Lazer Expresso

Cidades humanas são espontâneas. A diversidade de usos é sempre a tônica central. Um espaço que era vazio, transformou-se em área de lazer. Ao invés do deslocamento incessante de veículos motorizados a alegria de pedestes, skatistas e ciclistas. Assim foi o domingo de túnel Rebouças fechado. Os vizinhos se encarregaram de deixa-lo aberto a novos e nobres usos.

Humanizar uma cidade de vias expressas não é tarefa rápida. No entanto, os últimos dias no Rio de Janeiro marcaram a população carioca. Ficou clara a necessidade de investimentos em transporte de qualidade e mais e melhores áreas de lazer, por toda a cidade.

Um passo a frente por cidades mais humanas.

Vias Expressas

Um oportunidade única, pedalar dentro do túnel Rebouças no Rio de Janeiro. O fechamento aos veículos motorizados possibilitou a sua abertura para as pessoas. São 2.047 metros na primeira galeria e 772 metros na segunda. A ligação mais longa da Lagoa ao Cosme Velho não pode ser completa por conta das obras entre as galerias. Ainda assim foi possível pedalar na segunda galeria depois pelo elevado até chegar ao centro da cidade.

Confira o vídeo:

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Baixe o vídeo “Túnel Rebouças e elevado de Bicicleta”

O Rebouças foi construído como um “atalho” para os veículos motorizados entre as zonas Norte e Sul da cidade. Esse atalho e muitos outros incentivaram o uso do automóvel particular para os deslocamentos na cidade. A interdição do túnel mostrou a ineficiência desse modelo de mobilidade urbana e ressaltou a necessidade de oferecer alternativas.

Os ciclistas cariocas no entanto, puderam chegar sem problemas aos seus destinos. A propulsão humana novamente pôde mostrar seu valor.

O prefeito César Maia afirmou que “96% dos 190 mil veículos que passam pelas duas galerias são carros particulares.” Seriam portanto 182 mil automóveis com uma média de 1,2 e 1,4 pessoas por veículo. Algo entre 218 e 254 mil pessoas. Indagado sobre as vias expressas da cidade que se abrem aos pedestres e ciclistas aos domingos, o secretário de Transportes do município, Arolde de Oliveira, pediu a “população motorizada” que utilize outros meios de transporte. Segundo ele, o que ocorreu no Rebouças não pode prejudicar os que não usam carro.

Crescimento Urbano

O Rio de Janeiro cresceu entre o mar e montanhas. Túneis foram escavados para reduzir distâncias entre lados opostos dos morros. Ao mesmo tempo, rios foram canalizados, encostas ocupadas por construções.

Quando a água cai, cobra um preço alto. O bom planejamento urbano deve sempre levar em conta as condições climáticas e geológicas dos terrenos. Dentro de um pensamento mais amplo, a cidade não deve se impor à natureza em seu entorno, pelo contrário, devemos pensar em como nos aliar as forças naturais.

Pensar uma cidade para as pessoas é otimizar o fluxo dos habitantes. Planejar para o transporte público e meios não-motorizados traz como benefício portanto um menor impacto ao meio ambiente. Já que serão necessários menos ruas asfaltadas, túneis e viadutos para o deslocamento da população.

Basta nos mirarmos no exemplo de Seoul que mostra como podem ser as cidades no futuro. Cidades ao redor do mundo já descobriram que mais espaço para as pessoas, bicicletas e transporte público faz diminuir progressivamente a necessidade e a intensidade do uso de automóveis particulares, gerando benefícios para todos.

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Avante Brasil

O Brasil ambiciona ser sede da Copa do Mundo no ano de 2014. Fanáticos por futebol irão em breve lotar o estádio Mário Filho, o Maracanã, na Zona Norte do Rio de Janeiro. Estado e Município do Rio esperam ver o antigo “Maior do Mundo” como estádio oficial do maior evento futebolístico do planeta.

Para impressionar o comitê da FIFA em visita à cidade, foi preparado um esquema especial de trânsito para atender ao enorme fluxo de pessoas. A mensagem é clara: “utilizem o transporte público”.

Trens e metrô funcionarão até mais tarde e as linhas de ônibus contarão com veículos extras para suprir a demanda. Além disso, o espaço público das ruas ao redor do estádio não será disponibilizado para o estacionamento de automóveis particulares. Tudo para facilitar a fluidez de pessoas e veículos, bem como criar dificuldades para quem faz questão de se deslocar de carro.

Todas essas medidas são de enorme importância para o sucesso do evento e mostram a competência dos técnicos municipais em lidar com grande concentração e dispersão de pessoas. Vide os eventos na orla de Copacabana que chegam a reunir 2 milhões de pessoas na noite de Ano Novo.

Cabe apenas ressaltar que para incentivar o carioca a deixar o carro em casa não bastam restrições ao estacionamento e esquemas especiais para o transporte público. A bicicleta pode também contribuir para diminuir as retenções no trânsito, nos grandes eventos. Um excelente exemplo, já citado aqui, são os “manobristas ciclísticos” que atuam em um estádio de Futebol Americano em São Franscisco.

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