Mapeamento ativo das cidades

Mapa Consolidado de São Paulo - Código Urbano

Mapa Consolidado de São Paulo – Código Urbano

O esforço de conhecer e melhorar as cidades tem grandes aliados ainda pouco explorados. Um deles certamente é o mapeamento colaborativo. Para além do aspectos técnicos de como realizar o levantamento de dados e a compilação deles no Open Street Maps (OSM), um aspecto fundamental está no prazer de somar-se a um esforço coletivo global de milhões de pessoas em mapear o planeta.

Organizada pela Código Urbano, a primeira maratona de mapeamento de infraestrutura cicloviária da cidade de São Paulo (Mapatona) aconteceu em 18 de janeiro de 2015. Como era de se esperar, estavam presentes quem pedala por prazer, esporte ou que nem ao menos pedala, mas quer uma cidade mais amigável à bicicleta.

Como bem ressalta a equipe da Código Urbano, dentro do processo de mapeamento oficial da infraestrutura cicloviária de cidade, houve progresso. Um mapa de ciclorrotas chegou a ser feito, com base em um levantamento de caminhos cicláveis, alguns deles tendo inclusive sido sinalizados. O problema é que esse conhecimento não pôde ser usado em outras plataformas além do papel, ou um arquivo fechado em formato PDF. Atualmente o que se tem consolidado para a circulação de bicicletas está organizado na plataforma Google, um dado público entregue a uma empresa privada, mas ainda assim visualizável e editável de maneira mais fácil.

Um mapeamento mais completo capaz de corrigir distorções só é possível de ser feito através de uma comunidade de pessoas engajada e comprometida. Foi essa primeira pedalada dada na Mapatona.

Nas ciclovias de São Paulo, por exemplo, é possível pensar em identificar quais são as vias de mão dupla e quais não são, uma informação básica, mas que não está disponível no mapa oficial. Ou ter um mapa dos buracos e obstáculos, facilitando para o próprio poder público a identificação dos trechos que precisam de reparos e melhorias. Ou identificar subidas.

É hora de aproveitar o momento de abertura da administração municipal, consolidar o que já foi feito, cobrar melhorias, trazer um diagnóstico da cidade da perspectiva de quem pedala. Um intercâmbio entre as ruas e os gabinetes através de um esforço público. Transparência é o conceito chave e o primeiro passo é ter os dados expostos para quem tiver interesse em conhecer.

São provocações e pressões ativas na melhoria institucional dos órgãos de execução e gestão do poder público através de uma sociedade civil que zela e defende seus interesses dentro de um modelo de participação cidadã do século XXI.

Ações individuais são fundamentais, mas sem o amparo de um pensamento e engajamento coletivo, os esforços individuais tendem a se transformar em disputas destrutivas. A colaboração transparente de diversos atores é portanto a base de uma nova e necessária democracia. Em tempos de crise de representatividade, é preciso deixar de lado os líderes mágicos e agregar esforço para fortalecer instituições. Justamente por isso, o fortalecimento de uma plataforma de mapeamento é portanto um esforço de consolidação democrática do Brasil.

Para conhecer mais:

Vale conhecer antes de mais nada o site da Código Urbano e também as iniciativas presentes na Mapatona: HackAgendaPedalaSampaCiclocidadeMobilizeBicidade; Transporte Ativo; e BikeIT!.

Dos projetos dos próprios participantes, destaque para o BikeIIT! e os mapas colaborativos da Transporte Ativo. Vale destacar ainda outras iniciativas interessantes de mapeamento: Wheelmap.org; Cyclestreets.net; Ridethecity.com; Mapazonia.org e Grelhas Assassinas em São Paulo.

Como colaborar no mapeamento da sua cidade

Para além da fronteira municipal da paulicéia pedalável, a contribuição ao mapeamento colaborativo pode ser feita em qualquer local do planeta. Cidade, campo, bairros consolidados ou comunidades precárias.

