Comodidade Ciclística

bicicletario_cinelandia2

Entrou em cartaz esta semana o bicicletário subterrâneo na Cinelândia, centro do Rio de Janeiro. Lá o ciclista que for trabalhar poderá estacionar seu veículo com total segurança e também tomar banho.

Agora é possível tanto pedalar ao escritório diariamente ou ir a uma ópera no Theatro Municipal sem se preocupar com a magrela ou com os dias de calor intenso.

A infra-estrutura é pioneira na cidade. Trata-se de um estacionamento de luxo para automóveis que tem a partir de agora também condições de atender com total segurança e conforto aos ciclistas.

Park2

A conquista desse espaço é fruto de uma ação iniciada a 14 meses e que finalmente agora se conclui. Os preços praticados para a bicicleta são uma fração do preço cobrado para os automóveis. Quem estacionar a bicicleta durante o dia todo pagará o mesmo que um motorista pela primeira hora.

Abaixo a tabela de preços e o aviso aos ciclistas:
Placas_Bicicletario

Ao chegar ao estacionamento, o ciclista deve retirar o ticket na cancela e se dirigir ao caixa para pedir que abram o portão do bicicletário.

Na saída, dirigir-se ao caixa, pagar e um funcionário o acompanhará até o bicicletário para abrir o portão e liberar a bicicleta.

  • Mais:

> ta.org.br
Operação Bicicletário Subterrâneo Cinelândia
Ciclistas fazem vistoria em garagem no centro
(Jornal do Brasil – 13/Maio/2006)

O dilema das ciclovias

As cidades chegaram ao seu limite e agora todos buscamos soluções. Precisamos fazer escolhas decisivas e mudar de rumo com certa urgência e isto causa ansiedade. Causa também confusão. A mais comum é achar que ciclovias vão resolver o problema do trânsito e das cidades, fazendo com que mais pessoas adotem a bicicleta como meio de transporte. Ciclovias são apenas parte da solução.

Por que há pouco uso de bicicletas nas grandes cidades brasileiras? Identificamos três causas:

  1. insegurança no trânsito;
  2. falta de infra-estrutura;
  3. por resistência pessoal.

As ciclovias solucionam a falta de segurança e de infra-estrutura, mas apenas em parte. Para melhorar a segurança, por exemplo, é preciso também educação, fiscalização e punição.

Da mesma forma, pouco adianta construir vias exclusivas para bicicletas se não há bicicletários adequados e seguros para estacioná-las no local de destino.

Ciclovias pensadas fora de um planejamento cicloviário são apenas vias de lazer ou esporte e vão contribuir minimamente para melhorar o trânsito engarrafado das metrópoles. Pior que isto, se mal planejadas, mal construídas ou mal conservadas – vício comum em nosso país – podem até aumentar o número de acidentes envolvendo bicicletas.

Incrementar o uso da bicicleta pode reduzir o uso excessivo de automóveis, com isto minimizar o efeito estufa e diminuir problemas urbanos como sedentarismo, estresse, engarrafamentos e sobretudo uso das verbas públicas para beneficiar apenas uma classe, os donos de carros. Mas para fazer crescer o uso da bicicleta é preciso atuar em frentes distintas.

Além de pressionar os governos para aumentarem a infra-estrutura cicloviária, temos que fortalecer ainda mais as campanhas educativas e de conscientização. Com elas, podemos reduzir a violência, abrandar a discriminação social contra os biciclistas e enfraquecer o preconceito contra a bicicleta até reduzi-lo a zero. Com ações diretas, como a Bicicletada, o Dia 22 de Setembro e as Vagas Vivas podemos atuar diretamente junto às pessoas que são até simpáticas à bicicleta, mas na prática, oprimidas pela automovelcracia, demonstram resistência ao uso da bicicleta como veículo de transporte no dia-a-dia para ir e voltar ao trabalho, escola, compras.

Todas estas idéias estão estruturadas no diagrama “Uso da Bicicleta: árvore do problema“, disponível na página da Transporte Ativo.

O conceito de árvore do problema é uma metodologia simplificada de planejamento estratégico situacional que identifica um problema e relaciona suas causas e efeitos em um fluxograma, de forma a mapear os pontos críticos onde se deve atuar para solucionar o problema com o menor esforço e o melhor resultado possível.

O documento está aberto à discussão, críticas e melhorias. Pode ser usado e copiado, citando-se a fonte.

  • Mais

> The Bikeway Controversy – John Forrester
> What about striped bike lanes?
> Cycle Facility of the Month