Buenos Aires, Europa Sulamericana

Buenos Aires apresenta características marcadamente européias. Uma mistura de Barcelona, Madri e Paris. Os prédios, as amplas avenidas, os parques. Até mesmo os portenhos são fisicamente mais europeus do que a população brasileira.

O perfil histórico é complexo mas estão lá os traços europeus no urbanismo, na fisionomia das pessoas e em suas roupas. Mas nada disso é “puro” ou simples mimetismo. Só a presença de imigrantes italianos e espanhóis em um mesmo território já traria características únicas. Mas a mistura com os nativos e entre os imigrantes aconteceu. Ainda que tenha sido bastante diferente da que ocorreu no Brasil.

Talvez o caracter tão europeu da população seja o motivo da melancolia Argentina, dos tangos, da rebuscada arquitetura. A necessidade de aproveitar o sol nos parques no outono também é comum na Europa. E aí está a interseção entre o urbanismo portenho e o caráter majoritariamente europeu dos seus habitantes.

Buenos Aires é uma cidade que tem espaços públicos de grande valor. Um cidade que se desenvolveu ao longo dos anos e hoje é o centro da segunda maior região metropolitana da América do Sul. Mas ao mesmo tempo soube preservar espaços de qualidade para as pessoas.

Não são só os parques que impressionam, mas as amplas avenidas e o traçado das tranquilas e arborizadas ruas secundárias. A cidade durante anos foi capaz de preservar um caráter fundamental de uma grande metrópole, ser um local agradável de estar e de circular.

O Brasil, maior pais do continente, tem duas cidades de nível mundial. No entanto em diversos aspectos tanto São Paulo, quanto o Rio de Janeiro tem muito a aprender com Buenos Aires. A construção das “cidades globais sulamericanas” é certamente fundamental para fortalecer aos países e também ao Mercosul.

Toda e qualquer cidade de projeção mundial precisa ser um ambiente que possibilite a realização de negócios, mas precisam acima de tudo serem lugares em que se possa circular e que seja agradável viver, trabalhar, ou visitar.

Bicicletas Livres

O Bicicleta Livre é um Projeto de Extensão da Universidade de Brasília. Nasceu com a idéia de disponibilizar bicicletas comunitárias dentro do campus da UnB, para que estudantes, funcionários, professores e o público em geral possam se locomover dentro da universidade.
Nesta semana o projeto reforçou a campanha de arrecadação de bicicletas doadas, cujo mote bem criativo é: Coloque sua magrela para rodar – seja doando ou pedalando. Os estudantes bolsistas envolvidos no projeto dizem:

queremos que as bicicletas sejam vistas como de todos e todas e achamos que a doação individual cria um laço comunitário mais forte do que a doação de bicicletas novas por empresas ou compradas pelo projeto.

Junto com cartazes, eles divulgaram um documento de apresentação do projeto, que esclarece:

o Bicicleta Livre não pretende limitar-se às transformações físicas do ambiente urbano. Um de seus objetivos é precisamente constituir-se um estímulo para a promoção de políticas públicas nos campi e no Distrito Federal ao demonstrar de forma prática os benefícios da bicicleta no dia-a-dia para pessoas de dentro e de fora do ambiente universitário, criando (ou relembrando) nestes indivíduos a consciência sobre a importância e a utilidade da bicicleta como meio de transporte.” (…) “Ressalta-se nos propósitos do projeto e nas potencialidades da bicicleta como meio de transporte a promoção da autonomia. A bicicleta pode oferecer independência ao seu usuário regular não apenas por ser econômica, estimular fisicamente o corpo e oferecer maior flexibilidade quanto às suas rotas, evitando congestionamentos. Ela também permite um domínio generalizado sobre a mecânica do seu veículo, incrementando a liberdade de movimento. Por isso o projeto também busca promover experiências de oficinas comunitárias que se mostraram exitosas como as “Bicicloficinas” italianas ou suas correspondentes francesas e estadunidenses.”

Se você mora em Brasília, ou conhece alguém que possa ajudar, divulgue! E participe da campanha de doação.
Maiores informações na página www.bicicletalivre.unb.br
pelo email: bicicletalivre@gmail.com.br
ou na lista de discussão Bicicletalivre no Yahoogrupos

  • Mais:

Na Contramão da História?

Bicicletas Estacionadas

Improviso nas Ruas do Rio

A nova administração municipal do Rio de Janeiro encampou uma campanha de inestimável valor para a sociedade. O lema desde o primeiro dia de governo é o “Choque de Ordem”. Uma série de ações tem mostrado ao carioca que há um novo governo e que a prefeitura irá privilegiar a organização da cidade.

No entanto a medida que segue em seus esforços, podem haver erros. Um deles foi cometido com a apreensão de bicicletas estacionadas em postes nos bairros do Flamengo e do Catete. Segundo a Prefeitura elas pertenciam a estabelecimentos comerciais e obstruíam a calçada dificultando o trânsito de pedestres.

