Passos a Frente para os Pedestres

Pedestres são a parte mais frágil do trânsito e no Brasil são as maiores vítimas. Equacionar o problema das fatalidades em nossas ruas e estradas requer um abordagem múltipla. Não basta investir somente em infraestrutura, ou ter leis que coibam abusos. É preciso cercar todas as “frentes”. Educar pedestres e condutores, punir os infratores e investir em melhorias que garantam a circulação em segurança para os pedestres.

“Vamos trabalhar pela afirmação (ou reafirmação) da existência do pedestre, a mais antiga qualificação humana do mundo. Da existência e dos direitos que lhe são próprios, tão simples, tão naturais, e que se condensam num só: o direito de andar, de ir e vir, previsto em todas as constituições… o mais humilde e o mais desprezado de todos os direitos do homem. Com licença: queremos passar.”

Carlos Drummond de Andrade

Essa frase está na página de abertura do site da Associação Brasileira de Pedestres (ABRASPE). De lá também vem a versão comentada do “Manual do Pedestre em São Paulo“.

O manual presta um grande serviço ao condensar dúvidas e maneiras de agir. Muito do que lá está escrito pode e deve ser traduzido para qualquer cidade brasileira. Afinal temos um único Código de Trânsito.

A construção de cidades mais democráticas se fará também medindo o tamanho de nossas calçadas, afinal, quando mais largas as calçadas, maior a democracia.

Mais:
Motoristas que avançam na faixa viram alvo da CET

Provocações Brancas

As Bicicletas Brancas nasceram com os artistas e contestadores do Provos na Holanda. Ficavam espalhadas pelas ruas para quem quisesse usar. A polícia não gostou e confiscou as bicicletas sem dono. Elas passaram a ter cadeados com um código numérico reproduzido no quadro da respectiva bici.

A idéia foi longe. Hoje em Amsterdã não existem bicicletas brancas, mas pelo mundo afora se popularizam as tecnológicas bicicletas públicas e a infra-estrutura computadorizada responsável por gerir os sistemas. Os Provos seguiram seus caminhos mas uma boa idéia nunca morre.

Longe da tecnologia um grupo de artistas irá distribuir as Bicicletas Brancas por Curitiba. A idéia é colocar em circulação as magrelas que estão sendo sucateadas nas garagens pela cidade afora. No lugar da ferrugem, a tinta branca, ao invés de ficar parada sendo coberta por poeira, o vento e a liberdade de circular pelas ruas.

Para cada bicicleta doada, uma muda arbórea de presente ao doador. E todas as bicis juntas ficarão expostas durante o bazar organizado pela galeria de arte. Formarão uma enorme árvore de bambu e bicicletas.

Para doar bicicletas para o plano das bikes brancas
ligue ->(41) 3082-7091<-
ou envie um email para: contato@galerialudica.com.br

Saiba Mais:
Galeria Lúdica.
– Blog Arte Bicicleta Mobilidade

Bicicultura, Primeiras Impressões

Brasilia

O evento Bicicultura desse ano foi realizado em Brasília. No centro do poder nacional a idéia era levantar a bandeira da bicicleta como prioridade para o país. E a União dos Ciclistas do Brasil está cada vez mais se firmando no cenário federal.

A presença de tantos cicloativistas brasileiros na capital ajudou o trabalho colaborativo entre as diversas instituições locais que promovem a bicicleta. As dificuldades e boas práticas estão dadas e precisamos seguir rumo ao futuro.

Desde 2005 ciclistas ao redor do Brasil tem se reunido e essa regularidade e o contato virtual constante são os grandes responsáveis pelo nascimento e crescimento da UCB. Em 2005 foi em Florianópolis com a ViaCiclo, 2006 São Paulo e Escola da Bicicleta, 2007 Rio de Janeiro pela Transporte Ativo, 2008 Brasília com a Rodas da Paz.

