Que o Natal venha em bicicleta

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O Natal persiste pelo encontro das famílias e dos afetos. Para além de presentes, são necessárias as lembranças e o carinho.

Que nessa e em todas as outras datas, a simplicidade da bicicleta esteja presente. Com muito vento no rosto e soluções simples para problemas complexos e que coloquem as pessoas sempre acima de objetos e máquinas.

Feliz Natal da equipe da Transporte Ativo!

Dez anos de Transporte Ativo

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Foi em 22 de dezembro de 2003 que a Transporte Ativo foi oficialmente fundada. Lá se vão exatos 10 anos de muito mais pessoas em mais bicicletas mais vezes. Uma trajetória que obviamente nos orgulha, mas que não foi pedalada sozinha.

Foram muitos quilômetros em patins, skates, bicicletas e a pé na construção de cidades mais humanas e mais legais para quem nelas vive.

Tem sido um belo percurso, sem data para acabar. Afinal, quando estamos em bicicleta, a jornada vale mais que o destino.

Por isso, nesses 10 anos, agradecemos a todos que estiveram conosco em algum momento. Os que pedalaram conosco, debateram, trocaram idéias, ou simplesmente ajudaram a levar os transportes ativos para um outro patamar no dia a dia das cidades.

O Campeonato Carioca de Cargueiras

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Inspirada nas Svajerløb dinamarquesas, será realizada em maio de 2014 a primeira corrida de entregadores em bicicleta da América Latina. O Campeonato Carioca de Cargueiras.

Desde já está lançada a pergunta, quem será o Rei do Rio?

A pedalada vai ser viking. Afinal foi em 1942 que os malemolentes entregadores dinamarqueses tiveram o seu primeiro campeonato. Um evento que valorizou os que faziam fluir a cidade e que aconteceu até a popularização das vans de entrega nos anos 1960.

A idéia da corrida reapareceu em Copenhague em 2009 e, claro, foi sucesso e diversão nas ruas.

Copacabana tem uma massa invisível de ciclistas, os heróis do proletariado. São os responsáveis por mais de 11.000 entregas diárias feitas em bicicletas e triciclos. Todos eles estão em uma situação parecida aos que pedalavam em Copenhague nos anos 1940.

Mais de 70 anos depois da primeira Svajerløb, valorizar as pessoas que utilizam a bicicleta, essa invenção com mais de 125 de bons serviços prestados, é um passo em busca de inclusão social, e também um evento irado.

No Rio de Janeiro vão haver prêmios para os entregadores mais bem colocados, mas a vitória será de todos esses heróis invisíveis que transportam de tudo pelas ruas.

 

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Para pensar as ruas de lazer

 

Foi através da experiência colombiana das “ciclovias” que o mundo descobriu um novo tipo de área de lazer urbana. Apesar da confusão no termo, para os colombianos, as ciclovias definem o que no Brasil seriam ruas de lazer.

Espaços que estão fechados para as pessoas e que em determinados horários, geralmente aos domingos, ficam abertos às pessoas. No Rio de Janeiro acontece na orla da praia e em milhares de ruas. Na cidade de São Paulo, os cidadãos também organizam as suas, mas o mais comum (e mais divulgado) são as ciclofaixas de lazer, a segregação de uma pista em grandes avenidas para o fluxo de bicicletas durante domingos e feriados.

O 8˚ Congresso da Rede de Ruas de Lazer das Américas aconteceu em Lima no Peru e mais uma vez buscou fazer avançar a discussão sobre o papel dessas zonas temporárias para as pessoas na transformação urbana.

A visão de longo prazo continua sendo a mesma, que as ruas de lazer se estendam para além de dias e horários específicos e tornem-se o uso corriqueiro do espaço público das ruas.

Cidades, aqueles espaços em constante construção e transformação, precisam se adequar ao século XXI, um tempo em que as pessoas estão mais preocupadas com a qualidade de vida e menos com a expansão do PIB à qualquer custo. Nada mais perfeito portanto que investir na felicidade interna bruta, uma das maneiras propostas para medir a riqueza das nações atualmente.

