Mobilibike – Cicloentregando por todo o Brasil

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Faz tempo a TA vem falando sobre a importância das bicicletas nas entregas diretas, loja – cliente e fornecedor – lojas, assunto que vem tomando vulto mundo afora e nos envolvemos muito nessa divulgação com apresentações sobre o assunto no Transport Research Board, na International Cycling Conference e na Cargo Bike Festival Magazine, em 2017. Neste mesmo ano,  o projeto Mobilibike foi premiado com uma menção honrosa no Prêmio Promovendo a Mobilidade por Bicicletas no Brasil, e nos sentimos muito felizes de ter um projeto como esse participando do Prêmio.

Foi no final de 2015 em Curitiba que dois amigos ciclistas, Luciano Zaina e Eduardo Novaes Ramires, resolveram quebrar a cabeça para criar um sistema baseado no uso da bicicleta, que gerasse renda de forma simples à ciclistas e levasse mais sustentabilidade e agilidade ao mercado de entregas urbanas E assim nasceu a Mobilibike.

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Em 2016 começaram a trabalhar no coworking da Kuritbike, ganharam o prêmio “Empreender Junto é Melhor”. Em junho de 2016 iniciaram as primeiras entregas pela plataforma online. Em 2017, além da menção Honrosa no prêmio “Promovendo a Mobilidade por Bicicletas”, da Transporte Ativo, em dezembro de foram os terceiros colocados no concurso “Minha Startup Muda o Mundo” da Associação Comercial do Paraná.

Hoje a Mobilibike tem mais de 110 ciclistas independentes, que usam a plataforma para receber os pedidos de entregas dos mais variados itens: documentos, livros, semi jóias, exames médicos, peças e aparelhos de celular, flores, congelados, delivery de alimentos, cafés especiais, e por aí vai! Estamos em processo contínuo de crescimento. Esse ano, levaram para Curitiba a primeira bicicleta modelo “Long John” da cidade, e estão mostrando que bicicletas podem levar sim encomendas maiores! Em breve irão inserir a possibilidade de chamar ciclistas habilitados para serviços rápidos de mecânica de bicicleta, chaveiro, maquiagem, e outros.

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Desde o início a Mobilibike já pensava em como expandir a plataforma além de Curitiba. Quase 3000 ciclistas e pessoas interessadas em pedir entregas de outros locais se cadastraram na plataforma, e muitos nos perguntam sobre nossos planos de expansão. Desenharam uma estratégia que pudesse ampliar as entregas por bicicletas no Brasil, ajudando empreendedores a iniciar suas empresas sem o custo, a demora e as enormes dores de cabeça e desafios envolvidos em desenvolver uma plataforma online. Decidiram então oferecer um software “white label”, ou seja, os cicloempreendedores podem ter seu domínio de internet e aplicativo próprios, com sua identidade visual. Mas com as mesmas funcionalidades do sistema da Mobilibike. E qualquer melhoramento no sistema é repassado a todos. Ficamos agora mais próximos de realizar essa iniciativa! A Mobilibike foi selecionada entre projetos de todo o Brasil, para participar da iniciativa “Primeiros Passos” do Itaú e Benfeitoria. Cicloentregando por todo o Brasil!” foi lançado na plataforma Benfeitoria.  O financiamento coletivo (crowdfunding) é simples: você analisa o projeto, e escolhe o valor para apoiar a iniciativa! Se atingirmos a meta, a nossa plataforma, devidamente adaptada, será utilizada em todo o Brasil! Aumentando a participação das bikes em entregas rápidas pelo nosso país, e gerando renda para muitas pessoas! O financiamento coletivo é tudo ou nada, ou seja, caso infelizmente a meta não seja atingida, seu dinheiro é devolvido. Apoie, divulgue

A Sociedade Civil e os Sistemas de Bicicletas Públicas

Gerar e compartilhar conhecimento para criar capacidade técnica para intervir na promoção da mobilidade por bicicletas é um dos compromissos da TA.

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Acompanhamos a implementação do sistema de bicicletas públicas da cidade do Rio de Janeiro desde seus primeiros passos, de lá para cá o sistema passou por modificações que incluem reestruturação e expansão do sistema, “Samba” que virou “Bike Rio”, com isso muitos aprendizados foram acumulados.

