Bicicleta Integrada

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Foto retirada do Apocalipse Motorizado

Integrar a bicicleta aos meios de transporte de massa é uma questão fundamental para a mobilidade das cidades. Em São Paulo, aos sábados e fins de semana isso já é possível. Uma video reportagem de Renata Falzoni ilustrou a recente inauguração.

No entanto, cidades no exterior, o acesso dos ciclistas aos trens é facilitado e permitido em qualquer hora. Naturalmente que ninguém têm a idéia infeliz de usar o metro lotado na hora do rush carregando sua bicicleta. Prevalecendo o bom-senso e uma infra-estrutura mínima dentro dos trens, bicicletas e transporte de massa tem muito a se complementar.

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Em São Francisco, a bicicleta tem espaço nos trens.
Foto de Jym Dyer

Imobilidade pode ser vício

De acordo com o autor suíço Siro Spörli, o automóvel é tão perigoso quanto uma droga e proporciona aos seres humanos uma forte sensação de poder, sedução e tesão. O carro então adquire um significado diferente, não mais apenas um mero meio de transporte, mas um simulacro de felicidade e prazer. Homens e mulheres tentam encontrar um momento de plenitude em suas vidas estressadas.

Nenhuma campanha que vise reduzir o uso do carro particular terá sucesso se não levar em consideração a “dependência automobilística”. São necessárias algumas das eficazes táticas de combate aos vícios empregadas em campanhas como o anti-tabagismo e o alcoolismo. Iniciativas apelativas, que apontam o dedo na cara dos “malvados motoristas”, podem ser contraproducentes, uma vez que a resposta típica das pessoas para os alertas de um futuro sombrio e condenando é sentir-se oprimido, com sentimentos do abandono e desespero.

Como se cura um vício?

Uma característica importante das campanhas anti-fumo foi o foco em crianças. Embora haja várias técnicas para se lidar com hábitos, a maioria dos peritos concorda que a melhor solução é nunca adquiri-los. Segue então que a melhor maneira de tratar o uso desnecessário do carro é, antes de tudo, nunca começar a usá-lo desnecessariamente.

Um estudo feito na Inglaterra em 1995 descobriu que as crianças são tão dependentes dos carros quanto seus pais, pois 90 por cento das meninas e 75 por cento dos meninos disseram que encontrariam dificuldade em ajustar seu estilo de vida sem um carro. Tentativas devem ser feitas para impedir que gerações futuras se tornem viciadas em carro, é importante ter como alvo as crianças que ainda não assimilaram a propaganda pró-carro. O estudo sugere que, quando crianças atingem 13 anos, já está demasiado tarde; por meio de condicionamentos sociais elas já foram influenciadas pela cultura do automóvel.

Estas e outras desafiadoras idéias estão presentes no artigo “Viciados em carros”, traduzido do original inglês “Hooked on cars”, que se encontra na Revista Carbusters.

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Há outros textos e artigos acadêmicos nesta mesma linha, que considera o uso do carro como vício.

Disponível na página da Transporte Ativo:
* Como Curar a dependência do Carro.
* Uma campanha que ensina a:
Dieta de redução no uso do carro“.

Em Inglês:
* Autoholicos Anônimos.
* Dez Maneiras de Reduzir a Dependência do Automóvel.

Três indicações bibliográficas também em inglês:

* Kicking the habit – part 1
Kicking the habit – part 2
* The most dangerous addiction of all: the car
* Driving passion

Crônica Carioca

Uma excelente crônica de Tutty Vasques sobre o trânsito na cidade do Rio de Janeiro. Boas idéias cada vez mais circulando nas mentes cariocas. Nossas cidades cada vez mais precisam do oxigênio das boas idéias para que possamos nos locomover com mais eficiência.

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Ilustração de Pojucan.

Texto reproduzido mediante autorização do autor. Publicada originalmente na Revista Veja-Rio, disponível online.

Inteligência no trânsito

Ressaca, se ainda não passou, passa com o Desfile das Campeãs! O triste, depois do Carnaval, é o trânsito na cidade, que, se nas últimas semanas já não era a mesma maravilha de janeiro, a partir de agora vira o inferno de sempre. Os carros voltaram todos das férias. Vêm aí os engarrafamentos de março fechando o verão, sem qualquer promessa de solução para um problema que a certas horas fere os direitos humanos de qualquer cidadão que precise cruzar, por exemplo, Botafogo.

Cidades como o Rio de Janeiro deveriam manter um batalhão de especialistas em engenharia de trânsito 24 horas por dia em busca de idéias simples que facilitem o ir-e-vir da população no caos urbano. Se essa gente já existe, empregada na CET-Rio, por que não ousa mais soluções criativas como a faixa reversível da Rua Jardim Botânico no rush de fim de tarde? A medida vigora desde 1988 com ótimo resultado para o escoamento do trânsito que vem de Botafogo para a Barra da Tijuca, sem que o Detran precise gastar mais que uns baldes de tinta para demarcar faixas no asfalto, além de meia dúzia de placas de alerta a motoristas e pedestres.

Outra que fez um bem danado àquelas bandas da cidade foi a “obra” dos três blocos de concreto que fecharam a saída do Túnel Zuzu Angel para a Gávea. Quem vinha da Barra tinha o hábito de duplicar o engarrafamento da auto-estrada, entupindo também a Marquês de São Vicente. Os motoristas não ganhavam um minuto com isso e paralisavam o bairro nos horários de rush. Naquela região, aliás, algo poderia ainda ser pensado para estimular os estudantes da PUC a ir de bicicleta para a universidade. A garotada sai motorizada do Leblon, de Ipanema, da Lagoa, desprezando a teia de ciclovias que desembocam no bicicletário do campus. A juventude dourada da Zona Sul prefere encarar fila no estacionamento.

