Sempre à frente

A cidade do Rio de Janeiro tem planejado e executado uma série de intervenções cicloviárias espalhadas em toda a cidade. Tem na Zona Norte e na Zona Sul, na Zona Oeste e também na ilha do Fundão. A maior malha cicloviária em extensão segue em expansão.

Transformar uma cidade não é tarefa a ser feita do dia para a noite, mas assim como na bicicleta, quando a cidade entra em movimento, a mesma lei da inércia que paralisa, ajuda a seguir em frente.

O planejamento cicloviário no Rio de Janeiro tem sido feito como forma de corrigir graves problemas na mobilidade urbana da futura sede das Olimpíadas de 2016 que também será palco da Copa de 2014. Grandes eventos só fazem sentido quando fica presente o famoso “legado” e as bicicletas na cidade maravilhosa já estão usufruindo desde já desse famoso legado.

Malha Cicloviária Rio de Janeiro

A figura acima (clique para ampliar) ilustra em azul todas as obras em andamento ou que serão iniciadas em novembro. Em vermelho estão assinaladas a infraestrutura existente. Cabe ressaltar que nos projetos com previsão de conclusão até 2012 está a criação da maior rede interligada das Américas com um total de mais 100km, a malha cicloviária da Barra da Tijuca e baixada de Jacarepaguá.

Em detalhes temos o seguinte:

Zona Norte/Tijuca: liga a Praça Saens Peña ao Maracanã e a ciclovia existente lá, tem também uma variante pela rua Jaceguai.

Zona Sul: uma ligação da Orla de Copacabana à Botafogo via túnel velho, ligação da Orla de Ipanema à estação General Osório do Metrô, ligação da ciclovia Mané Garrincha à Praia Vermelha e por fim uma ligação da Ciclovia Rubro Negra na Praça Sibélius com a ciclovia da General Garzon via Jardim Botânico.

Zona Oeste: uma ligação da ciclovia Bangu/Campo Grande (existente) a estação de trem Campo Grande e daí até a ciclovia da Alfredo Del Cima, com mais uma ligação até a ciclovia existente na Senador Camará em Santa Cruz (14km), e daí segue por 5km pela João XXII até o acesso da Companhia Siderúrgica do Atlântico.

Baixada de Jacarepaguá: cria uma rede no entorno da ciclovia já existente em Curicica e a outra faz uma nova rede ligando a Praça Seca à Vila Valqueire, com 7,7 km.

Ilha do Fundão: serão 14km sendo 5 já inaugurados. O trajeto inaugurado passa pelos prédios da UFRJ e o refeitório. Os outros 9km serão mais bucólicos passando pelas praias e recantos da llha, esta foi uma iniciativa da Prefeitura do Campus da UFRJ.

No total serão implantados 64kms em 2010, 59kms em 2011 e 50kms em 2012, mas pelo jeito que as coisas vão é possível que esta marca seja superada.

Tudo sobre bicicletas públicas

Sistemas de transporte público em bicicleta (STPB), ou simplesmente bicicletas públicas, são um sucesso mundial. Estão na Europa, na Ásia e nas Américas. Mas desde os primórdios, com as bicicletas brancas na Holanda, muita coisa mudou.

O ITPD acaba de lançar um documento de mais de 70 páginas que descreve desafios e caminhos possíveis para bicicletas públicas na América Latina. Rio de Janeiro, Santiago do Chile e a cidade do México são analisadas. Mas muitos outros exemplos estão lá.

Das várias lições e dicas, uma delas é fundamental, a importância do planejamento e desenho do sistema. Não basta simplesmente disponibilizar bicicletas a preços convidativos em locais de grande movimento, tudo tem de ser pensado como qualquer outro meio de transporte público.

O sistema de Londres ainda não tinha sido implantado quando da conclusão da publicação e merece especial atenção. Foram 95 mil usuários cadastrados e mais de 1 milhão de viagens nas 10 primeiras semanas. Só esses números atestam o sucesso, mas uma peculiaridade londrina desenha um horizonte positivo ao sistema.

Na Inglaterra, o transporte público é altamente subsidiado. Cada ônibus que sai da garagem e cada trem que circula em Londres gera prejuízo ao sistema de transporte urbano. Por esse motivo, mesmo com a maioria das viagens de bicicleta pública sendo gratuita, o aluguel de bicicletas é lucrativo para a cidade. Cada usuário paga apenas £1 por dia de uso, mas acaba sendo uma viagem a menos nos já sobrecarregados trens e ônibus da cidade. Daí para um lucro operacional é apenas questão de tempo.

Seja onde for, iniciativas em prol dos serviços de bicicleta pública requerem uma adequação a realidade local e acima de tudo força do poder público para facilitar o uso da bicicleta na cidade.

