Aromeiazero – Velo City 2017 e Bike Arte Lisboa

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Por Murilo Casagrande.

Já se passaram mais de dois meses desde o Velo City, que aconteceu na Holanda, na região metropolitana de Nijmegem e Arhem. Apesar do apelido dado pelo autor desse texto, a dupla de cidades conta há alguns anos com tratados de cooperação, principalmente para fomento da rede de ciclovias – e super ciclovias – que unes as duas cidades. Foi nossa primeira vez no evento e pode parecer meio óbvio dizer, mas a participar do evento foi MUITO importante para o Aromeiazero e ainda dá frutos.

Aliás, para pensar no que representou a nossa participação, podemos fazer uma divisão entre antes, durante e depois do VC17. Desde janeiro estávamos nos preparando para o evento. Conseguimos fazer contatos e estabelecer importantes relações com a ECF e o Consulado da Holanda em São Paulo, algo que foi fundamental para melhor participação e aproveitamento do evento como um todo. Realizamos um evento com o Bike Café e o Bike Arte em abril para o Dia do Rei em São Paulo e gravamos um vídeo em junho para o Consulado de São Paulo. Esse tempo (quase um semestre de antecedência) também foi ótimo para preparação de apresentação, discurso apropriado (ambos em inglês), material impresso (que foi bastante elogiado pelo visual e conteúdo) e agendar outras reuniões que pudessem rolar por lá. Com esses contatos, após o VC17 conseguimos realizar um Bike Arte em Lisboa, que possibilitou conhecer ainda mais organizações e a realidade de Portugal.

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Durante o VC17 houve três grandes áreas de atuação do Aromeiazero: as inúmeras palestras para assistir, que nos jogam em grandes impasses para escolher em qual ir; a nossa participação na round table “Social inclusion”, que aconteceu na manhã do dia 13 e por fim, a “Feira” onde ficam os estandes dos patrocinadores, expositores e o Bike Café, que com o apoio do Itaú foi servido todos os dias no espaço do Velo City do ano que vem, que acontece no Rio de Janeiro. Sobre as palestras e atividades externas, vale ressaltar a ótima palestra “Traffic Engineering with a Human Touch” que contrapôs um inglês (Brian Deegan) e um holandês (Marco te Brömmelstroet) sobre as perspectivas sobre o futuro do desenho das ciclovias. O inglês trouxe a visão de ciclovias com cada vez mais ciclistas e ciclistas que querem ir cada vez mais rápido. Também analisou como o holandeses tornaram o seu modo de pedalar algo tão bonito que hoje eles “vendem” essa ideia para o mundo todo. Já Marco trouxe uma bela apresentação comparando pássaros e pessoas e seus comportamentos quando estão em movimento e mostrou formas mais orgânicas de organizar as cidades, inclusive experiências sobre abolir a sinalização de certos pontos de Amsterdam e os bons resultados que isso gerou. Enquanto discutimos e lutamos por sinalização e medidas que salvem vidas, do outro lado do Atlântico esse debate como a ser superado: as ruas são das pessoas e quanto mais pessoas nelas, mais seguras elas ficam. Como diria a Renata Falzoni: algo que os chineses e indianos já fazem muito bem nas caóticas ruas em que carros ficam parados para pessoas e bicicletas circularem.

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E Nossa participação no painel “Social inclusion” também foi muito boa. Ao lado de outro projeto brasileiro (Pedala Maninho, do Pedala Manaus) e de projetos da Inglaterra, África do Sul, Holanda e Austrália. O fato das pessoas aprenderem mecânica, como pedalar com segurança,  da autonomia e outras muitas outras coisas, que recebem as bikes terem a chance de aprenderem algo nesse  do se diferenciou por o único que busca a auto sustentabilidade financeira do projeto;  foi muito bom ver o grande número de projetos que também recolhem bicicletas e doam para pessoas pobres – mas poucos se preocupam em usar esse momento para treinamento em mecânica, por exemplo; além de perceber o quanto nossa realidade e problemas que enfrentamos são diferentes da que existem em outros países: enquanto eles relatavam a dificuldade em atrais pais e mães para as atividades, relatamos que, além disso, também precisamos lidar com pais e familiares que vendem a bicicleta doada para comprar comida. Ou seja: além do problema de mobilidade dessas pessoas, atuamos em uma série de outros “problemas” e por isso precisamos de tantos recursos, já que no Brasil não há investimento público na área – diferente dos outros projetos que contavam com suporte das câmaras municipais ou outras organizações maiores. Um dos participantes era  Hugo van der Steenhoven, consultor de Utrecht para mobilidade e que alertou que os ótimos números de utilização das bicicletas na Holanda ainda remetem a uma parte específica da população: classe média ou superior e que imigrantes e muitos jovens não pedalam por preferirem scooters, por não conseguirem se deslocar por longas distâncias ou manterem a própria bicicleta.