Em outubro participamos, a convite da Ente de la Movilidad de Rosario, de uma oficina sobre Sistemas de Bicicletas Públicas realizada durante durante a 15a Assembleia América Latina da UITP em Rosário, na Argentina. A oficina contou com uma manhã totalmente dedicada ao caso carioca “La sociedade civil em los Sistemas de Bicicletas Públicas y la cultura ciclista de las ciudade” (liderada por Gabriela Binatti da TA e Natalia Cerri Oliveira do Banco Itaú) em que a sociedade civil, em constante qualificação, tem sido ator fundamental na divulgação e fortalecimento deste tipo de política pública.

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O público presente foi diverso, com a participação da sociedade civil organizada de várias cidades da Argentina além da academia, operadores, vendedores de tecnologia e estudiosos do tema. Foi um momento importante onde além de compartilhamos a experiência carioca, e brasileira, tivemos a oportunidade de exercitar conjuntamente sobre nossos papéis e possíveis estratégias de fortalecimento deste tipo de política.

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Espaços dedicados exclusivamente a discutir sobre Sistemas de Bicicletas Compartilhadas/Públicas tem acontecido pela América Latina (Medellín, Cidade do México e Rosário) e a cidade do Rio será a próxima a receber esse tipo de encontro. Em junho de 2018 seremos os anfitriões de mais um evento Latino-americano sobre Sistemas de Bicicletas Públicas e Compartilhadas. Reserve a data!

Studio-X Rio se despede da Praça Tiradentes

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“Em 2011 o Studio-X Rio foi instalado na Praça Tiradentes como parte de um projeto ambicioso da Escola de Arquitetura, Planejamento e Preservação da Universidade de Columbia (GSAPP) de criar uma rede global de pessoas e saberes dedicada à pesquisa e ao debate sobre as questões mais prementes do ambiente construído.

No Rio de Janeiro, o Studio-X contou com o apoio da Prefeitura da Cidade, por meio do Instituto Rio Patrimônio da Humanidade, o que permitiu oferecer uma programação gratuita e de alto nível. A atmosfera informal, combinada ao alcance internacional e relevância dos debates, fizeram do espaço uma referência na cidade, impactando positivamente pessoas e instituições. Desde sua abertura, foram realizadas cerca de 200 palestras, 65 exposições e 40 workshops, dentre outras atividades e pesquisa, possíveis por meio uma rede extensa de mais de 350 colaboradores. Estas iniciativas abordaram os temas mais relevantes, urgentes e desafiadores sobre a arquitetura e as cidades, no Rio de Janeiro e no mundo.

Em 2017 novos planos se alinham. O Studio-X passa a ter um foco na América Latina, com programação e pesquisa acontecendo nas diferentes cidades do continente. Com isto, comunicamos o encerramento de nossas atividades na Praça Tiradentes. O Studio-X continuará a realizar atividades no Rio de Janeiro em colaboração com instituições parceiras, incluindo o Columbia Global Center.”

A Transporte Ativo muito se orgulha de ter feito parte desta trajetória, o Studio-X era como nossa casa, realizamos diversos workshops, eventos, palestras, oficinas e até assembleias no nº 48 da Praça Tiradentes. Muito conhecimento passou e se criou no local. O workshops e o prêmio “A Promoção da Mobilidade por Bicicletas no Brasil” já eram eventos tradicionais na casa e o Ciclo Rotas Centro, projeto reconhecido mundo afora, nasceu ali. Muito nos honrou também, poder dar um depoimento no evento de encerramento do Studio-X na Praça Tiradentes 48.

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O Studio-X agora segue para uma nova fase, mais focada em pesquisas, pela América Latina. Ficamos felizes, pois como também estamos iniciando diversos trabalhos de pesquisa na AL, sinal de que a parceria seguirá adiante, agora em outros planos.

Abaixo algumas fotos de momentos TA no Studio-X Rio. Parabenizamos e agradecemos ao Pedro Rivera e a toda equipe que passou por lá, por momentos de conhecimento, sabedoria e satisfação!

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Dia Mundial sem Carros

 

O Rio já se destacou com atividades “oficiais” para o Dia mundial sem Carros na década passada, hoje a data é apenas lembrada pontualmente em alguns mini eventos. Quem continua dando vida ao evento na Cidade Maravilhosa, como em grande parte das versões que rolaram por aqui, é a Sociedade Civil. Sem ela seria apenas mais um dia repleto de carros e engarrafamentos.

