por mais pessoas em mais bicicletas mais vezes | Mobilidade Urbana e por Bicicletas | Qualidade de Vida | Educação Cicloviária | Transporte Sustentável
São muitos anos de parceria com os holandeses, Interface for Cycling Expertise, Dutch Cycling Embassy e com o próprio consulado no Rio de Janeiro. O foco agora são as próximas duas edições do Velo City, 2017 nas cidades de Arnhen e Nijmegen na Holanda e 2018 no Rio de Janeiro. Os preparativos para as duas edições já começaram. Enquanto por aqui a organização segue em estágios iniciais, por lá a agitação já é grande. No Dia 2 de outubro se encerrou o prazo para inscrição de trabalhos e agora uma equipe está debruçada na avaliação dos 720 trabalhos enviados, dentre eles 50 brasileiros.
Nosso objetivo agora é levar o máximo possível de brasileiros para Arnhem e Nijmegen e trazer o máximo de holandeses para a nossa edição em 2018. Serão trocas de informações e experiências que podem ser muito valiosas para ambos. Eles têm ampla experiência em infraestrutura cicloviária e tudo que a envolve, e nós a capacidade de lidar com o imprevisto e vencer barreiras e adversidades para tornar algo possível.
Zé Lobo e Eduardo Bernhardt recebendo as bicicletas do Consul Arjen Uijterlinde.
Em meio a esses preparativos duas das bicicletas Dutch Orange Olympic Gazelle, que vieram para o Rio servir de meio de transporte para a delegação e atletas holandeses durante os Jogos Olímpicos nos foram presenteadas pelo consulado holandês, sendo assim elas continuam a rodar no Rio, despertando interesse, divulgando a cultura holandesa de uso das bicicletas e promovendo esta atividade em nossas cidade. A Gazelle, tradicional marca de bicicletas holandesa, é um dos principais patrocinadores do evento em 2017. Seguimos com os preparativos, pedalando Gazelles por aqui e por lá!
Em breve as inscrições para o evento holandês estarão abertas, para os que se interessam na Mobilidade por Bicicletas, uma excelente oportunidade de ampliar e aprofundar conhecimento sobre o assunto. O tema do Velo City 2018 é The Freedom of Cycling ou a Liberdade das Bicicletas e os subtemas: Infraestrutura, Pessoas, Economia da Bicicleta, Planejamento Urbano e Governança. Escolha seu tema favorito e prepare-se para essas duas rodadas do evento.
A edição 2016 do Fórum internacional da mobilidade por bicicleta (biciRio) aconteceu nos dias 21 e 22 de junho no Rio de Janeiro. Foram mais de 150 participantes, com direito a protesto por mais infraestrura cicloviária, mas também grandes oportunidades de aprendizado.
Com presença de destaque de pessoas e organizações da Federação Européia de Ciclismo (European Cycling Federation – ECF) e Aliança Mundial de Ciclismo (World Cycling Alliance – WCA), o biciRio 2016 foi um excelente oportunidade para deixar um gosto de quero mais para quem promove o uso da bicicleta no Rio de Janeiro e no Brasil.
O Velo-city é a maior conferência global de promoção ao uso da bicicleta não apenas pelo número de inscritos, mas principalmente pelos impactos na comunidade local. A próxima edição em 2017 vai ser na Holanda, mas o Rio de Janeiro já está no circuito decisório do comitê organizador.
Foi justamente a presença do corpo diretivo da ECF e da WCA que fez do biciRio desse ano uma conferência mais relevante do que anos anteriores.
Cabe lembrar que estão abertas desde 01 de junho de 2016 as inscrições de trabalhos para o Velo-city 2017. O tema dessa vez é a “Liberdade do ciclismo” (Freedom of Cycling) e 5 subtemas já estão definidos:
Infraestrutura: Aprendizado, experimentação e colocar e prática
Pessoas: Pessoas diferentes, idéias diferentes, escolhas diferentes
Bicieconomia: A bicicleta economiza e gera dinheiro
Todas as cidades de dentro do carro são iguais. Afinal, o planejamento feito pela engenharia de tráfego transforma as ruas e avenidas em versões atravancadas de grandes rodovias. Um sonho global de cidade para pessoas é uma utopia genérica, mas que possibilita transformar o ambiente urbano com o uso de receitas locais.