Saiba mais:

ITDP publica documento sobre sistemas de bicicleta pública para América Latina
London bike hire scheme on road to be only public transport system in profit

Relacionados:

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Como Utilizar as Bicicletas de Aluguel Cariocas
Bicicletas públicas em Londres
Diferença entre Ter e Usar

Bicicleta a cara do Rio.

http;//www.ta.org.br/blog/capa-bicicleta.jpg

Nesta terça feira, 27 de julho, ocorre o lançamento do livro Bicicleta: a cara do Rio, escrito a seis mãos por Julio Lopes, ex-Secretário Estadual de Transportes, Claudio Santos, presidente da Federação de Ciclismo do Estado do Rio de Janeiro (FECIERJ), e José Lobo, presidente da Transporte Ativo.

O livro mostra a bicicleta sob vários aspectos, focaliza os atuais problemas do transporte urbano e defende as bicicletas como parte das soluções.

Clique aqui para ver o convite.
E aqui para saber mais sobre o livro.

Devagar também nas estradas

Um estudo preliminar holandês concluiu o que qualquer motorista atento ao consumo de combustível sabe, ir devagar na estrada ajuda a economizar. Ao manter velocidades menores durante uma viagem, é possível também diminuir as emissões de CO2.

A tese que os pesquisadores da CE Delft levantaram é que trata-se de uma boa política pública reduzir os limites de velocidade nas estradas. Para emitir menos CO2 e portanto contribuir menos para o aquecimento global. Os ganhos podem chegar a 30% com a redução do limite de velocidade para 80 km/h nas auto-estradas. Vale lembrar que em muitas estradas brasileiras o limite para veículos pesados já é de 90 km/h.

Vale destacar os custos e benefícios:

CUSTOS SOCIAIS:

– Maior tempo de viagem
– Redução no índice de passageiros transportados/veículo/quilômetro
– Custos de fiscalização

BENEFÍCIOS SOCIAIS:

– Redução da emissão de CO2
– Redução na emissão de poluentes
– Redução da poluição sonora
– Aumento da segurança viária
– Redução dos congestionamentos
– Diminuição nos gastos com infraestrutura
– Economia de combustível

Transplantando esse estudo para a realidade brasileira, os benefícios podem ser ainda maiores. Tanto por salvar vidas nas estradas e também por tornar possível igualar a velocidade máxima dos veículos leves e pesados.

Para ler o resumo:
Why slower is better
(via treehugger)

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Bicicletas para a saúde

O Governo de Alagoas anunciou a entrega de 5.300 bicicletas para as ações no Programa Saúde da Família nos 102 municípios do estado.

5.300 bicicletas para a saúde

A intenção é garantir melhor meio de transporte dos agentes comunitários de saúde. A demanda surgiu entre os próprios agentes que, durante o Fórum Viva Vida, falaram das dificuldades que encontravam para atender as famílias e realizar as visitas periódicas necessárias, pois muitas pessoas a serem visitadas residem em localidades distantes.

O objetivo do governo, com esta iniciativa, é ampliar a cobertura à assistência as gestantes, crianças e idosos, contribuindo para redução dos índices de mortalidade infantil e melhoria da qualidade do atendimento à população
Myrna Pimentel, diretora de Atenção Básica

Quando falamos em bicicletas e sustentabilidade, não pensamos apenas no meio ambiente. Sustentabilidade é um conceito necessário em condições de escassez de recursos ou, de outra forma, é usar os recursos disponíveis com eficácia, efetividade, sabedoria.

Em locais tão díspares como Londres, na Inglaterra; Kaberamaido, Uganda; ou vilarejos longínquos no Nepal, a bicicleta dá sua fundamental contribuição para o sistema de saúde.

when looking at ways of providing patient care in the city it was clear that bicycles were the most effective way to get to the parts of the city normal ambulances couldn’t reach
Wayne Badcock, St John Bicycle Ambulance Service

É mais do que sabido que usar a bicicleta é ótima escolha para melhorar as condições pessoais de saúde. Combate doenças, contribui para diminuir o peso, aumenta a força e a condição física. Reveja aqui.

Mais do que tratar doentes, um sistema de saúde eficiente passa antes por medidas de prevenção bem feitas. Ao fornecer agilidade aos agentes comunitários, mais pessoas podem ser atendidas em menos tempo, ampliando o leque de atuação dessas medidas preventivas de saúde. Da mesmíssima forma, se as cidades tomassem medidas preventivas no trânsito, nossas ruas não precisariam ser levadas para a UTI dos engarrafamentos.

A bicicleta está aí, disponível para ser adotada em soluções inteligentes como esta adotada pelo governo alagoano.

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