A cultura carioca não conseguiu, lamentavelmente, assimilar o projeto de ciclovias como alternativa de transporte saudável, não poluente e econômico. Salvo honrosas exceções, as bikes – um negócio que cresceu de forma espetacular no Rio – só saem da garagem nos fins de semana e feriados como equipamento de lazer, tal qual skates, patins, pranchas de surfe… O que é maravilhoso numa cidade solar como o Rio de Janeiro, mas a verdade é que pouca gente vai trabalhar ou estudar pedalando.

Talvez porque o clima deixe as pessoas receosas de chegar ao destino suando em bicas, alguns trechos de ciclovia mais afastados da orla caíram em desuso. Ficam lá ignorados primeiro pelos ciclistas, depois pelos motoristas e transeuntes, até ganhar o esquecimento também dos responsáveis pela conservação da malha cicloviária. Essa história toda me veio à cabeça no trânsito lento da General Polidoro, ali em frente ao cemitério São João Batista, itinerário freqüente nos meus deslocamentos para chegar ao trabalho. Olhando para a calçada oposta à dos mortos comecei a me dar conta de que está desaparecendo o trecho de ciclovia entre o Mercado das Flores e a Rua da Passagem – se localizou? –, lá onde Botafogo ficou parecido com São Cristóvão.

Tem coisas que você só presta atenção em engarrafamentos. Eu vinha reparando ultimamente que nesse trajeto a pista das bicicletas foi gradativamente invadida por automóveis e motos estacionadas, ambulantes, sacos de lixo, cavaletes, poças d’água… Como também nunca vi ciclistas por ali, me pus a pensar de onde vinha e para onde ia aquele equipamento urbano que aparentemente não serve pra nada. Um dia parei o carro e fui conferir. Achei o princípio da ciclovia 10 metros adentro da Rua Sorocaba. Mal virei a General Polidoro à esquerda, apareceu no chão a marca de que eu já havia percorrido 1 200 metros em vinte passos.

É preciso uma certa noção de arqueologia para seguir a pista que de vez em quando desaparece sob a calçada de prédios novos. Reaparece adiante cheia de buracos e obstáculos, uma imensa bagunça. Nenhuma bicicleta me ultrapassou no percurso, que, enfim descobri, vai dar na Mena Barreto, seguindo à direita para a Praia de Botafogo e à esquerda até o metrô.

Como uma lei que fica só no papel, aquele trecho da ciclovia existe só no chão, por decreto. É o desperdício de uma boa idéia que os militantes verdes conseguiram agregar ao projeto Rio Orla em 1992. De lá para cá, foram construídos 140 quilômetros de ciclovias, do Recreio dos Bandeirantes à Praça Mauá, de Ipanema a Bangu. Está na hora de avaliar os exageros, entender por que o projeto deu mais certo em determinados trechos, fazer respeitar ou eliminar as pistas de pouco movimento e, sobretudo, estimular o carioca a se locomover de bicicleta fora dos horários de lazer. Deve haver alguma coisa inteligente para pensar a respeito, né não?

E-mails para o cronista: tutty@nominimo.com.br

> Mais notas e crônicas do autor.

Cena Carioca

Avenida Nossa Senhora de Copacabana, artéria viária do bairro mais denso da cidade do Rio de Janeiro. Por dia milhares de pedestres, ciclistas, ônibus, táxis, caminhões e automóveis particulares utilizam suas vias e calçadas. São quatro pistas para o trânsito motorizado e ciclistas e calçadas em ambos os lados. Em uma delas, um infeliz acidente com mortos e feridos.

No entanto a interdição total de um trecho da principal avenida de Copacabana produziu uma cena insólita. Uma grande área livre para os pedestres ao invés do usual congestionamento de veículos motorizados. Que no futuro a felicidade de retomadas do espaço público pelas pessoas não necessitem de eventos tristes para acontecer.

NSCopaCopacabana Segunda feira às 11:30.

Uma foto na mesma avenida resume a necessidade de se repensar as ruas da cidade e o excesso de trânsito motorizado.
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Mais bicicletas nas ruas e transporte público de qualidade certamente são o caminho para a solução. Com uma excelente ciclovia a beira mar, Copacabana convida os ciclistas a eficiência do transporte a propulsão humana.

Exemplo de transporte à propulsão humana na Nossa Senhora de Copacabana.

NSCopa2Veículo altamente confortável, sem emissão de gases poluentes ou estufa.

> Fotos Zé Lobo

Congreso Latinoamericano de Transporte Público e Urbano

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Estão abertas as inscrições para propostas para o XIV CLATPU – Congreso Latinoamericano de Transporte Público e Urbano. Ele será entre 20 e 24 de Novembro de 2007 na cidade do Rio de Janeiro, Brasil e se realizará em conjunto com o XXI ANPET (18 a 21 de Novembro), congresso científico anual organizado pela Associação Nacional de Pesquisa e Ensino de Transportes do Brasil.

O tema central do congresso:

Transporte, integração e mobilidade: desafios para um desenvolvimento socialmente inclusivo na América Latina.

As propostas poderão ser enviadas até 31 de março de acordo com os seguintes temas:

1. Planejamento e Economia de Transporte
2. Modelagem de Redes de Transporte
3. Trânsito e Transporte Urbano
4. Gestão e Operação de Sistemas de Transporte Público
5. Políticas Sustentáveis de Transporte
6. Transporte e Uso do Solo
7. Transporte e Ambiente
8. Financiamento do Transporte e Parceria Público-Privada
9. Aspectos Regulatórios e Institucionais
10. Capacitação de Recursos Humanos
11. Transporte e Exclusão Social
12. Transporte e Integração regional
13. Transporte Urbano de Mercadorias

Maiores informações através do site.