Quem é o ciclista brasileiro

Projeto transite – http://catarse.me/pt/transite.

Tem muita gente que pedala Brasil afora. A frota de bicicletas passa das dezenas de milhões, mas toda magrela precisa de um ciclista. Conhecer esses ciclistas será a missão do Felipe Baenninger no projeto Transite.

E o registro dos ciclistas brasileiros vai virar um livro, mas o projeto só se concretiza com o apoio prévio, é o financiamento coletivo em prol da arte em bicicleta. Fica lançado o convite para que todos colaborem e ajudem ao Felipe nessa aventura exploratória.

Ponte anti-inundação em São Paulo

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Foto: Daniel Guth

A “valet-ponte” que ilustra esse texto é um retrato das águas de março em São Paulo, uma cidade que descobre enchente onde antes havia a baixada de um rio, descobre corredeiras de água suja pelo asfalto onde antes escorriam cachoeiras.

Uma redistribuição eficiente do espaço de circulação urbano, com mais árvores, rios a céu aberto e solo permeável é mais do que sonho utópico. É um redesenho urgente da metrópole que já foi da garoa e hoje é da tromba d´água com enchente.

A cada boletim informativo da CET-SP que divulga o número de pontos de alagamento intransitáveis, melhor ler que por ali perto passa um rio escondido em uma tubulação subterrânea que não lhe dá vazão.

Pela ponte e entre rios circulam os ciclistas, imunes ao semáforos que se apagam com as trombas d´água, às árvores caídas que inviabilizam a circulação motorizada e ao caos que se instala em uma cidade que virou as costas para os seus rios.

É Lenine que canta “esse lugar é uma maravilha, como faz para sair da ilha? É pela ponte, é pela ponte”.

O documentário Entre Rios com a história hídrica de São Paulo:

ENTRE RIOS from Caio Ferraz on Vimeo.

Você praça

Quem circula pelas ruas de São Paulo, ou até mesmo que está de olho nas novidades que aparecem nas redes sociais podem já ter visto uma imagem que traz um stencil com a frase”

Você praça, acho graça

Você prédio, acho tédio

O autor é Dafne Sampaio, que se define como “um sujeito de cabelos e barba grisalhos, óculos” e busca muros e tapumes pela cidade para fazer o diálogo com esses espaços e com a cidade, suas pessoas.

As reações de quem passa e vê o jornalista em ação nas ruas são sempre cordiais e despertam sorrisos. São Paulo, cidade opressiva com ruas travadas com tantos carros, em que falta espaço público para contemplação certamente precisa desse debate.

Praças nesse contexto são a graça de poder estar na cidade em um ambiente público, o prédio é a esfera privada, o espaço sem diversidade e cada vez mais isolado do tecido urbano por muros altos, grades e garagens.

A história completa de como surgiu a idéia do estêncil está no blog do artista. Há ainda o texto “Por uma cidade cheia de graça” que conta um pouco mais.

A importância de sonhar

paulicéia BICICLETAS EM SÃO PAULO from Céu D´Ellia on Vimeo.

 

A cidade dos sonhos será construída hoje com visão de futuro e ações que levem ao futuro almejado.

O vídeo acima é da São Paulo dos sonhos, mas em Portland, nos EUA, a Universidade Estadual do Oregon já desenvolve pesquisas para as cidades do século XXI. Iniciativas que trazem perguntas simples, como seu meio de transporte impacta seus padrões de consumo e outras.

Certamente uma das melhores é a que estuda o bem estar entre ciclistas, usuários do transporte público e motoristas em Portland. O resultado é definidor para defesa da cidade dos sonhos. As pessoas mais felizes são as que utilizam de transportes ativos para ir ao trabalho (especificamente os ciclistas e pedestres).

O gráfico acima ilustra, por ordem decrescente os meios de transporte que garantem mais felicidade a seus usuários. Da campeã bicicleta, passando pela caminhada, o ônibus expresso, os bondes modernos, caronas, ônibus comuns e por fim a direção solitária.

Os valores da pesquisa sobre a felicidade dos meios de transporte podem ser vistos aqui, mas o que o mais importante não são os números da pesquisa, mas a metodologia de buscar entender as dinâmicas humanas das cidades.

Carnaval, época de ruas para pessoas

O carnaval no Brasil é o período do ano em que as ruas são devolvidas as pessoas para comemorações e festas.

Ainda assim, as cidades e suas administrações municipais ainda buscam aprender como readequar, ainda que de maneira excepcional, o espaço público para circulação e ocupação exclusiva de pedestres.

O já tradicional carioca molda a cidade semanas antes dos desfiles das escolas de samba na Marquês de Sapucaí. Os blocos de rua atraem multidões para a festa o que impacta negativamente o fluxo motorizado.

Ciente da importância da festa para seus cidadãos e turistas, a prefeitura do Rio de Janeiro sempre faz campanha pública para que as pessoas priorizem o transporte público e também a bicicleta. photo 2

A enormidade do fluxo humano é ao mesmo tempo beleza e drama. O fluxo carnavalesco é festa, mas dada a quantidade de pessoas que atrai, tem também graves problemas. Para listar o principal deles, resíduos da festa. Seja a serpetina, as latinhas de cerveja ou a urina.

Felizmente os fluxos diários, fora da época de festas são mais equacionáveis, mas precisam levar do carnaval a lição principal, as ruas pertencem as pessoas e é necessário garantir que o espaço público possa ser usado com prioridade absoluta para as pessoas.

A direção e o propósito dos deslocamentos é secundário, seja para festa ou para a ida ao trabalho, as ruas pertecem aos cidadãos e devem ser usadas de maneira eficiente para os diversos fluxos urbanos.