Retratos e inspiração

A visita de Nic Grobler ao Brasil, em especial à São Paulo, foi um momento de inspiração para ciclistas e um convite para conhecer mais sobre os ciclistas da África do Sul, um país que, mesmo do outro lado do Atlântico, tem problemas e potenciais semelhantes em relação ao uso da bicicleta.

A bicicleta é veículo capaz de promover a igualdade, mas acima de tudo, é um meio de despertar um outro olhar. Através das pedaladas é possível ver beleza na simplicidade, valorizar a importância das pequenas coisas. Ao olhar cada imagem congelada dos ciclistas sul africanos, torna-se impossível sair as ruas sem imaginar as histórias de paixão pela bicicleta de cada um dos ciclistas que circulam pelas ruas e estradas do Brasil.

Permanece o convite a todos para conhecer mais sobre o Bicycle Portraits, encomendar os livros e, para os mais inspirados, retratar ciclistas brasileiros.

Mapa cicloviário do Rio é premiado

O aplicativo Rio de Bicicleta para Android da TA, baseado no Mapa Cicloviário Colaborativo do Rio de Janeiro foi um dos premiados no Concurso Rio Apps. Desenvolvido por Marcos Serrão, premiado também no RioIdéias pelo conceito que inspirou o app segundo colocado. Além disso, Serrão também desenvolveu o app CTB de Bolso.

O Aplicativo
A partir de informações coletadas e unificadas através de projeto da Transporte Ativo e dados disponibilizadas no site Rio DataMine, foi possível desenvolver um aplicativo que mostrasse de maneira organizada diversos dados úteis para ciclistas no Rio de Janeiro.
Esses dados todos foram reunidos num aplicativo desenvolvido para Android, com uma interface bastante simples e intuitiva, permitindo em poucos cliques chegar aos mapas mantidos por membros da Transporte Ativo e atualizados com freqüência.

Zé Lobo, diretor-presidente da Transporte Ativo, representou Marcos Serrão na cerimônia de premiação.

Os aplicativos para telefones celulares ainda tem um grande potencial para crescer e já ter à disposição iniciativas pioneiras de incentivo ao uso da bicicleta é certamente motivo de orgulho. O concurso tevem quase 2.000 inscrições e com certeza mostrou o potencial e a inventividade em curso na cidade do Rio de Janeiro para promover e fortalecer uma cidade que funcione em função de seus cidadãos. A bicicleta é uma tecnologia simples e que se manteve útil e eficiente desde o século XIX até o século XXI. Os aplicativos que favorecem a vida do ciclista são uma contribuição para manter e promover a eficiência e realizar o potencial dessa invenção tão poderosa.

Os premiados no Concurso Rio Apps

Mais sobre o concurso:
SECT – Secretaria Especial de Ciência e Tecnologia – Prefeitura do Rio lança concurso de aplicativos RioApps
Prefeitura do Rio de Janeiro lança o concurso Rio Apps

Progresso urbano

A imagem acima é, diz-se, a primeira fotografia a registrar uma figura humana. Um homem que ficou parado durante os dez minutos em que a foto foi tirada. Esse foi o tempo necessário para que a luz pudesse modificar os sais de prata e produzir o retrato da paisagem.

Nos dez minutos em que ficou parado, passaram pelo homem pessoas, cavalos, charretes, carruagens. Nada disso pode ser visto por serem rápidos demais para a máquina registrar. Desde 1838 até hoje, a noção de tempo e espaço mudou, mas a que custo e para o benefício de quem.

O vídeo abaixo ainda é do século XIX, carruagens, charretes e ônibus puxados por cavalos compartilham uma ponte. O passo é lento, o cavalo segue no ritmo do caminhar de uma pessoa.

Anos depois e já estamos no século XX, na ponte de Londres em 1926. O trânsito segue pesado, mas agora o transporte é motorizado. Nas calçadas ainda há vida, os pedestres seguem em largas calçadas e os veículos tracionados por cavalos seguem presentes nas ruas.

Los Angeles, século XXI, cidade exemplo máximo do planejamento centrado no transporte individual motorizado. Não há cidade, não há vida na rua. O espaço urbano pertence aos congestionamentos durante a hora do rush. Mas olhando bem, não passa de um grande vazio de asfalto, com largas pistas e nenhuma vida.