Vale a pena nesta data, lembrar o que já rolou no Rio, clicando aqui.
E o que vai rolar este ano clicando aqui.

Aromeiazero – Velo City 2017 e Bike Arte Lisboa

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Por Murilo Casagrande.

Já se passaram mais de dois meses desde o Velo City, que aconteceu na Holanda, na região metropolitana de Nijmegem e Arhem. Apesar do apelido dado pelo autor desse texto, a dupla de cidades conta há alguns anos com tratados de cooperação, principalmente para fomento da rede de ciclovias – e super ciclovias – que unes as duas cidades. Foi nossa primeira vez no evento e pode parecer meio óbvio dizer, mas a participar do evento foi MUITO importante para o Aromeiazero e ainda dá frutos.

Aliás, para pensar no que representou a nossa participação, podemos fazer uma divisão entre antes, durante e depois do VC17. Desde janeiro estávamos nos preparando para o evento. Conseguimos fazer contatos e estabelecer importantes relações com a ECF e o Consulado da Holanda em São Paulo, algo que foi fundamental para melhor participação e aproveitamento do evento como um todo. Realizamos um evento com o Bike Café e o Bike Arte em abril para o Dia do Rei em São Paulo e gravamos um vídeo em junho para o Consulado de São Paulo. Esse tempo (quase um semestre de antecedência) também foi ótimo para preparação de apresentação, discurso apropriado (ambos em inglês), material impresso (que foi bastante elogiado pelo visual e conteúdo) e agendar outras reuniões que pudessem rolar por lá. Com esses contatos, após o VC17 conseguimos realizar um Bike Arte em Lisboa, que possibilitou conhecer ainda mais organizações e a realidade de Portugal.

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Durante o VC17 houve três grandes áreas de atuação do Aromeiazero: as inúmeras palestras para assistir, que nos jogam em grandes impasses para escolher em qual ir; a nossa participação na round table “Social inclusion”, que aconteceu na manhã do dia 13 e por fim, a “Feira” onde ficam os estandes dos patrocinadores, expositores e o Bike Café, que com o apoio do Itaú foi servido todos os dias no espaço do Velo City do ano que vem, que acontece no Rio de Janeiro. Sobre as palestras e atividades externas, vale ressaltar a ótima palestra “Traffic Engineering with a Human Touch” que contrapôs um inglês (Brian Deegan) e um holandês (Marco te Brömmelstroet) sobre as perspectivas sobre o futuro do desenho das ciclovias. O inglês trouxe a visão de ciclovias com cada vez mais ciclistas e ciclistas que querem ir cada vez mais rápido. Também analisou como o holandeses tornaram o seu modo de pedalar algo tão bonito que hoje eles “vendem” essa ideia para o mundo todo. Já Marco trouxe uma bela apresentação comparando pássaros e pessoas e seus comportamentos quando estão em movimento e mostrou formas mais orgânicas de organizar as cidades, inclusive experiências sobre abolir a sinalização de certos pontos de Amsterdam e os bons resultados que isso gerou. Enquanto discutimos e lutamos por sinalização e medidas que salvem vidas, do outro lado do Atlântico esse debate como a ser superado: as ruas são das pessoas e quanto mais pessoas nelas, mais seguras elas ficam. Como diria a Renata Falzoni: algo que os chineses e indianos já fazem muito bem nas caóticas ruas em que carros ficam parados para pessoas e bicicletas circularem.