A receita de bolo é, não necessarimente nessa ordem, ou em qualquer ordem de acontecimentos:

  • fazer um cadastro no Open Street Maps,
  • consultar a plataforma Wiki, em especial o conteúdo sobre bicicletas
  • Traduzir os textos do Inglês na página Wiki do OSM (?)
  • Editar o mapa para incluir o que falta,
  • Sair a campo para refazer traçados (?)
  • Fazer um levantamento fotográfico colaborativo através do Mapillary.

Como grande vantagem em qualquer plataforma colaborativa, está o fato de que toda contribuição, por menor que seja, é relevante.

Um pequeno exemplo do potencial de um cidade mapeada por ciclistas

Toda reivindicação em relação ao poder público ganha força com o uso de imagens. A solução encontrada para o estacionamento de ambulâncias de um hospital privado no espaço público das ruas foi certamente inadequada para o melhor interesse dos ciclistas.

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Ainda assim, é possível também inspirar o mundo através de um passeio em bicicleta.

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Façamos o mapeamento, por cada vez mais infraestrutura de qualidade com mais pessoas em bicicleta mais vezes.

As novas ciclovias cariocas para 2015-16

Fonte: GT Ciclovia

Fonte: GT Ciclovia

A administração municipal disponibilizou dados sobre as ciclovias que estão sendo construídas e projetadas para o Rio de Janeiro nos dois próximos anos. Confira aqui: Sistema Cicloviário: Obras em andamento e projetos.

Serão no total mais 230km, 43,6km já em construção, com ligações fundamentais entre regiões da cidade, bem como infraestruturas alimentadoras de grandes eixos de transporte e integradoras de bairros. Destaque óbvio para os 29,8 km da ciclorrotas do Centro, um anteprojeto realizado em parceria da Transporte Ativo com o ITDP e Studio-X e agora à cargo da SMAC (Secretaria Municipal do Meio Ambiente).

Já estão em obras a, talvez, mais bela pista para bicicletas do mundo, a ciclovia da Avenida Niemeyer (3,72 km), que ligará as praias do Leblon e São Conrado e que será complementada através da ligação cicloviária do Elevado do Joá (5 km). A conclusão dessas duas obras permitirá pedaladas livres por quase toda a extensão do litoral carioca. Será possível ir do Centro ao Pontal, na maior tranquilidade, somente por ciclovias. Um trajeto que vai precisar da discografia completa do Tim Maia para ser apreciado em mais de 50 km de pedaladas.

Seguiremos acompanhando de perto, por cada vez mais pessoas em mais bicicletas mais vezes pra pedalar sorrindo, pedalar cantando.

A bicicleta, criadora de futuro

 

Em 2015 será a vez de Nantes sediar o maior evento em prol da bicicleta no Mundo, o Velo-city. O tema é (em tradução livre) o título desse post, uma mensagem clara sobre como a bicicleta irá influenciar o futuro da nossa sociedade.

O evento é um convite aberto para pensar, participar e colaborar na criação de soluções eficientes capazes de promoverem a necessária mudança na cultura da bicicleta. A oportunidade de participar do evento através da “chamada de trabalhos” está aberta até 31 de outubro de 2014. Podem enviar trabalhos desde membros do poder público até ONGs e jornalistas. é uma excelente oportunidade para divulgar e dar destaque à ações ou pesquisas de sua organização além de compartilhar as melhores práticas em nível internacional.

É um novo mundo de conhecimento que se abre. Mas trata-se de um evento caro tanto em relação aos custos de deslocamento e hospedagem, quanto a própria inscrição no evento por parte dos selecionados.

Mas temos boas notícias,O Banco Itaú (parceiro institucional da Transporte Ativo) vai financiar até três organizações da sociedade civil pró bicicletas que tenham trabalhos selecionados para o evento.

A oportunidade está aí. E a primeira pedalada é enviar um trabalho para seleção.

Acesse velo-city2015.com e saiba como se inscrever.
Como a língua oficial do evento é o inglês e o francês, preparamos uma breve tradução com os principais itens da chamada de trabalhos.