Running on Empty (Revisited) from Ross Ching on Vimeo.

Havia algo de correto que ficou perdido ao longo da história das cidades durante o século XX. O século XXI é o tempo de revermos nossa trajetória, sem apontar culpados. É hora de pensar em alternativas para o queremos fazer na maior obra de arte aberta de todos os tempos, as cidades.

Todo esse longo caminho em vídeos antigos foi inspirado em duas reflexões, também em vídeo, sobre caminhos e tecnologias humanas.

O primeiro mostra um planeta sedento por petróleo:

Bendito Machine IV – Fuel the Machines from Zumbakamera on Vimeo.

Já o segundo é uma propaganda que mostra o caminho que a agricultura industrial tomou nos últimos anos:

O futuro se constrói no presente. Ao olhar para o passado é possível ver o legado imprevisível deixado por aqueles que viveram antes. O legado futuro não nos pertence, apenas o momento presente resta-nos imaginar e realizar um futuro que seja melhor que aquele que foi construído no passado.

Mobilidade como serviço

Estamos em ano de eleições, mais uma vez a bicicleta entrará em pauta nas promessas em relação à priorização da bicicleta. Mas é importante fazer um retrato da lógica que tivemos até hoje em relação a mobilidade urbana, seja para bicicletas ou para pedestres.

Tanto por parte das administrações municipais, do governo federal ou dos estados, mobilidade costuma ser traduzida em obras. Infelizmente grandes somas de recursos seguem ainda para obras viárias e muitas dessas obras privilegiam a mobilidade motorizada individual.

Priorizar a bicicleta e os pedestres começa em uma política pública de incentivos, mas os resultados precisam antes passar por um orçamento organizado e favorável. As obras certamente são importantes, já que infraestrutura cicloviária é uma necessidade em qualquer cidade brasileira. Mas obra não pode ser um fim em si mesmo.

A prioridade para pedestres e ciclistas tem de ser vista como um serviço do poder público oferecido à população. Uma cidade que apenas oferece espaço de circulação para cidadãos em veículos motorizados é uma cidade limitada. Pedestres precisam ter acesso à calçadas de qualidade, mas também precisam de transporte público eficiente para as longas distâncias.

Pensar mobilidade quanto serviço é tratar pedestres e ciclistas como clientes que precisam estar satisfeitos e bem atendidos para que continuem a optar por caminhar mais. A mobilidade como meio de suprir a oferta por deslocamentos em automóvel é uma equação que não se fecha. Cada cidadão dentro de seu automóvel imediatamente dificulta o deslocamento e o uso do espaço público por outros. Já um pedestre e até mesmo um ciclista que se desloca pelas ruas das cidades faz um uso raciona que garante uma distribuição igualitária do espaço urbano.

Enquanto zelar pela qualidade do piso asfáltico for o grande serviço oferecido pelo poder público municipal, nossas cidades estarão fadadas aos congestionamentos e a perda da qualidade de vida. Mudar o paradigma da mobilidade involve garantir que pedestres e ciclistas sejam atendidos da melhor forma possível em suas necessidades de deslocamento.

O título e a idéia desse post vieram da leitura da entrevista de Roberto DaMatta com Tom Vanderbilt na Revista Trip de junho de 2012.

Bicicleta, ferramenta de aproximação

Pedalando pela África do Sul, os fotógrafos Stan Engelbrecht e Nic Grobler produziram uma série de livros com retratos de ciclistas sulafricanos chamado de Bicycle Portraits (ou Retratos de Bicicleta). Em visita à São Paulo, Nic irá expor algumas das fotos do livro na Ciclo Vila e participar de um bate-papo informal nesse sábado 07 de julho, às 14h30. Confirme presença no facebook.

A África do Sul é um planeta dentro de um único país, com diversas culturas, e uma história trágica de segregação e racismo. Através desse projeto, esperamos poder oferecer as pessoas um olhar sobre a vida de cada um através de um objeto dotado de movimento, praticidade e alegria – a bicicleta.”

Do outro lado do Atlântico, através da arte, a bicicleta busca ser uma ferramenta de assistência e construção da independência de uma parcela menos favorecida. Essa reflexão é também necessária e está cada vez mais em curso no Brasil, a presença de um ciclista do “sul do planeta” nos ajuda a repensar nossa própria realidade através de um país que tem diversas semelhanças com o Brasil.