Por hora, é possível aprender como implementar e promover a realização de ruas de lazer, nos moldes colombianos. Ou como transformar ruas em espaços de lazer nas cidades brasileiras.

– Saiba mais sobre a rede CRA (Ciclovías Recreativas de las Américas).

Retrospectiva: 3º Campeonato Sulamericano de Bike Polo

E esse bike polo é de comer, de vestir ou de pedalar? – É um esporte que já existe desde que o vovô do nosso vovô era garoto (pasme: foi até esporte olímpico), mas caiu no ostracismo. Nos anos 80 os entregadores em bicicleta, por falta do que fazer entre uma entrega e outra, trouxeram um novo fôlego ao esporte e assim houve sua revitalização. O gramado foi trocado pela quadra de solo rígido, algumas regras foram modificadas e hoje jogamos o que se chama de hardcourt bike polo. Cada partida tem 2 times em quadra. Os times possuem 3 jogadores munidos de taco e bicicleta no qual cada um desempenha o papel que preferir, não existe um goleiro designado (ainda que existam jogadores que preferem ficar no gol o jogo todo). Uma partida se encerra ao final de 5 minutos ou até que um dos times faça 5 gols.

Já ouvi alguém definir bike polo como a simples soma de bicicleta, mallet (ou taco, para quem não conhece) e cerveja. E pensando bem não haveria explicação melhor. O campeonato realizado em São Paulo em setembro de 2013 celebrou esse espírito de amizade e festa que é inerente ao esporte. Talvez seja porque é um esporte misto, ou porque é um esporte novo ou porque é praticado por uma horda de hipsters, mas seja qual for o motivo, todo campeonato tem essa atmosfera de farra. Mas não é por isso que a competição não é acirrada: os jogos foram disputadíssimos e quem subiu no pódio foram:

1º – Mala Pata – (Chile)
2º – Untitled – (Argentina)
3º – Hagame Famoso – (Colombia)

Os campeões da edição posterior do campeonato foram os paulistas Underdogs, que dessa vez só chegaram até o quarto lugar, representando o Brasil muitíssimo bem.

Uma novidade dessa edição foi o Interpolas, o primeiro torneio feminino latino americano de bike polo. Sim, é um esporte misto, entretanto ainda existe um número muito superior de homens no esporte. O Interpolas é uma tentativa de trazer mais mulheres para a quadra, assim como o Lady’s Army é na gringa. O nível dos jogos foi altíssimo e a premiação farta. E nesse torneio as brasileiras conseguiram destaque. A classificação foi:

1º – Tandera (Brasil)
2º – Pololas (Chile)
3º – Hit Girl (Argentina)

Terminados os jogos, conforme manda a tradição, foi realizada uma festa no espaço de co-working/oficina/bicicafé Las Magrelas. Terminada a festa, boa parte dos hermanos quis continuar a viagem e foram para o Rio de Janeiro e perpetuar o clima. Foram cerca de duas semanas seguidas de jogos e festas quase todos os dias.

Para quem quiser fazer parte desse clima boêmio/esportivo e arriscar umas tacadas na quadra, os jogos no Rio acontecem na quadra de tênis na Lagoa Rodrigo de Freitas localizada em frente ao Clube Monte Líbano toda terça e quinta às 21h30 e todo domingo às 18h. Em São Paulo os jogos acontecem próximos à quadra de basquete do Parque Ibirapuera às terças e quintas as 21h e domingo às 11h. Lembrando que poleiros são de açúcar, então se chover, os jogos são transferidos para outras quadras que sejam cobertas. Saiba mais nos grupos do facebook de bike polo do Rio de Janeiro e de Sampa.

E vale se preparar para 2014 na Colômbia.

 

Texto por Beatriz Folly, que é carioca, fundadora da marca de acessórios de urban commuting Psicodrome, jogadora de bike polo e fã de filmes de zumbi