Por seu tamanho e influência global, o Velo-City tem o poder de moldar o debate sobre mobilidade urbana em favor das bicicletas. Foi assim em Viena em 2013 com as zonas 30. Agora em 2016, em Taiwan já se fala na remoção total do trânsito motorizado de regiões centrais.
Quem vai a pé ou de bicicleta tem a real experiência urbana. Dá pra sentir a cordialidade do povo, a qualidade da infraestrutura. E as soluções utilizadas em Taipei refletem as transformações que a cidade está passando.
As transformações urbanas de Taipei
A organização dos espaços de cada cidade refletem a própria cultura do povo que ali vive. A paisagem é espelho e os problemas e soluções tem sempre que levar em conta as pessoas que irão compor o espaço construído.
O modelo norte-americano de amplos espaços de circulação para quem escolher motores aos poucos perde espaço para soluções em favor das pessoas, um momento de transição que emana das capitais européias, mas que precisa sempre de tempero local para funcionar.
Em Taipei, vultosos investimentos foram responsáveis por empilhar autopistas entre prédios. As rodovias elevadas estão lá, sólidas, mas sua destruição é símbolo da vontade de construir novos modelos urbanos.
Certamente não foi coincidência a divulgação de um belo vídeo do desmonte de um viaduto que fez ressurgir na paisagem um prédio histórico. Na prática, o pequeno trecho suprimido apenas trocou os automóveis de lugar, agora circulam junto ao chão e deixam o prédio em uma isolada ilha cercada de asfalto por todos os lados.
O momento de transição global para cidades que sejam novamente para as pessoas ainda tem um bom caminho pela frente. O consenso vindo do Velo-City de Taipei no entanto é que essa transição está claramente atrelada a limitação do acesso aos veículos motorizados.
Taipei, cidade compartilhada
O tecido urbano de Taipei tem três grandes componentes. Os longos e empilhados viadutos, as grandes avenidas e as vielas.
A segregação em benefício do fluxo motorizado é total nos viadutos. Nas grandes avenidas o asfalto pertence a quem usa motores e as calçadas, mesmo amplas, são compartilhadas pelo estacionamento de duas ruas rodas, ciclistas e pedestres.
Na última camada de tecido, ruas estreitas compartilhadas entre motorizados e pedestres. A infraestrutura construída mostra com clareza a lógica de que pedestres compartilham espaço com todos, motorizados e bicicletas.
O tempo do pedestre é um componente fundamental na organização dos espaços de circulação. A velocidade motorizada e mesmo das bicicletas traz tensão para a caminhada e conflitos que tem os caminhantes como vítimas. Certamente a defesa da liberdade e tranquilidade para andar a pé é a utopia geral que se traduz na restrição absoluta da circulação motorizada em determinados espaços.
A atenção aos detalhes e a qualidade do acabamento da ciclovia compartilhada denunciam um cuidado com a infraestrutura que tanto faz falta às empreiteiras que fazem obras nas ruas do Brasil.
O primeiro dia de Velo-City é o que dita o ritmo para os demais com a abertura oficial recheada de falas inspiradoras em painéis que reúnem todo o público presente ao evento. Em Taipei, nesse 27 de fevereiro de 2016 não foi diferente.
A maior inspiração para o público presente, em especial aos brasileiros, foi certamente a fala de King Liu presidente e fundador da Giant, maior fabricante mundial de bicicletas.
Em sua fala o empresário mostrou que é “da bicicleta”. Atualmente com 82 anos, King Liu comemorou oito décadas de vida sobre pedais. Foram mais de 300 km cruzando a ilha Formosa (Taiwan).
Sua maior realização no entanto foi bancar a implementação do sistema de bicicletas públicas na capital taiwanesa, Taipei. Chamado de U-bike, o serviço é tão eficiente que conta com a aprovação de mais de 90% dos usuários.
Já durante o primeiro dia de evento, os participantes do Velo-City puderam testar as bicicletas e ficaram impressionados com a rapidez para destravar uma magrela e sair pedalando.
