Sobre a Necessidade do Verde

A Organização Mundial da Saúde estabelece que cada cidade deve ter ao menos 12 metros quadrados de área verde por habitante. Os números são frios e não explicam porque cada cidadão deve ter um mínimo de verde para chamar de seu.

Por mais que muitas pessoas sejam reticentes em admitir, somos apenas mais uma forma de vida que habita esse planeta. Moramos em cidades há muito pouco tempo, por volta de 5 mil anos. Enquanto demoramos centenas de milhares de anos para evoluirmos em meio a natureza. Dentro dessa lógica portanto, a cidade não é nosso habitat. Trata-se apenas de uma maneira conveniente de vivermos, face ao número enorme de seres humanos no mundo.

Cidades são de certa forma nosso zoológico. Dependem de alimento vindo de fora e apresentam uma densidade populacional sem precedentes e impossível de ser repetida na natureza. Sendo um zoo, temos de mimetizar alguns aspectos do mundo natural que não encontramos normalmente.

Parques e áreas verdes são agradáveis por um motivo bem simples, nos levam as nossas reais origens. Áreas verdes tem um valor por si só, mas tem também o valor utilitário de trazer prazer aos moradores de uma cidade. Um prazer ancestral que remete ao que realmente somos.

Qualidade de vida não é um dado objetivo, medido com uma régua, no entanto, pode-se trabalhar para sua melhoria. Pacientes efermos recebem alta mais rápido em hospitais com vista para o verde. Esse dado deveria ser levado em conta também no planejamento urbano. Uma população mais saudável objetiva e subjetivamente precisa ter contato com a natureza, seja em parques urbanos ou florestais. Afinal, áreas verdes nos fazem mais felizes e ao mesmo tempo garantem nossa saúde. Parques são “externalidades positivas“, um bem de valor inestimável.

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Paulistanos carentes de áreas verdes – O Eco

Integrar-se à Cidade

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Cidades são aldeias sem fim, um horizonte de prédios cercados por ruas e avenidas. Mas o que dá vida a esse ambiente construído são as criaturas responsáveis por todas as construções.

As pessoas que caminham na ruas, que moram e trabalham nos prédios são o elemento visível e mais importante para garantir a alegria e a qualidade de uma cidade. Muitas vezes somos levados a solidão e ao afastamento e tudo ao redor se torna pouco amistoso.

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Mas o mesmo asfalto que isola e impermeabiliza o solo é quem ajuda a pavimentar o caminho da própria cidade e encurta distâncias. Basta pedalar no asfalto liso, desbravar cada rua. Conhecer o melhor e o pior caminho. Sentir os cheiros, aproveitar as melhores correntes de vento, as sombras mais especiais. Durante a noite ir pelos caminhos escuros na busca pelo silêncio perdido, ou perder-se nas luzes, acima, abaixo e por todos os lados.

Nossa cidade é o que fazemos dela e será cada dia melhor quanto mais soubermos saber estar e não apenas cruzar por tudo como passageiros. A bicicleta é um pouco da mudança que queremos ter. O veículo ideal para sentir-se parte do ambiente que nos circunda.

Se Essa Rua Fosse Minha

Talvez não pusesse ladrinhos na minha rua, mas certamente ela seria aberta apenas aos meios silenciosos de transporte.

Pedestres e ciclistas teriam prioridade se essa rua fosse minha.

Nessa rua, se apenas ela fosse minha, as calçadas seriam uma extensão das lojas e das casas. Lugar convidativo aos passos leves. Nada de trotes apressados.

Tudo isso apenas se essa rua fosse minha. Mas parece que ela vai deixar de ser.

As obras de expansão do Metrô de São Paulo seguem seu ritmo. Por conta disso a interdição da rua Fradique Coutinho irá terminar. Até hoje, somente ciclistas e pedestres podiam acessar a rua dos Pinheiros. No lugar do asfalto para a circulação motorizada, um grande canteiro de obras. Os buracos foram tampados e voltou reluzente o asfalto.

Essa rua deixará de ser minha. Deixará de ser silenciosa para quem nela mora, deixará de ser tranquila e de interesse apenas para quem quis estar nela. Virará mais um local de passagem, mas eu vou continuar passando por ela.

Ah mas se ela fosse minha…

Livremente inspirado na cantiga popular “Se Essa Rua Fosse Minha“.

Vale conferir o vídeo abaixo com intervenções em uma outra rua, que também não é minha, mas é humana e alegre.

Famosas Moças e suas Lindas Máquinas

O site TreeHugger.com tem uma galeria de fotos dedicada as celebridades femininas em bicicleta. A moça acima é Scout Niblett uma cantora e compositora estadunidense.

Simplesmente feliz em seu veículo.

A cidade amiga da bicicleta é uma cidade onde pedalar não é uma atividade para ousados homens entre 20 e 30 anos. Uma cidade verdadeiramente acessível a todos tem que incluir as belas moças e seus esguios veículos.

Pedalar é transportar-se e também uma maneira de entrar em contato consigo, com seu bairro e o que há de bom para ser visto e apreciado.

Uma cidade pensada para nossas mães, esposas, filhas é um lugar mais interessante e belo para todos. Um espaço que não distingue idade, gênero ou classe social. Ambiente verdadeiramente democrático.

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Confira a galeria de celebridades de Bicicleta.

Mais belas e estilosas imagens no Copenhaguen Cycle Chic.

Paradoxo no Trânsito

Durante muitos anos acreditou-se que a solução para melhorar a fluidez do trânsito rodoviário passava pela construção de novas vias. No entanto esse conceito não tem mais valor. Inclusive, ao aumentar a infra-estrutura viária pode-se até piorar as condições do tráfego.

Dada a natureza anárquica do trânsito e a escolha individual de cada motorista, temos que muitas vezes não há qualquer incentivo a que uma rota seja escolhida em detrimento de outra. Milhares de pessoas tomam decisões baseadas na sua própria conveniência e na presunção de que a rota escolhida é a melhor e mais rápida. Com isso o trânsito não fica distribuído de uma maneira que garanta o menor tempo de viagem possível.

Os físicos responsáveis pela pesquisa apresentam o seguinte exemplo para explicar a teoria: um motorista pode fazer um caminho mais curto por uma ponte estreita ou um trajeto mais longo por uma via expressa. Na melhor conjuntura, o tempo de viagem de todos seria menor se metade das pessoas escolhesse cada um dos caminhos. Mas não é assim que acontece. Alguns motoristas irão usar a ponte estreita para ir mais rápido e a medida que se formem engarrafamentos, muitos optam pela pista expressa. Assim, ela também fica engarrafada e alguns motoristas optam novamente pela ponte estreita. Gradualmente o fluxo nos dois trajetos atinge o “equilíbrio de nash”, quando nenhum motorista iria chegar mais rápido se mudasse seu trajeto.

A solução para a má distribuição do fluxo motorizado foge ao senso comum. Ao fechar algumas ruas, é possível se aproximar do tempo ótimo de viagem. O motivo é simples, uma distribuição mais homogênea de veículos nas vias que continuariam disponíveis a circulação motorizada.

Surgiriam naturalmente benefícios além da simples melhora na fluidez. Ao invés de uma via congestionada, ruas exclusivas para ciclistas e pedestres.

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Para quem quiser saber mais:
If You Build, They Will Clog.
Queuing conundrums