Bicicleta:
A bicicleta aparece freqüentemente nos sonhos do imaginário moderno. Ela evoca três características:
a) trata-se de meio de transporte movido pela pessoa que dele se utiliza, ao contrário de outros veículos que são movidos por força alheia. O esforço individual e pessoal afirma-se, com a exclusão de toda e qualquer outra energia a fim de determinar o movimento para frente;
b) o equilíbrio é assegurado somente pelo movimento para a frente, exatamente como na evolução da vida exterior ou interior;
c) só uma pessoa de cada vez pode montar na bicicleta. Essa pessoa, portanto, faz o papel de cavaleiro único ( o tandem, ou bicicleta de dois assentos, é um outro caso).
Como o veículo simboliza a evolução em marcha, o sonhador monta no seu inconsciente e vai adiante por seus próprios meios, em vez de meter os pés pelas mãos (fr. perdre les pédale – perder os pedais – i.e., descontrolar-se ou confundir-se) por inércia, neurose ou infantilismo. Pode contar consigo mesmo e assumir sua independência. Assume a personalidade que lhe é própria, não estando subordinado a ninguém para ir aonde lhe aprouver.
Nos sonhos, raramente a bicicleta indica uma solidão psicológica ou real, por excesso de introversão, de egocentrismo, de individualismo, que impeça a integração social: ela corresponde a uma necessidade normal de autonomia.
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Foto Zé Lobo
Dicionário de Símbolos. Jean Chevalier e Alain Gheersbrant. José Olympio Editora – 6ª Edição – 1992.