É uma excelente oportunidade de mostrarmos ao mundo o nível dos trabalhos que vem sendo realizados para a promoção do uso de bicicletas no Brasil e o estágio em que nos encontramos.

Boa sorte e boa viagem!

O uso das bicicletas de carga no bairro de Copacabana

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​Por Aline Souza (@souzaline)

O 4 Fórum Internacional da Mobilidade por Bicicleta – BiciRio aconteceu no Rio de Janeiro entre os dias 21 a 23 de setembro e um dos convidados para participar do seminário foi o presidente da Transporte Ativo, Zé Lobo. A TA, como é chamada pelos íntimos, se tornou referência em estudos e pesquisas sobre o uso de bicicleta como meio de transporte no Rio de Janeiro. Na ocasião do evento, Zé Lobo falou um pouco sobre o uso de bicicletas de carga em Copacanaba, bairro que é o projeto piloto para Política de Incentivo ao Uso de Bicicletas nas Cidades.

De acordo com os dados apresentados, o bairro de Copacabana é um grande usuário desse tipo de bicicleta para a prestação de serviços, entre triciclos e cargueiras. São padarias, petshops, carteiros, pizzarias, farmácias, lavanderias, lojas de colchão e até transporte de geladeiras pode ser feito sob duas rodas. No total são 11.541 entregas por dia no bairro todo.

A entrega sustentável, movida à energia humana do cidadão, é muito importante. “Muitos milhões em mercadorias são entregues em bicicletas de carga no Rio de Janeiro, diversas soluções já foram desenvolvidas aqui, enquanto na Europa somente agora estão evoluindo com esse tipo de uso da bicicleta. Precisamos valorizar isso!”, afirma Zé Lobo.

Atualmente em Copacabana foram inaugurados mais de 1,3 km de ciclofaixas e faixas compartilhadas. Ao todo são 14 km de infraestrutura destinada à mobilidade por bicicleta em vias internas do bairro, além da orla, que já conta com 4,7 km de ciclovias, permitindo a circulação dentro de Copacabana e a integração com as estações do metrô.

Infelizmente ainda não há isenção fiscal para as empresas que entregam seus produtos usando bicicleta. Também ainda não há isenção para a compra de bicicletas no Brasil, ao passo que para a compra de automóveis o Imposto sob Produtos Industrializados (IPI) é zero. Em longo prazo o alto número de veículos nas ruas se tornará algo como um tiro no pé. “Não há como voltar à Era do carro, o tempo dele já passou”, disse Lobo.

História de amor ao Rio e à Bicicleta

Parte da vida de Zé Lobo é dedicada à bicicleta e às melhorias para seu uso na cidade do Rio de Janeiro. “Começamos a fazer o Dia Mundial Sem Carro em 2004. Já em 2009 a Prefeitura assumiu, mas sempre a TA apoiou a iniciativa”, conta ele. Durante o passeio ciclístico de visita técnica ao bairro de Copacabana no dia 22 de setembro, e também para o 4 BiciRio, o Transporte Ativo integrou o Conselho que idealizou o evento e atuou na produção dessa semana da mobilidade. Sobre sua palestra ele ressaltou a importância do ciclista que pedala as bicicletas de carga na cidade, que consegue ser ainda mais invisível que o ciclista comum. “Qualquer atividade que promova a bicicleta procuramos sempre estar presentes e apoiar fornecendo conteúdo e informação para que mais pessoas se informem e comecem a pedalar” disse Zé Lobo.​

Copacabana, mais de 20 anos de ciclovia

As primeiras ciclovias cariocas foram construídas na orla da zona sul da cidade. Ao longo da Avenida Atlântica entre a rua Francisco Otaviano até a Pedra do Leme foram 4 quilômetros de asfalto com 2,70 metros de largura construídos no ano de 1991.

Desde a inauguração, nunca foi feito um levantamento completo de quantas bicicletas utilizam a infraestrutura. Mas para tudo sempre há tempo e o vídeo mostra um pouco como foi a contagem eletrônica de bicicletas.

Via: Bike é Legal.