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E Nossa participação no painel “Social inclusion” também foi muito boa. Ao lado de outro projeto brasileiro (Pedala Maninho, do Pedala Manaus) e de projetos da Inglaterra, África do Sul, Holanda e Austrália. O fato das pessoas aprenderem mecânica, como pedalar com segurança,  da autonomia e outras muitas outras coisas, que recebem as bikes terem a chance de aprenderem algo nesse  do se diferenciou por o único que busca a auto sustentabilidade financeira do projeto;  foi muito bom ver o grande número de projetos que também recolhem bicicletas e doam para pessoas pobres – mas poucos se preocupam em usar esse momento para treinamento em mecânica, por exemplo; além de perceber o quanto nossa realidade e problemas que enfrentamos são diferentes da que existem em outros países: enquanto eles relatavam a dificuldade em atrais pais e mães para as atividades, relatamos que, além disso, também precisamos lidar com pais e familiares que vendem a bicicleta doada para comprar comida. Ou seja: além do problema de mobilidade dessas pessoas, atuamos em uma série de outros “problemas” e por isso precisamos de tantos recursos, já que no Brasil não há investimento público na área – diferente dos outros projetos que contavam com suporte das câmaras municipais ou outras organizações maiores. Um dos participantes era  Hugo van der Steenhoven, consultor de Utrecht para mobilidade e que alertou que os ótimos números de utilização das bicicletas na Holanda ainda remetem a uma parte específica da população: classe média ou superior e que imigrantes e muitos jovens não pedalam por preferirem scooters, por não conseguirem se deslocar por longas distâncias ou manterem a própria bicicleta.

Também foi ótimo participar do passeio “The Good the bad and the Ugly” que nos levou para conhecer o que essa dando certo e o que ainda precisa ser melhorado em Amsterdan. Os principais desafios são: alto número de scooters que dividem as ciclovias e o espaço público; a (re)organização da malha cicloviária que está com excesso de ciclistas (ótimo problema para resolver, convenhamos) e por fim, visitamos a sede da Fietsersbond, uma das pioneiras que desde 75 luta para melhorar as políticas de mobilidade na Holanda. No mesmo dia tivemos uma festa em um grande galpão com a participação de Luud Schimmelpennink, criador das Bicicletas Brancas.

Sobre a feira e o stand do Rio, foi importante “investir” tempo para poder rodar pelos estandes e receber pessoas para servir o Bike Café – ação combinada com o Itaú e que fez muito sucesso para quem vinha saber mais sobre o Velo City do ano que vem. Circulando pela feira no estandes para conhecer o maior número possível de estandes e propostas. Interessante ver como ações de promoção do cicloturismo e o bike sharing ocupam espaço, operando com simplicidade e equipe reduzida e o investimento em tempo dos próprios proprietários. Por conta desse tempo conhecemos dezenas de organizações de diferentes segmentos.

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Além do Velo City também organizamos uma edição do Bike Arte, em parceria com o Gerador e com apoio da Junta de Freguesia do Campolide, em julho. Fizemos parte da programação do festival Trampolim, “um conjunto de mais de 50 iniciativas culturais concentradas num espaço público, durante 1 dia e com acesso gratuito.“ Por tudo isso, a sinergia com o Bike Arte é grande, já que usamos a bicicleta como meio para abrir as ruas das cidades para as pessoas e ocupá-las com diversas formas de manifestações culturais e teve público de 3000 pessoas, mesmo em dia perfeito para praia. Entre as atividades, houve exposição com 20 obras de artistas portugueses e brasileiros selecionados pelo coletivo Bicicleta Voadora de Lisboa e pelo Estudio Rebimboca, de São Paulo; a tradicional mecânica comunitária gratuita ajudou 5 pessoas no conserto de bicicletas em parceria com a Cicloficina dos Anjos; projeção do filme Ciclos para plateia de 30 pessoas, uma bicifeira com venda de produtos em bicicletas de quatro inciativas que vendiam flores, serigrafia e o Bike Café, o ateliê Eu, Passarinho, que juntou 40 pessoas de todas as idades; uma alley cat com 12 participantes entre as ruas de Lisboa e do bairro do Campolide e matéria em sites, jornais e revistas culturais. A experiência de produzir o festival em Portugal foi importante para reforçar os contatos e relações que foram iniciadas no Velo City, no sentido de parcerias e acesso para investimentos internacionais.

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Já se passaram quase três meses do Velo City, e a seguiu seu curso. Recebemos um convite da Finlândia para exibir um dos nossos filmes durante o Velo Finland, festival que acontece em outubro; realizamos outro Bike Arte, dessa vez no Grajaú, extremo sul de São Paulo; estamos em contato com algumas pessoas interessadas em nossos projetos e às vésperas do mês da mobilidade, sempre o mais intenso do ano. Mas já começamos a fazer a lição de casa para estarmos ano que vem no Rio de Janeiro, a chamada para trabalhos está aberta, o tema é “Acesso à vida” e já convidei gente do mundo inteiro para vir ver de perto o que a mudança que bicicleta promove por aqui.