Buenos Aires tem características que facilitam enormemente o uso intenso da bicicleta por seus cidadãos, sem importar idade, classe social ou qualquer condição prévia. Naturalmente sem que nada, ou quase nada tenha sido feito em termos de infraestrutura, os ciclistas ganham as ruas em um número cada dia maior. E claro o indicador de que muitas mulheres já pedalam ajudam a mostrar que não se trata de uma minoria de corajosos e desbravadoras homens jovens e destemidos.
Infelizmente as novas Bicisendas, recentemente implementadas, conseguiram desagradar a motoristas e ciclistas. Um indício claro de que as cidades brasileiras não estão sozinhas na necessidade de construir um novo vocabulário urbano que traga a bicicleta para o papel de protagonista nas cidades.
Desagradar motoristas penalizados por não terem mais onde estacionar motoristas é fácil. Mas quando os ciclistas optam por não utilizar uma nova infraestrutura, é sinal de que o planejamento deve ser refeito. Ao invés de buscar traçar rotas isoladas (as ciclovias) longe de grandes avenidas, seria mais racional incentivar o trânsito compartilhado e deixar as pistas segregadas para as grandes avenidas. Vias que levam o termo “grande” a um novo horizonte.
Confira abaixo uma matéria do jornal La Nacion sobre as novas bicisendas:
Olá João!
Estive em Buenos Aires há alguns dias e fiquei realmente impressionado com a cidade. Vi muita gente andando de bicicleta no trânsito por lá. Passei por um bairro onde já existiam essas “bicisendas”, mas havia apenas um casal de ciclistas andando por elas, nem entendi direito do que se tratava na primeira vez que vi, tinha um carro dentro dela estacionado! Pensei até que fosse um corredor de ônibus ou algo parecido.
Aluguei uma bike para andar lá e o que achei de mais estranho é que nas vias compartilhadas, a bicicleta tem preferência do lado esquerdo. O trânsito deles é caótico como o nosso, e os motoristas buzinam a todo tempo.
Realmente não vejo sentido em fazer vias segregadas dentro dos bairros, me parece uma opção muito mais política do que de infraestrutura urbana mesmo. Quero ver eles fazerem uma ciclovia na Corrientes, na 9 de Julio, tomando uma faixa dos carros.
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