Dez Mandamentos para uma Cidade Melhor

DSC01195

  • 1° Serás um cidadão solidário; darás valor aos intereses coletivos; serás sensível às necessidades de seus semelhantes.
  • 2° Não descuidarás de teu ambiente. Cuidarás de mantê-lo sempre limpo e seguro; nunca o poluirás e deixarás que o degradem.
  • 3° Não vilipendiarás o espaço público.
  • 4° Obedecerás às leis, exigirás reformas, permanecerás crítico e ativo.
  • 5° Respeitarás teu próximo e teu distante. Nada farás que incomodaria a ti mesmo, como cidadão.
  • 6° Exigirás teu lugar na tua cidade. Tomarás o espaço público também como teu.
  • 7° Lutarás pela recuperação da paisagem natural de tua cidade.
  • 8° Respeitarás o ambiente público como público. Exigirás das autoridades públicas o cumprimento de seus deveres na fiscalização, manutenção e melhoria de sua cidade.
  • 9° Circularás a pé pelo bairro onde moras e onde trabalhas. Frequentarás seus bares, as lojas, os restaurantes, cinemas, teatros, museus e galerias. Privilegiarás a rua como lugar de passeio e convívio.
  • 10° Nunca desistirás de tua cidade.

Esses mandamentos fazem parte do artigo: “O Caos se(m) cura – Dez Mandamentos para uma cidade combalidade.” Escrito por Sergio Kon e publicado no livro: “A (Des)construção do Caos: Propostas Urbanas para São Paulo” – Sergio Kon e Fábio Duarte (orgs.) – Editora Perspectiva.

A Importância dos Apocalípticos

DSC03415
Os dados completos da pesquisa de Origem e Destino em São Paulo (Especial no Estadão) foram divulgados na semana passada. Através dele, ficou comprovado o enorme crescimento da bicicleta como meio de transporte principal de milhares de paulistanos irem e voltarem do trabalho.

Os motivos para o uso da bicicleta são os mais diversos, mas cada ciclista que ganha as ruas evidencia o quanto a cidade precisa pensar e planejar uma nova mobilidade.

O trânsito e o simples “ir e vir” na maior cidade brasileira se tornaram dramas cotidianos que atingem a todas as camadas da população. E nas palavras de Enrique Peñalosa, a mobilidade é um problema que não se resolve com mais dinheiro. Quanto mais rica é uma sociedade melhor tende a ser seu sistema de saúde, mas o mesmo não se aplica a mobilidade de sua população. Investimentos milionários em infraestrutura viária acabam não sendo a melhor solução.

A melhoria da qualidade de vida e da mobilidade dos cidadãos é do interesse de todos mas em São Paulo tem ganho força cada dia mais a união de ciclistas que utilizam as magrelas para ir e vir por toda a cidade. Apesar das deficiências estruturais, das dificuldades enfrentadas pedalar tem feito parte de cada dia mais paulistanos. Eles e elas são os “apocalípticos”, aqueles que já contabilizaram os ganhos que a bicicleta traz para suas vidas e ganharam as ruas em cima do selim.

Todo grupo minoritário deseja ser ouvido e respeitado. Por hora os ciclistas paulistanos ainda são poucos, mas uma ruidosa minoria que ao pedalar no dia a dia reforça que a cidade é possível. Eles e elas mostram que agir em prol da bicicleta é agir olhando para um grupo que hoje é pequeno, mas cujo crescimento leva a um horizonte de melhoria na qualidade das cidades.

Um grande cidade com mais ciclistas é automaticamente uma cidade melhor para todos. Pedalar é arejar o ambiente urbano. É pensar a cidade pela sua maior riqueza, o contato com outros seres humanos. É valorizar o contato das pessoas com os espaços construídos sejam parques, praças, belos prédios ou o horizonte.

DSC01233

– Mais no Blog:
Apocalípticos e Integrados
Formas de Ação

Planejamento Cicloviário na Imprensa

Planejamento Cicloviário ainda é um conceito novo no Brasil. Muitas vezes a imprensa associa bicicleta à necessidade de ciclovias. No entanto para os ciclistas essa ligação não é direta e cada vez mais a mensagem consegue se espalhar.

