Chuva e o Prazer de Viver

Bicicleta na Chuva

Arte: Igual a você / Soneto: Pensando Torto
Visto primeiro no: Ciclovenção Urbana

Soneto em Duas Rodas

Santo Pedro manda pra todos um recado
que só consegue ouvir quem está molhado.
É pra se ter de ouvido:
“Você tá vivo, menino!”

Chame a chuva pra chinfra; vem a chuva,
e o cheiro de chuva em chamas chamusca.
Chove em Quixotes
uma chuva-chicote.

Montados em suas magrelas
(que tratam como donzelas)
encontram-se seres humanos.

Cicloquixotes que chovem sozinhos
enfrentando gigantes-moinhos
voando ligeiro, anjos urbanos.

Transporte Não Motorizado

Transporte Não Motorizado

O Código de Trânsito Brasileiro menciona “veículos não motorizados” e o termo é costumeiramente aceito por planejadores urbanos e até mesmo promotores de meios de transporte ativos. Mas a terminologia deixa clara a importância de um sobre o outro. Algo que é o “não” tem uma relação de dependência com aquilo que é por si só.

Nós, frágeis criaturas, somos antes de mais nada seres que caminham. Foi assim que ganhamos o mundo e nos diferenciamos das outras espécies do planeta. Consolidado o caminhar, seguimos nosso caminho pelos mares afora, utilizando a força dos músculos que remam ou dos ventos que sopram. Muito recentemente surgiram os motores e as locomotivas a vapor foram as primeiras a alcançarem grandes velocidades em terra.

Apesar de todas as evoluções os conversores mecânicos de energia em movimento serviram apenas para facilitar o transporte de grandes volumes de pessoas e carga a velocidades nunca antes imaginadas. Continuamos sendo criaturas desprovidas de motor. A humanidade no século XX se iludiu em acreditar-se superior as forças da natureza e buscou distancia da nossa fragilidade. Grandes e poderosas máquinas motorizadas dominaram o cenário urbano e ganharam um protagonismo que é ruim para todos.

Retomar a essência das cidades como espaço para as pessoas passará também por colocar o que é mais importante primeiro. E o mais importante são os pedestres, ciclistas, patinadores, skatistas; transportes ativos enfim. Sinônimos existem: transportes inteligentes, à propulsão humana, etc… Já os “veículos não motorizados” continuarão sendo apenas aqueles que tiveram motor e hoje não tem mais.

Águas e Asfalto

Água e Asfalto

Nossas cidades foram construídas em aço, concreto e asfalto, mas tudo tem seu custo e assim como água e óleo não se misturam, chuva e impermeabilização excessiva não se dão muito bem. O calor tropical representa grande desconforto para o microclima urbano nos dias mais quentes, no entanto o maior terror são as chuvas torrenciais. Apesar de não termos monções, chuva acima do esperado são normais no Brasil.

Do caos sempre pode brotar o questionamento. Do excesso de asfalto, podem surgir plantas, árvores e espaços públicos de qualidade. Nossas cidades são construções coletivas e portanto políticas. Muitas realidades nasceram utópicas e viraram status quo. As “cidades jardim” falharam na promessa de mais qualidade de vida em um misto de meio urbano e rural. Cidades que fazem sentido são densas e intensas, onde a mobilidade é racional e há proximidade.

Já é passada a hora de “des-asfaltar” nossas cidades, possibilitando que a natureza tenha mais espaço e a água possa seguir seu fluxo incontrolável. Humanos, frágeis habitantes dos zoológicos de pedra agradecem.

O vídeo mostra a iniciativa do projeto Depave.org de Portland nos EUA. No lugar de um estacionamento asfaltado sem graça, uma área para a natureza e o convívio das pessoas.

Lançamento do Manual do Ciclista Urbano

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Definir o “cicloativismo” é difícil, mas certamente promover a bicicleta passa por tudo o que aconteceu no dia 03 de dezembro na Recicloteca. O palco estava quente, mas não houveram reclamações. Aproximadamente 80 pessoas compareceram e 60 livros foram vendidos. Retumbante sucesso.

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A conclusão e coroamento de um projeto de 20 anos. Um grande encontro de ciclistas. Um marco na história do cicloativismo brasileiro. Assim foi o lançamento do “Manual de Sobrevivência do Ciclista Urbano”, mais que um livro um momento histórico que constrói, agrega e faz amizades.

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Aos interessados em adquirir um exemplar, entrem em contato.

Bicicleta de Sucata

Toda criança faz brinquedo de sucata na escola. Garrafas PET viram foguetes, potinhos de iogurte são porquinhos, caixa de pasta de dente é um trenzinho.

Trabalhos manuais desenvolvem a coordenação motora, e permitem que as crianças saibam como o mundo funciona de verdade, com formas, texturas e processos de fazer. Mais que isto, ao proporcionar a concretização de conceitos abstratos, brinquedos de sucata são sementes de sonhos e simbolismos.

O mundo infantil é um mundo de liberdade, descobertas, de tornar-se humano, estar no mundo e conviver com outras pessoas. Poucas coisas representam isto tão bem quanto a bicicleta. De ser livre e traduzir a condição humana, que exige força, equilíbrio e solidariedade.

E nada mais fácil do que fazer uma bicicleta com sucata. Basta uma folha de papelão, uma tampinha de garrafa, canudinhos plásticos e tesoura.
material para bicicleta de sucata

Com poucas etapas
bicicleta de papelão, tampinha de garrafa e canudinhos

O resultado pode ser este.
bicicleta de sucata

A Transporte Ativo produziu um folheto explicativo, com todas as etapas ilustradas e o molde para corte do papelão.

O folheto faz parte do material pedagógico do Projeto Transporte Ativo na Escola, cujo objetivo é dar às crianças a educação sobre trânsito que elas merecem, o trânsito da qual elas próprias podem ser os atores: andar a pé e de bicicleta.