Também foi ótimo participar do passeio “The Good the bad and the Ugly” que nos levou para conhecer o que essa dando certo e o que ainda precisa ser melhorado em Amsterdan. Os principais desafios são: alto número de scooters que dividem as ciclovias e o espaço público; a (re)organização da malha cicloviária que está com excesso de ciclistas (ótimo problema para resolver, convenhamos) e por fim, visitamos a sede da Fietsersbond, uma das pioneiras que desde 75 luta para melhorar as políticas de mobilidade na Holanda. No mesmo dia tivemos uma festa em um grande galpão com a participação de Luud Schimmelpennink, criador das Bicicletas Brancas.

Sobre a feira e o stand do Rio, foi importante “investir” tempo para poder rodar pelos estandes e receber pessoas para servir o Bike Café – ação combinada com o Itaú e que fez muito sucesso para quem vinha saber mais sobre o Velo City do ano que vem. Circulando pela feira no estandes para conhecer o maior número possível de estandes e propostas. Interessante ver como ações de promoção do cicloturismo e o bike sharing ocupam espaço, operando com simplicidade e equipe reduzida e o investimento em tempo dos próprios proprietários. Por conta desse tempo conhecemos dezenas de organizações de diferentes segmentos.

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Além do Velo City também organizamos uma edição do Bike Arte, em parceria com o Gerador e com apoio da Junta de Freguesia do Campolide, em julho. Fizemos parte da programação do festival Trampolim, “um conjunto de mais de 50 iniciativas culturais concentradas num espaço público, durante 1 dia e com acesso gratuito.“ Por tudo isso, a sinergia com o Bike Arte é grande, já que usamos a bicicleta como meio para abrir as ruas das cidades para as pessoas e ocupá-las com diversas formas de manifestações culturais e teve público de 3000 pessoas, mesmo em dia perfeito para praia. Entre as atividades, houve exposição com 20 obras de artistas portugueses e brasileiros selecionados pelo coletivo Bicicleta Voadora de Lisboa e pelo Estudio Rebimboca, de São Paulo; a tradicional mecânica comunitária gratuita ajudou 5 pessoas no conserto de bicicletas em parceria com a Cicloficina dos Anjos; projeção do filme Ciclos para plateia de 30 pessoas, uma bicifeira com venda de produtos em bicicletas de quatro inciativas que vendiam flores, serigrafia e o Bike Café, o ateliê Eu, Passarinho, que juntou 40 pessoas de todas as idades; uma alley cat com 12 participantes entre as ruas de Lisboa e do bairro do Campolide e matéria em sites, jornais e revistas culturais. A experiência de produzir o festival em Portugal foi importante para reforçar os contatos e relações que foram iniciadas no Velo City, no sentido de parcerias e acesso para investimentos internacionais.

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Já se passaram quase três meses do Velo City, e a seguiu seu curso. Recebemos um convite da Finlândia para exibir um dos nossos filmes durante o Velo Finland, festival que acontece em outubro; realizamos outro Bike Arte, dessa vez no Grajaú, extremo sul de São Paulo; estamos em contato com algumas pessoas interessadas em nossos projetos e às vésperas do mês da mobilidade, sempre o mais intenso do ano. Mas já começamos a fazer a lição de casa para estarmos ano que vem no Rio de Janeiro, a chamada para trabalhos está aberta, o tema é “Acesso à vida” e já convidei gente do mundo inteiro para vir ver de perto o que a mudança que bicicleta promove por aqui.

As Mulheres que fazem parte da história da Transporte Ativo

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Ao longo dos seus 13 anos de existência a Transporte Ativo sempre contou com a participação ativa e imprescindível de muitas mulheres. Voluntárias, diretoras, apoiadoras, mães, avós, conselheiras, contadoras, representantes, parceiras, elas são muitas e merecem nossa homenagem.

A começar pelo começo, não existe contar a história da TA sem ter em mente a nossa querida patinadora Erika Cordeiro. Ela que foi a primeira financiadora da organização e é, até hoje, uma das nossas maiores incentivadoras.

E a Zélia? Ah, “A Zélia”! Presente na história da associação desde que ela era um apenas um sonho, sempre deu apoio fundamental e é nossa Diretora Administrativa desde 2011.

E o que dizer da Claudilea Pinto? Ela que veio para somar esforços pessoais logo no início, foi diretora e conselheira, e em 2004 fez a apresentação que deu origem ao CTB de Bolso, nosso maior sucesso de downloads e distribuição da TA!