Mas ainda há muito o que ser feito. Em entrevista ao Jornal do Brasil Beth Davidson da Rodas da Paz resumiu uma necessidade dos ciclistas:

– Temos que ter, sobretudo, educação no trânsito para reconhecer que existem outros meios de transportes. A bicicleta tem que ser vista como meio de transporte.

E o ciclista, “tem de ser respeitado como tal.”

Muito mais do que vultosos investimentos em infra-estrutura, a bicicleta precisa do apoio político proporcional a sua importância na construção de cidades melhores para todos. É essa a luta da União dos Ciclistas do Brasil e dos grupos locais nela representados.

Mais informações no site do Bicicultura.
– JB Online – Construção de ciclovias é prioridade do governo, diz secretário

Metrópoles e Áreas de Influência

Antes das eleições para o segundo turno, os cicloativistas André Pasqualini e Felipe Aragonez conseguiram duas entrevistas exclusivas com os candidatos à prefeitura de São Paulo. O objetivo foi direto, conhecer a opinião de cada um sobre a bicicleta e a importância do Transporte Público.

Muito mais do que as perguntas, ambos os vídeos servirão como um registro histórico do compromisso de ambos os políticos com a bicicleta. A capital paulista concentra o maior número de eleitores no país e quem vencer aqui, irá afetar a política de todo o país.

Enquanto isso, em Nova Iorque, o espaço público é visto com a devida importância pelo departamento de trânsito. Uma cidade de influência sobre o planeta inteiro certamente pode ser usada como exemplo para qualquer outra metrópole de influência local ou nacional. A esperança é que possamos realizar a máxima de cantada por Frank Sinatra de que se você obtém sucesso em Nova Iorque, você é capaz de ser bem sucedido em qualquer lugar. Que assim seja com as políticas de valorização do espaço público e dos pedestres.

Nova Iorque é a cidade com a menor taxa de veículos automotores por habitante dos Estados Unidos. Por lá, não vale a pena ter seu próprio carro. O metrô está espalhado pela cidade e além disso os engarrafamentos estão lá para não deixar os carros se moverem. Mas a cidade nunca dorme e não pode parar. Assim, as entregas expressas de documentos e pacotes é feita pelos “bici-mensageiros” com suas bicicletas fixas. Até mesmo executivos engravatados pedalam pela cidade.

Como inspiração, Gene Kelly, Frank Sinatra, e Jules Munchin cantam uma “outra” Nova Iorque.

Saiba Mais:
Entrevistas sobre bicicletas com os candidatos à prefeitura de São Paulo.
Uma Conversa com a comissária Janette Sadik-Khan do Departamento de Trânsito nova-iorquino
O que Esperar dos Prefeitos?

Prioridade Absoluta para Bicicletas

Copenhague, capital da Dinamarca é exemplo mundial de prioridade para a circulação de bicicletas. Mesmo já sendo exemplar, novas medidas continuam surgindo para que o trânsito continue sendo silencioso e limpo. Para garantir a melhora na fluidez das bicicletas, a prefeitura implantou uma “onda verde”. Os semáforos foram programados para possibilitar que os ciclistas sigam sem precisar parar, basta manter uma velocidade constante de 20km/h.

O devagar e sempre levado ao máximo. Uma medida simples que possibilita a economia de energia por parte do ciclista e funciona como uma mensagem clara da importância de quem se desloca de bicicleta. O resultado de uma política tão bem sucedida está nas ruas todos os dias. Copenhague é uma cidade que luta para enfrentar um outro tipo de congestionamentos: o de bicicletas nas ciclovias.

Jan Gehl, famoso urbanista dinamarquês, certa vez disse que é maravilhoso acordar em uma cidade e vê-la um pouco melhor. Assim tem sido nos últimos 40 anos. Que mais cidades ao redor do mundo possam ser varridas pela grande onda verde em prol das bicicletas que vem do Mar do Norte.


The Green Wave in Copenhagen from Colville Andersen on Vimeo.

Via Copenhagenize: Surfing the Green Wave in Copenhagen e TreeHugger