Superpoderes Ciclísticos: Sensualidade

A publicidade é capaz de convencer as pessoas a sonharem com o que não podem ter ou desejarem o que não precisam. As boas campanhas podem incentivar comportamentos positivos, mas nenhuma quantia em dinheiro pode ser capaz de convencer as pessoas a mudarem seu comportamento por muito tempo. Não bastam imagens, textos criativos e um mundo publicitário mágico se a realidade não for condizente.

Pedalar precisa ser “sexy” e isso a publicidade pode fazer. A bicicleta tem de ser aceita socialmente e campanhas informativas podem ajudar. Mas todo e qualquer esforço só faz sentido quando mais ciclistas ganham as ruas. E uma cidade que coloca as pessoas em primeiro lugar é certamente um lugar mais “sexy”.

Afinal, nada mais sensual do que uma bicicleta que desliza macia com uma pessoal bonita em cima. As duas rodas que equilibram-se graças ao movimento constante e que traz sempre consigo a brisa que levanta cabelos e abre sorrisos.

A beleza está sempre nos olhos de quem a vê e a bicicleta certamente é uma boa ferramenta para abrir os olhos para a sensualidade das pessoas e das cidades.

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Duas imagens captadas em um mesmo dia no Rio de Janeiro mostram que a cidade está cada vez mais com os pés firmes no pedal.

Caia na folia com o carro em casa

No ônibus a publicidade oficial incentiva a deixar o carro em casa no Carnaval (que já começou). Afinal, mais do que em qualquer outra época do ano, as ruas são abertas para as pessoas, muitas delas.

Carga Pesada

Na rua um triciclo transporta uma geladeira. Trata-se de apenas mais um dia comum no Rio de Janeiro. A cidade incentiva alternativas ao carro e os cidadãos levam suas vidas em rodas a pedal.

Promoção e educação para o uso da bicicleta


Tudo na bicicleta, e os primeiros a chegar.

Em mais uma parceria com o poder público a Transporte Ativo uniu-se à prefeitura do Rio para ajudar no trabalho de conscientização e educação cicloviária. Estiveram presentes a Cet-Rio, a Secretaria de Meio Ambiente (SMAC) e a de Saúde, cada um com uma abordagem diferente em relação as bicicletas.

Cet-Rio e a TA apresentaram as vantagens da bicicleta como meio de transporte. Além do bate papo nas tendas, os interessados puderam se inscrever para um curso gratuito de introdução ao mundo cicloviário. Já o pessoal da SMAC e da Saúde abordaram os benefícios ambientais do uso da bicicleta para a cidade e para os cidadãos.

Motivo de orgulho, barraca da TA foi a mais cheia. Buscamos manter a descontração e para atrair os ciclistas e pedestres que lotam a orla, uma bicicleta presa a um cavalete. Deu certo, chamou a atenção e além dos amigos, muitos outros pararam para trocar algumas idéias e também para calibrar os pneus.

A Barraca da TA, com bicicletário

A informação pode circular livremente através dos banners, dos mais de 1.000 folhetos distribuidos e claro através do bate-papo. Mesmo campeão em infraestrutura cicloviária, o Rio de Janeiro sempre foi carente de educação cicloviária. Esperamos que seja um primeiro e importante passo. E a que a expansão da malha cicloviária siga sendo feita ao mesmo tempo que a expansão da consciência sobre o potencial da bicicleta e a melhora maneira de utiliza-la.

Confira o álbum de fotos.

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Peça seu próprio bicicletário

O ciclista paulistano Palmas (@opalmas) bolou um modelo de carta que pode, e deve, ser enviado a todos os estabelecimentos comerciais frequentados por qualquer ciclista. Há menção a lei 13.995 equivalente no Rio de Janeiro a Lei Complementar 77 . Caso sua cidade não tenha uma lei que disponha sobre a obrigatoriedade de bicicletários, vale seguir o exemplo das duas maiores cidades brasileiras e sugerir a um vereador que proponha legislação semelhante.

No entanto, mesmo sem lei, o teor da carta é adaptável para qualquer cidade:

Caro responsável pelo supermercado do meu bairro,

Sou cliente assíduo da loja e gostaria de sugerir a construção de um local para prender as bicicletas em frente ao estabelecimento.

Sempre vejo outros clientes ciclistas amarrando a bicicleta em qualquer lugar. Vale ressaltar que segundo a lei municipal (xxx de xx de y de xxxx), todo estabelecimento de grande fluxo de pessoas é obrigado a instalar os estacionamentos para Bicicletas.