Por mais bem intencionada que possa ser a medida de deixar livres as calçadas do Rio de Janeiro, cortar correntes e apreender bicicletas é uma medida que não só é polêmica, mas acima de tudo um enorme retrocesso na promoção da qualidade de vida na cidade. Bicicletas em todo o mundo são incentivadas e é desejo de qualquer prefeito no planeta ter uma cidade melhor. Certamente as magrelas fazem parte da melhoria na qualidade de vida urbana. Silenciosas, limpas e esguias, deslizam pelas ruas sem poluir e sem gerar engarrafamentos.

Bicicletas nas calçadas são um problema, com certeza. No entanto a solução não passa pela remoção pura e simples da bicicleta, tratando-a como um “obstáculo”. Onde bicis demais tomam o espaço do pedestre, um bicicletário torna-se necessário. Estabelecimentos comerciais fazem entrega em bicicleta, parabéns. A Prefeitura deveria facilitar o contato para que eles solicitem a instalação de um bicicletário em local adequado junto a loja.

Bicicletas na Rua

Espaço adequado para o estacionamento de bicicletas

O Rio de Janeiro tem muito a se beneficiar com a adesão cada vez maior dos cariocas as bicicletas, mas não se pode deixar de lado a mobilidade dos pedestres e a limpeza das calçadas. Bicicletários bem localizados e adequados são portanto a melhor solução para resolver um problema e ao mesmo tempo impulsionar a solução de outros.

– Mais:
Bicicletas Confiscadas – O Eco
Prefeitura do Rio desestimula o uso da bicicleta – Vá de bike
Sr. Prefeito do Rio, não ataque as bicicletas! – O Globo

Uma Polêmica Reversível

O trânsito motorizado no eixo viário que liga a praia de Botafogo a Lagoa no Rio de Janeiro para por completo durante o pico de fim de tarde. Automóveis e ônibus movem-se lentamente. As motocicletas trafegam com enorme dificuldade. Apenas ciclistas são capazes de seguir devagar e sempre em meio ao enorme engarrafamento.

Equacionar esse problema é desejo da administração municipal, dos moradores da região e de todos que passam por lá. Como medida para desafogar o trânsito a Prefeitura implantou uma faixa reversível com 530 metros de extensão no sentido Botafogo-Lagoa. A medida visa facilitar o escoamento de automóveis, mas já chegou coberta em polêmica.

No primeiro dia um atropelamento, congestionamentos no sentido oposto e desaprovação por parte dos moradores. Faixas reversíveis são comuns na cidade. Funcionam no sentido centro pela manhã e na direção oposta durante o pico da tarde. Elas trouxeram benefícios para a fluidez motorizada, mas não ajudam a equacionar o problema dos congestionamentos na cidade.

Para fazer o carioca ir e vir com mais facilidade, a Prefeitura precisa pensar além dos automóveis. A mobilidade deve estar ligada ao fluxo de pessoas, a capacidade de transportar cidadãos de casa até o trabalho de manhã e no retorno ao lar no fim do dia. Dentro dessa lógica, criar facilidades para o trânsito do carro particular irá apenas dificultar o cotidiano de todos.

Moradores reclamam com razão dos transtornos trazidos pelo excesso de congestionamentos. São os que mais perdem em qualidade de vida por terem engarrafamentos gigantescos na porta de casa. Para garantir a qualidade de vida dos moradores da região e dos que precisam cruzar o bairro de Botafogo, a Prefeitura do Rio de Janeiro deve trabalhar em favor dos cidadãos, criando facilidades e opções para que as pessoas possam optar pelo transporte público, pela bicicleta ou até ir a pé.

Faixas exclusivas para ônibus, calçadas melhores, e a inserção da bicicleta no trânsito irão beneficiar a todos e colocar o Rio de Janeiro no rumo certo para equacionar o problema dos congestionamentos.

 

Sobre Construir Cidades Verdes

Prédios verdes e arquitetura sustentável são termos atualmente em voga. Mas construir novas estruturas com a mais alta tecnologia talvez não faça de nossas cidades ambientes sustentáveis e menos danosos ao planeta.

Alguns urbanistas e planejadores já apontam como os efeitos do aumento da “mancha urbana” das cidades européias tem causado danos. Mais do que isso, o aumento das grandes conurbações na Europa não tem sido causado pelo crescimento da população, mas sim por uma diminuição na densidade nas cidades.

Essas preocupações foram divulgadas na III Conferência Internacional de Mudanças Climáticas e Desenho Urbano em Oslo. Afinal, o crescimento das cidades gera enormes emissões de gases do efeito estufa além de agredir ambientes naturais e terras agriculturáveis.

Fazer prédios sustentáveis pode acabar sendo a “parte fácil”. A maior dificuldade está em criar ambientes densos, na escala humana em que a população possa se deslocar a pé ou de bicicleta e tenha transporte público com qualidade.

A solução pode ser traduzida para realidade brasileira, afinal o Estatuto das Cidades estabelece a obrigatoriedade das cidades brasileiras acima de 20 mil habitantes terem o seu Plano Diretor. Ele é um: “instrumento básico para orientar a política de desenvolvimento e de ordenamento da expansão urbana do município.”

Afinal, só através de um planejamento organizado, a longo prazo e de acordo com as necessidades e desejos da população é possível construir comunidades agradáveis de se viver. E um ambiente agradável é fator fundamental para uma cidade sustentável.

Mais:
Via TreeHugger.
The New Urbanists: Tackling Europe’s Sprawl