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Tem a Vera Pinto, nossa contadora – Desde o começo! -, com ou sem patrocínio, com ou sem verba, ela sempre esteve ali, disponível para nos atender e colaborar.

Não podemos deixar de mencionar nossas “voluntarias ferrenhas”: Caroline Porto – desde sempre, até hoje – , Érica Sepúlveda, Carol Souza e Taís Queiroz. Nossa apoiadora Vera Chevalier da Recicloteca. Sirlei Ninki que foi nossa representante no RS durante um período. Nossas Coordenadoras de patrocínio – Sempre mulheres! – : Marieke de Wild do ICE e Carolina Rivas, Maira Moreno e Gabriela Gomes de Almeida do Banco Itaú.

E o que dizer da atual e ex Coordenadoras do GT ciclovias? Claudia Tavares – grande amiga e parceira até os dias atuais -; Anette Carvalho; e Maria Lucia Navarro Maranhão – atual coordenadora e parceira – sempre presente em nosso eventos – .

Tem também a Clarisse Cunha Linke, Conselheira e parceira da TA desde que retornou ao Brasil. A Dandarah, nossa colaboradora – Que vai ser mamãe! – . E nossas queridas – e super divertidas – parceiras Monicat (Mônica Bentes) e Michelinha (Michelle Castilho), as vezes voluntárias, as vezes contratadas, mas sempre presentes e a disposição.

Por fim eu, Blé (Gabriela Binatti), que cheguei em 2010 me associando a TA e que em 2012 comecei a participar ativamente e: Nunca mais quis sair de perto! Atualmente ocupo o cargo de Conselheira além de representar a TA em projetos e eventos na América Latina. Só posso dizer uma coisa: Participar das atividades e trabalhar com a TA é como estar em família, acolhimento, aprendizado e trocas constantes.

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Um salve a todas nós – MULHERES – !

E como diz o mestre: Pedalemos!


Este post é uma homenagem as TODAS as mulheres que fazem parte – ou não – da história da Transporte Ativo. Escrito a quatro mãos por mim (Blé Binatti) e nosso grande mestre Zé Lobo.

Cidades de Baixo Carbono

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Realizado entre os dias 10 a 12 de outubro, em Medellín na Colômbia, o evento Ciudades Bajas en Carbono foi motivado pela Nova Agenda de Desenvolvimento Sustentável, pelo Acordo de Paris e a importância das cidades na mitigação das mudanças climáticas. O evento, que incluiu discussões de Mobilidade Urbana e Transporte de Zero Carbono, foi fruto de uma iniciativa cidadã.

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Totalmente aberto ao público, foi marcado pela realização de pré fóruns e intervenções urbanas em diversas cidades do mundo incluindo na cidade de Medellín, antes e durante o evento.

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A Transporte Ativo esteve presente apresentando seu estudo de Entregas de Cargas em triciclos e bicicletas. Mostrando através de dados e reconhecimento da realidade carioca todas as vantagens atreladas ao transporte de carga e logística urbana em bicicletas e triciclos.

Temas como participação cidadã, urbanismo tático, espaços públicos, desenvolvimento orientado ao transporte também tiveram destaque durante a programação do evento que contou com a participação de expertos em problemática ambiental, nacionais e estrangeiros, estudantes, líderes ambientais, etc.

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Depois de participar de mais este evento fica o desafio sobre como podemos levar o conteúdo debatido intensamente em dois dias às nossas cidades e mostrar ao mundo como através da promoção do uso da bicicleta podemos alcançar cidades mais saudáveis para todos!

Uma política cicloviária para o Rio de Janeiro

ITDP, Transporte Ativo e Studio X têm acompanhado a elaboração do documento, e gostaríamos de convocá-los para participar ativamente do processo, construindo em conjunto um documento com diretrizes para a política cicloviária a serem consideradas na elaboração do Plano. O objetivo é consolidar um relatório e entregá-lo à Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro e ao consórcio contratado para apoiar o processo de elaboração do PMUS.

Para discutir sobre a visão que gostaríamos que fosse adotada no planejamento cicloviário no Rio e coletar contribuições das principais organizações, movimentos, coletivos e indivíduos interessados em mobilidade por bicicleta da cidade, estamos organizando um encontro no dia 16 de maio (sábado). A proposta é realizar um workshop nos moldes do que foi o encontro “Que mobilidade queremos para a nossa cidade?”, no qual debatemos de forma abrangente a visão de mobilidade para o PMUS e consolidamos um relatório que foi entregue à Prefeitura e ao consórcio. Algumas temáticas serão pré-selecionadas para nortear a discussão, que se dará em grupos. Ao final teremos uma rodada geral de apresentações e discussões.