Na reportagem veiculada na Rede Globo um excelente panorama da situação do ciclista em São Paulo:

  • Pedalar na capital paulista é driblar os congestionamentos e chegar antes;
  • Ciclistas são portanto pontuais;
  • Adotar a bicicleta é bom para a saúde do indivíduo e do planeta;
  • A falta de infraestrutura e de segurança viária são grandes problemas;
  • Integração com o transporte sobre trilhos ajuda a facilitar o uso das bicis como meio de transporte;
  • O maior desafio está na mudança da mentalidade dos motoristas;
  • Deve-se inserir a bicicleta como mais uma opção de transporte para a população;
  • Para melhorar a vida de quem pedala ou quer pedalar em São Paulo, vale o tripé: bicicletários, educação no trânsito, além de ciclovias e ciclofaixas.
  • Ativismo Ciclonudista

    DSC02295_censurado

    Pedalar pelado pode parecer uma má idéia. Expor-se aos elementos, a mídia, a repressão policial. No entanto pelo segundo ano consecutivo isso foi feito pelos cicloativistas em São Paulo. Os números são imprecisos, mas eram algumas centenas na II Pedalada Pelada. Versão Brasileira do World Naked Bike Ride. E para não deixar ninguém pelado, a polícia destacou meia centena de policiais militares.

    O ativismo que se faz nas ruas através da Massa Crítica é em anárquico por exelencia e buscando libertar-se ao menos da repressão policial, os ciclistas reunidos, e vestidos, na paulista dispersaram ao final da avenida. Manobra evasiva que obteve sucesso e possibilitou que os mais aventurados mostram-se suas vergonhas no ponto de encontro combinado. O famoso movimento dos Bandeirantes, ou simplesmente “Empurra-Empurra”, as portas do parque do Ibirapuera.

    Do Ibirapuera a massa de pelados e semi-nus seguiu por ruas e avenidas. Com sua presença mostraram duas coisas: em São Paulo existem muitos ciclistas e destes, uns tantos dispõem-se até a tirar a roupa em público para chamar a atenção para a bicicleta e a importância do veículo que utilizam.

    O Movimento Cicloatista paulistano aprende com seus erros e acertos e cada vez mais consegue infiltrar seu discurso na mídia. Grande ou pequena. Ao mesmo tempo é capaz de pacificamente evidenciar tensões junto as autoridades. Levando ao limite o conceito de que bicicletas são parte do trânsito e portanto não devem ser tratadas com ostensiva repressão policial quando estão em uma grande concentração.


    Mais:
    Pedalando pelado (exceto na Avenida Paulista) – Mario Amaya
    Pedalada Pelada São Paulo – NakedWiki

    Mudanças Culturais pelo Ar

    DSC01011_1

    A Secretaria do Verde e Meio Ambiente da cidade de São Paulo realizou uma audiência pública para explicar a população o funcionamento e os motivos do programa de inspeção veicular. A queima de combustíveis fosséis gera gases e é responsável por uma série de efeitos negativos para a população. No entanto a região metropolitana de São Paulo precisa dos motores a combustão.

    Quebrar a resistência da população em relação a mais uma tarifa para onerar os cidadãos foi o primeiro desafio. Expostos os malefícios para a saúde de todos e o potencial de melhorias, hoje a população já quer uma inspeção mais ampla e melhor. De maneira democrática a Secretaria do Verde foi capaz de conscientizar a todos e escrever um novo capítulo em prol do ar mais limpo na maior conurbação urbana do Brasil.

    Há por trás da inspeção veicular uma vontade confessa de iniciar um mudança cultural. A ambição é criar na população motorizada de São Paulo a cultura de manter sempre seus motores regulados. Esse novo paradigma aos poucos mudará o panorama em relação a manutenção veicular. Oficinas mecânicas, a indústria e mesmo a prefeitura estão envoltos em um processo de aprendizado. A lição final é que todos tem o dever de zelar pelos impactos que geram.

    Ao que tudo indica, os ciclistas de São Paulo permanecerão isentos de qualquer taxa e continuarão seguindo livres dos congestionamentos a qualquer hora do dia.

    DSC02882_1