Foi preciso primeiro agir em favor da causa da bicicleta, com resultados vindo na esteira. Mesmo sem saber dos impactos possíveis de um sistema da bicis públicas, a Giant bancou a implementação. Os números hoje comprovam o acerto. Cidades com sistemas de compartilhamento pedalam mais e compram muito mais bicicletas.
A paixão pela bicicleta no entanto precisa no entanto ser integrada e é isso que faz a diferença e o sucesso de qualquer iniciativa. As bicicletas públicas de Taipei (e qualquer outro sistema) precisam de integração e, principalmente, estar acima das expectativas ao ser simples de ser utilizado, com bicicletas perfeitas e 24 horas no ar, 7 dias por semana.
Restrição ao espaço da mobilidade individual motorizada
Tema que esteve presente no painel de abertura e que se manteve forte ao longo do primeiro dia de Velo-City foi o da restrição ao uso do automóvel.
A cidade do futuro é a que conseguir ter 50% dos seus deslocamentos a pé ou em bicicleta, 40% através do uso de transporte público e os 10% restantes para as viagens individuais motorizadas. Administrar uma cidade hoje é portanto o desafio de adequar as políticas públicas para contemplar essa lógica.
As diretrizes do governo federal brasileiro inclusive já contemplam, em teoria, essa lógica. Resta colocar na prática os orçamentos para se adequarem à expansão de infraestrutura para beneficiar as pessoas nas cidades.
No painel “Urban Challenges for Smart Cities” (Desafios urbanos para cidades inteligentes) foram feitas apresentações de Xangai na China, Los Angeles nos EUA e Gronigen na Holanda, três cidades em estágios diferentes de transição para o futuro de humanização urbana.
Há um consenso mundial de que as cidades do futuro serão de restrição à mobilidade individual motorizada e de promoção ao uso eficiente dos espaços de circulação em benefício das pessoas tendo ainda o incremento de espaços públicos de qualidade.
Até mesmo em Los Angeles o caminho para aumentar o número de pedestres e ciclistas é por meio de políticas de restrição ao uso dos automóveis. Já em Gronigen, na Holanda todo o centro histórico é inacessível para quem está de carro.
As resistências estarão sempre presentes em qualquer implementação que beneficia as pessoas. Mas depois das melhorias consolidadas, o resultado é que as pessoas não querem voltar ao passado de privilégio motorizado.
O uso de dados para favorecer a bicicleta
No painel “The Data we Have, The Data we Use” (Os dados que temos, os dados que usamos), foi apontada a necessidade para que quem planeja para a bicicleta, quem promove seu uso e que administra precisa trabalhar junto. A produção de dados atualizados e confiáveis é a melhor maneira de apontar os rumos da implementação de infraestruturas cicloviárias e corrigir eventuais desvios ao longo da trajetória.
Resumão do primeiro dia de Velo-City 2016, Taipei
Renata Falzoni, do Bike é Legal conduziu um bate-papo com a delegação brasileira presente ao Velo-City desse ano:
Em 2015 será a vez de Nantes sediar o maior evento em prol da bicicleta no Mundo, o Velo-city. O tema é (em tradução livre) o título desse post, uma mensagem clara sobre como a bicicleta irá influenciar o futuro da nossa sociedade.
O evento é um convite aberto para pensar, participar e colaborar na criação de soluções eficientes capazes de promoverem a necessária mudança na cultura da bicicleta. A oportunidade de participar do evento através da “chamada de trabalhos” está aberta até 31 de outubro de 2014. Podem enviar trabalhos desde membros do poder público até ONGs e jornalistas. é uma excelente oportunidade para divulgar e dar destaque à ações ou pesquisas de sua organização além de compartilhar as melhores práticas em nível internacional.
É um novo mundo de conhecimento que se abre. Mas trata-se de um evento caro tanto em relação aos custos de deslocamento e hospedagem, quanto a própria inscrição no evento por parte dos selecionados.
Mas temos boas notícias,O Banco Itaú (parceiro institucional da Transporte Ativo) vai financiar até três organizações da sociedade civil pró bicicletas que tenham trabalhos selecionados para o evento.
A oportunidade está aí. E a primeira pedalada é enviar um trabalho para seleção.
É uma excelente oportunidade de mostrarmos ao mundo o nível dos trabalhos que vem sendo realizados para a promoção do uso de bicicletas no Brasil e o estágio em que nos encontramos.