Abaixo alguns motivos que acredito podem ser suficientes para criar o bicicletário sem necessitar da obrigatoriedade da Lei:

1) o trânsito de (insira aqui sua cidade) está caótico, e as pessoas não aguentam mais perder tempo dentro do carro.

2)Com a bicicleta, podem chegar mais rápido. Afinal para distâncias de até 5 km pedalar sempre demora menos. E provavelmente a maior parte de seus clientes está a uma distância inferior a essa do seu estabelecimento.

3) o custo de ter um carro está cada vez mais caro, e pessoas de todas as classes sociais estão optando por outros tipos de transporte para economizar dinheiro.

3) a preocupação com sustentabilidade é cada vez maior, e cada vez mais pessoas tomam decisões que tendem a reduzir o impacto no meio ambiente. A bicicleta é um meio não-poluente e silencioso, e portanto uma ótima alternativa ao carro nesse sentido.

4)Última e mais importante: Sabiam que na vaga de um carro cabem 12 bicicletas? Então pensem o que trás mais dinheiro para o Supermercado, 12 clientes de bicicletas ou um cliente de carro?

Seguem como sugestão material informativo sobre bicicletários. Além de algumas empresas que podem providenciá-los caso não queiram recorrer a serralheria mais próxima:

Por fim uma reportagem recente de um shopping que acabou de inaugurar e recebeu uma mídia negativa devido ao desconhecimento da Lei.

Coloco-me a disposição para auxiliá-los, caso tenham alguma dúvida.
Grato pela atenção e no aguardo de uma resposta,

Ciclista Comprador

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Mais amor, mais transporte, mais esporte

O Campus da Universidade de São Paulo na zona oeste da capital formou personalidades políticos, cientistas, pesquisadores e pensadores. A cidade universitária nasceu também para desarticular a luta dos estudantes contra o regime. Os prédios e vias seguem firmes, no entanto uma universidade é um lugar em outro espaço tempo, onde alunos sempre renovam o ambiente.

Carente de espaços públicos de qualidade, muitos paulistanos buscam refúgio no campus da universidade. Pistas são tomadas por ciclistas em máquinas leves capazes de alcançar altas velocidades, corredores de rua também frequentam a USP para treinar. A atitude agressiva de alguns esportistas em bicicleta no trânsito dentro do campus fez com que a presença deles chegasse a ser até mesmo proibida.

Um anacronismo. Mas que é baseado na atitude opressora de pelotões de ciclistas em alta velocidade que por serem um grupo forte intimidavam os demais frequentadores da universidade. Assim como o Pateta fica feroz atrás do voltante alguns ciclistas faziam o mesmo. A proibição na USP não está mais em vigor, mas ainda existem conflitos e a administração não sabe bem como resolver o “problema ciclístico”. Até mesmo o autódromo de Interlagos foi proposto como local para substituir os treinos dos ciclistas.

Esssa semana foi anunciada mais uma medida que claramente tem tudo para ser ineficaz naquilo que se propõe. Ciclistas e corredores deverão se cadastrar e receber gratuitamente uma carteirinha. A universidade nesse aspecto torna-se um clube, com os sócios (alunos e professores) e os atletas fazendo o papel de convidados.

A intenção, segundo o coordenador do campus, Antonio Marcos Massola, é reduzir as ocorrências, como discussões e brigas envolvendo pessoas de fora da universidade, que hoje não se submetem a nenhum tipo de controle.

Medidas de burocratização e restrição do uso nunca foram responsáveis por melhorar espaços públicos. Os ciclistas tomaram o campus por conta do asfalto liso e das pistas livres. A conduta inadequada de alguns levou aos conflitos, no entanto a melhor maneira de expulsar os indesejados é convidar os “desejáveis” a tomarem conta do espaço.

Um campus tomado por ciclistas se deslocando e passeando em baixa velocidade, ou com pistas que desfavoreçam altas velocidades são medidas muito mais efetivas do que cadastros. Regras nunca foram respeitadas simplesmente por estarem escritas em algum lugar. Leis servem para minimizar conflitos, mas quando são pensadas como um fim em si mesmo, sem levar em conta o fator humano, tendem a ficar presas no papel.

As adequações para a boa convivência entre velozes ciclistas, ciclistas lentos, corredores, e a população do campus pode e de ser feita de maneira mais amistosa. Mas restrições nunca foram o caminho e os incentivos para a prática adequada dos esportes na Cidade Universitária ou em outros locais da cidade de São Paulo é certamente um ganho para todos os paulistanos.

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