Desejos Femininos

5931

O conceito de “mais mulheres em mais bicicletas mais vezes” é central para o bom planejamento cicloviário. Diversos estudos apontam que elas tem maior aversão ao risco e portanto preferem sempre rotas mais seguras. Mas além disso são elas que fazem mais viagens “utilitárias”, pedaladas até o supermercado, até a escola, a creche…

Uma outra variável tem um papel fundamental em conquistar mais mulheres para o uso cotidiano da bicicleta. Homens apresentam maior facilidade no que se refere a “não precisar de um carro”, mas ainda é papel feminino um número maior de viagens que tem “funções domésticas”. A igualdade entre os sexos ainda não é completa e mesmo com ajuda masculina em casa, as preocupações com administrar uma casa ainda pesa mais para as mulheres.

5932

Para além do feminismo ou de disputa entre os gêneros, nossas cidades tem muito a aprender com o que querem as mulheres. A bicicleta é o veículo ideal para adequar o espaço dos pedestres nas cidades. Já as mulheres são a “espécie indicadora” no que tange melhorias cicloviárias e quanto mais fácil for para elas optar pelas pedaladas, melhor será para todos os ciclistas, sem distinção de gênero.

5933

—-
As três fotos de uma mãe em Copacabana nesse post ilustram o papel da bicicleta no cotidiano feminino e o potencial para que mais ciclistas ganhem as ruas do bairro. As duas primeiras imagens foram captadas durante a realização da Contagem de Ciclistas na rua Figueiredo de Magalhães.

Mais informações disponíveis em inglês no artigo da Scientific American de Outubro intitulado: How to Get More Bicyclists on the Road

Grande Fluxo, Baixo Impacto

CCFMI__467b_

As contagens fotográficas feitas pela Transporte Ativo visam acima de tudo dar visibilidade as bicicletas. Durante as tradicionais 12 horas em fotos, estivemos agora na esquina das Ruas Figueiredo de Magalhães e Avenida Nossa Senhora de Copacabana. Muitas bicicletas eram esperadas e muita gente pedalou por lá. Exatamente 1420 ciclistas computados em uma média de 118 por hora.

Os cliques foram constantes, mas a surpresa maior ficou na comparação com os dados da CET-Rio para o número de deslocamentos em automóvel.

No pico da manhã (para os automóveis) (de 8 às 9 horas)
– pessoas se deslocando por automóvel (considerando 1,4 pessoa por automóvel): 1364
– por bicicleta: 72
– relação ciclistas / automobilistas : 5%

No pico da tarde (para as bicicletas) (17 às 18 horas):
– pessoas se deslocando por automóvel (considerando 1,4 pessoa por automóvel): 1552
– por bicicleta: 192
– relação ciclistas / automobilistas :12%

Ficou muito claro o potencial para o uso da bicicleta. São duas ruas muito movimentadas com trânsito pesado de ônibus e automóveis e sem qualquer tratamento cicloviário. Mas a infraestrutura para as bicicletas está a caminho e 3 meses depois de sua instalação a Transporte Ativo estará de volta, máquinas fotográficas em punho.

pag1_41

—-
Mais:
– Leia o relatório da Contagem na Figueiredo. (PDF)
– Albúm de fotos.
– Conheça outras contagens fotográficas de ciclistas.

Mais uma vez Copacabana

DSC00706

Acontece nesse momento mais uma contagem em Copacabana no Rio de Janeiro. Dessa vez a escolhida foi a rua Figueiredo de Magalhães, esquina com a Nossa Senhora de Copacabana. Uma esquina de trânsito intenso de motorizados com a presença massiva de ônibus. Local por onde passam bicicletas em todos os sentidos e que precisa de um bom tratamento cicloviário.

Em parceria com o ITDP, a contagem está sendo feita antes da implementação da estrutura cicloviária que virá nos próximos meses. Depois de implementadas as melhorias, haverá uma nova contagem para medir o impacto delas no fluxo de ciclistas na área.

Por hora os dados já impressionam. Foram 325 bicicletas nas primeiras 4 horas, ou 1,35 por minuto.

