festival de rock realizado em São Paulo a pequena prancha e seus artistas estavam presentes na condição de astros. “Palcos” exclusivos em uma disputa de igual para igual com os músicos pela atenção do público.

No half pipe música alta e um locutor era tudo que se ouvia. A ação e os olhares do público estavam centrados na pista onde os skatistas se lançavam sem medo em vôos cada vez mais altos. A meta subia em relação a borda. Primeiro 1,80 depois 2,40 e assim até os 4 metros. Aos poucos o número de atletas que superava as marcas diminuía. Até que apenas Sandro Dias (ou Mineirinho) foi capaz dos 3,60 m. Incitado pelo público Sandro levantou a marca. Todos pediram 4 metros, o atleta foi prudente e tentou primeiro 3,80 m. Superada mais essa marca, era a hora de agradar aos fãs.

Ao contrário da maioria dos atletas, Sandro não descia do Canion, uma rampa elevada que ajuda o atleta a ganhar velocidade, o Mineirinho descia a rampa da parte mais baixa e fazia pequenos saltos para ganhar velocidade. Assim foi mais uma vez na tentativa para os 4 metros. Pequenos vôos velozes que culminaram com o salto visando a marca imposta apenas pelo atleta e o público.

No momento exato Sandro usa as duas mãos para gentilmente levar o skate além dos 4 metros. Delírio do público.