Ville à Vélo

Com o slogan “la ville est plus belle a vélo” (a cidade é mais bela de bicicleta), Paris lançou nesse domingo, 15 de julho um novo e revolucionário sistema de transportes. Bicicletas de aluguel que funcionam como um complemento ao sistema de transportes urbanos. Usuários cadastrados podem pedalar sem qualquer custo por até 30 minutos. Depois, passa a valer uma tarifa crescente a cada meia hora excedente. O sistema foi inaugurado com mais de 10 mil bicicletas em 750 estações. A previsão é de que até setembro sejam 14 mil magrelas em 1.000 pontos e ao final do ano 20 mil em 1.400 pontos.

Iniciativas similares em outras cidades européias mostram uma tendência para que haja um número crescente de usuários regulares da bicicleta. Vélib é uma contração de Vélo (bicicleta) mais Liberté (Liberdade). Nada mais natural que a experimentação seja o primeiro passo para querer ser livre diariamente.

A prefeitura de Paris tem na utilização das bicicletas públicas um dos pilares para uma efetiva mudança nos impactos negativos gerados pelo transporte na cidade. Com esse ideal em mente, nada mais natural que possibilitar a população acesso fácil ao melhor veículo para curtas distâncias, a boa e velha bicicleta. Agora repaginada em sistema oficial de transporte público.

O projeto teve um custo de aproximadamente 90 milhões de dólares e foi custeado por uma empresa de mobiliário urbano. A mesma responsável pelos pontos de ônibus e painéis publicitários em diversas cidades do mundo, inclusive no Rio de Janeiro e São Paulo. Além dos enormes benefícios para a cidade, foram também gerados 400 empregos diretos na manutenção e implementação do sistema.

Mais bicicletas nas ruas é também uma excelente maneira de promover cidades mais belas. Que o exemplo parisiense seja cada vez mais encampado por mais administradores municipais ao redor do mundo.

Durante o Velocity 2007, a Transporte Ativo esteve em contato com diversos grupos que implementaram ou pretendem implementar sistemas semelhantes ao parisiense. Quem quiser maiores informações, entre em contato conosco.

  • Mais:

> Mais Bicicletas na Cidade Luz
> Velib´ – endereço oficial.
> Ciclocity – Um projeto da empresa de mobiliário urbano JCDecaux

Bicicleta e Peso

Nem tudo que é bom é imoral, ilegal ou engorda. Transportes ativos usados cotidianamente além de produzirem a felicidade do usuário, através da produção de endorfina, contribuem também para a melhoria da qualidade de vida da população.

Seja na bicicleta ou na vida, ser saudável envolve paciência e uma pedalada de cada vez. Como definido na Escola de Bicicleta:

Não existe resultado sadio para mente e corpo sem controle da ansiedade, sem trabalho, persistência, progresso gradual e respeito aos próprios limites e os do seu meio ambiente.

Devagar e sempre, mesmo em distâncias curtas, pode-se chegar longe. Apenas movendo-se pela força dos pedais.

  • Mais:

> Improving Health Through Transport
> Saúde no blog.
> Do Guidão para a Saúde
> Saúde – Escola de Bicicleta
> Cientistas e OMS apóiam o uso da bicicleta no cotidiano – mesmo nos grandes centros poluídos

Vias Humanas

A maneira de se transitar pela cidade tem um impacto direto sobre a maneira de enxergar o tecido urbano. Pode haver uma grande dissociação do entorno, ou um grande envolvimento. Vai depender apenas da força motriz e da velocidade.

Vias expressas são comumente vistas como separadas do restante da cidade. Nada mais natural, pois foram construídas apenas como ligação entre locais e não como um espaço que valesse a pena ser percorrido.

Calçadas e ruas com intenso trânsito de pedestres e ciclistas, no entanto, apresentam uma riqueza de usos que integra os elementos vivos aos construídos.

No âmbito individual, a cidade para quem caminha e pedala apresenta uma dinâmica muito mais interessante. O contato e a interação humanas são um elemento primordial que dá vida aos prédios e vias de circulação de uma cidade.

Aos poucos os caminhos vão ficando mais claros e a promoção da qualidade de vida por meio de uma cidade mais acessível e adequada as pessoas tornar-se há não só uma iniciativa individual, mas pública.

Abaixo o exemplo da área de lazer dominical em Bogotá, na Colômbia. O espaço público formado por quilômetros de avenidas em toda a cidade são tomados por ciclistas, patinadores e pedestres. Uma outra cidade, ainda que somente aos domingos e feriados.

  • Mais:

A Liberdade da Propulsão Humana – Kevin Lynch e outras reflexões sobre a cidade.
Calçadas e Ciclovias (apocalipsemotorizado)

Símbolo de Liberdade

Bicicleta:

A bicicleta aparece freqüentemente nos sonhos do imaginário moderno. Ela evoca três características:

a) trata-se de meio de transporte movido pela pessoa que dele se utiliza, ao contrário de outros veículos que são movidos por força alheia. O esforço individual e pessoal afirma-se, com a exclusão de toda e qualquer outra energia a fim de determinar o movimento para frente;

b) o equilíbrio é assegurado somente pelo movimento para a frente, exatamente como na evolução da vida exterior ou interior;

c) só uma pessoa de cada vez pode montar na bicicleta. Essa pessoa, portanto, faz o papel de cavaleiro único ( o tandem, ou bicicleta de dois assentos, é um outro caso).

Como o veículo simboliza a evolução em marcha, o sonhador monta no seu inconsciente e vai adiante por seus próprios meios, em vez de meter os pés pelas mãos (fr. perdre les pédale – perder os pedais – i.e., descontrolar-se ou confundir-se) por inércia, neurose ou infantilismo. Pode contar consigo mesmo e assumir sua independência. Assume a personalidade que lhe é própria, não estando subordinado a ninguém para ir aonde lhe aprouver.

Nos sonhos, raramente a bicicleta indica uma solidão psicológica ou real, por excesso de introversão, de egocentrismo, de individualismo, que impeça a integração social: ela corresponde a uma necessidade normal de autonomia.

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Foto Zé Lobo

  • Extraído de:

Dicionário de Símbolos. Jean Chevalier e Alain Gheersbrant. José Olympio Editora – 6ª Edição – 1992.