DSC00338

Infraestrutura como Incentivo

http://www.ta.org.br/blog/ctrc.jpg

Contagem Rodolfo Dantas

Em Parceria com o ITDP a Transporte Ativo realizou mais uma contagem em Copacabana no Rio de Janeiro. Mas ao contrário das anteriores no Corte do Cantagalo e no Túnel Velho, essa foi em uma rua tranquila dentro do bairro. Foram doze horas seguidas na esquina das ruas Rodolfo Dantas e Ministro Viveiros de Castro. Os números no entanto surpreenderam de novo, uma vez mais foram acima da expectativa. Não se tratava de um eixo de ligação entre bairros, o que deixa claro o indício de que as viagens intrabairros são bastante expressivas.

A escolha do local foi proposital, não só por ser uma rua interna de Copa, mas principalmente porque apenas 4 dias antes, foi inaugurada a pista preferencial para bicicletas ligando a estação Cardeal Arcoverde do metrô e a ciclovia na orla da praia. A idéia é incentivar o uso da bicicleta nesse circuito e também medir o impacto da infraestrutura no número de viagens de bicicleta realizadas. Para poder comparar com propriedade, estaremos de volta daqui a três meses para mais doze horas de contagem fotográfica.

Por hora já podemos concluir que a infraestrutura implantada já beneficia diretamente os usuários que pedalam, resta a dúvida se ela será capaz de atrair mais ciclistas.

Confira o relatório da primeira contagem da Rodolfo Dantas x Ministro Viveiros de Castro.

—-
Saiba mais sobre o planejamento Cicloviário de Copacabana:
Princesinha do Mar, Rainha das Bicicletas
Melhor a cada Por do Sol
Primeiros Vestígios

Melhor a cada Por do Sol

DSC01916_2]

O plano cicloviário de Copacabana que será implantado em caráter piloto no próximo mês não foi um fato do acaso, nem tão pouco uma decisão tomada sem planejamentos, sugestões e pressões.

Na cronologia do que foi feito pela Transporte Ativo alguns fatos merecem destaque. O primeiro deles foi o Dia Mundial Sem Carro de 2007. Um sábado em que os moradores e visitantes de Copacabana puderam desfrutar da orla de uma maneira que só ocorre aos domingos e feriados. No entanto um detalhe pode ter passado desapercebido aos olhos menos atentos, a interdição parcial da rua Xavier da Silveira, o caminho mais tranquilo para ir do metrô Cantagalo até a orla. Nesse dia operadores da CET-Rio orientaram o trânsito motorizado e a prioridade foi total para pedestres e ciclistas. Carros e motos, somente dos moradores para trânsito local.

A Xavier da Silveira não foi interditada por acaso, mais tarde tudo ficou mais claro com o lançamento das Zonas 30 de Copacabana. Um projeto revolucionário que estava no papel passou a ser de conhecimento público. O planejamento urbano do bairro ficou definitivamente amigo das bicicletas.

Incluir as bicicletas na Princesinha do Mar passou a contar também com o projeto SAMBA, as famosas e tecnológicas bicicletas públicas já implantadas nas 3 estações de metrô e outros 5 pontos na orla de Copa. As Zona 30 casavam perfeitamente com a iniciativa. Aluguel gratuito e segurança viária garantida, fórmula de sucesso para atrair novos usuários e motivar quem já pedala pela região.

Como forma de balizar os projetos e confirmar a necessidade do que estava sendo feito, a TA realizou a primeira contagem de ciclistas. Uma quarta feira normal no Corte do Cantagalo, em doze horas praticamente um ciclista por minuto. Mesmo em condições adversas eles já estão por lá, pensar e planejar em função deles é garantir qualidade de vida para o bairro. A contagem do corte foi complementada pela contagem no túnel velho, outro acesso a Copacabana que precisa de intervenções para garantir a segurança de que já pedala por lá e em grandes números.

Foram quase 2 anos até aqui, quando um pouco do que está no papel chegou as ruas. Apenas um primeiro passo, a pedalada inicial que certamente irá ajudar a fazer do bairro mais famoso do Brasil um lugar mais agradável para todos. Seguindo as palavras de Jan Gehl, é como acordar a cada dia e ver que a cidade está um pouco melhor do que o dia interior. Que assim seja por todos os anos daqui pra frente.