Como começar bem o dia

A maneira como escolhemos ir de um lugar a outro na cidade influi diretamente sobre nossa percepção em relação a cidade.

Começar bem o dia de bicicleta é aquela velha história do vento no rosto e a endorfina no sangue. Mas um “experimento pedestre” vale a pena ler.

Rodolpho foi ao trabalho a pé e resolver dar “bom dia” a todas as pessoas que encontrasse no caminho, sem exceção. Do porteiro do prédio até o pessoal da reforma, todo mundo foi saudado igual.

Resultados obtidos:
1. Moradores de rua, ciclistas e pedestres de calça jeans: responderam com “bom dia”;
2. Motoristas: não responderam e colocaram uma cara que eu descreveria como “vou te atropelar”;
3. Pedestres em roupa social ou terno: ignoraram;
4. Pedestres do sexo masculino, quando há uma bunda feminina para observar: ignoraram o “bom dia” também.

Conclusões:
1. Motoristas odeiam pedestres que andam mais rápidos que eles;
2. Preciso fazer a barba e cortar o cabelo, os moradores de rua estão me achando um deles;
3. Roupa social e bundas femininas tornam uma pessoa mais arrogante.

Pode ser uma experiência maluca ou uma pequena tese de antropologia, mas com certeza é sempre divertido estar vivo e experimentar sua própria cidade.

Leia a postagem original: “Experimento Matutino“.

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Um Plano Cicloviário em Lei

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São Paulo foi pioneira na consolidação de uma lei que dispunha sobre a criação de um sistema cicloviário. Uma maneira de o poder legislativo municipal exercer pressão em prol do uso da bicicleta na cidade. No entanto leis precisam também de adaptações a novas conjunturas e por conta disso foi redigida uma nova lei para melhorar a antiga.

O novo texto com as contribuições de melhorias foi protocolado na Câmara Municipal de São Paulo, recebeu a numeração de Projeto de Lei (PL) 655/2009, e traz algumas novidades complementando a criação do Sistema Cicloviário do Município de São Paulo como:

– Equiparação dos triciclos não motorizados a bicicleta;
– Permissão por lei de transporte de bicicletas dobráveis em trem, metro e ônibus;
– Convênios com municípios vizinhos na implantação de projetos de melhoramentos cicloviários criando ciclovias intermunicipais;
– Definição de instalação de paraciclos no formato “U” ao contrário, devido ao formato “grelha” danificar bicicletas;
-Ampliação de locais e estabelecimentos que devem prever áreas para estacionamentos de bicicletas;
– Criação do Conselho Municipal de Melhoramentos Cicloviários, composto pelos membros do atual Pró-Cliclista e sociedade civil organizada, de forma deliberativa;
– Estabelecimento de prazo para adequação da em 360 dias;
– Criação de penalidades em casos de inobservância da lei.

Mesmo já apresentado, o PL ainda está em debate e novas alterações poderão ser incorporadas antes da votação. Já está inclusive programada uma Audiência Pública onde a sociedade está convidada uma vez mais a debater e propor mudanças ao projeto.

São Paulo já tem quase 15 mil leis, praticamente uma por quilômetro de viário. Para que a nova lei do Plano Cicloviário não fique “na gaveta”, a participação e o debate do Projeto de Lei é fundamental, afinal o legislativo responde sempre a demandas populares. A voz dos ciclistas tem portanto uma boa oportunidade de ser ouvida.

O texto do PL foi posto em debate na última reunião da Comissão de Bicicletas da ANTP e os participantes já estão em contato com o Gabinete do Vereador Chico Macena para melhorar o que for possível. Fica o convite para os ciclistas, paulistanos ou não, para colaborar na melhoria da futura lei. Mais do que um simples PL, o texto tem sido reproduzido (no todo ou em parte) em outras cidades e tem potencial para sair da câmara da capital paulista e ajuda a definir melhores políticas cicloviárias pelo Brasil afora.

Para Identificar Problemas

A falta de ciclovias não é a única causa do pouco uso da bicicleta nas cidades brasileiras. Nem o trânsito violento. As causas são várias, complexas e se interligam, num círculo vicioso que se retroalimenta. Há problemas de infraestrutura e barreiras psicológicas individuais, além de uma educação deficiente e políticas públicas distorcidas por interesses e privilégios de grupos.

No dia a dia das cidades é possível ver as consequências que são conhecidas de todos. Excesso de uso do automóvel, problemas de saúde, deterioração do espaço urbano e colapso das cidades.

Estamos longe de conquistas fáceis e soluções simplórias. Pessoas, ONGs, empresas e prefeituras precisam trabalhar em conjunto para somar esforços e atuar nos seus campos de competência.

Dez Mandamentos para uma Cidade Melhor

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  • 1° Serás um cidadão solidário; darás valor aos intereses coletivos; serás sensível às necessidades de seus semelhantes.
  • 2° Não descuidarás de teu ambiente. Cuidarás de mantê-lo sempre limpo e seguro; nunca o poluirás e deixarás que o degradem.
  • 3° Não vilipendiarás o espaço público.
  • 4° Obedecerás às leis, exigirás reformas, permanecerás crítico e ativo.
  • 5° Respeitarás teu próximo e teu distante. Nada farás que incomodaria a ti mesmo, como cidadão.
  • 6° Exigirás teu lugar na tua cidade. Tomarás o espaço público também como teu.
  • 7° Lutarás pela recuperação da paisagem natural de tua cidade.
  • 8° Respeitarás o ambiente público como público. Exigirás das autoridades públicas o cumprimento de seus deveres na fiscalização, manutenção e melhoria de sua cidade.
  • 9° Circularás a pé pelo bairro onde moras e onde trabalhas. Frequentarás seus bares, as lojas, os restaurantes, cinemas, teatros, museus e galerias. Privilegiarás a rua como lugar de passeio e convívio.
  • 10° Nunca desistirás de tua cidade.

Esses mandamentos fazem parte do artigo: “O Caos se(m) cura – Dez Mandamentos para uma cidade combalidade.” Escrito por Sergio Kon e publicado no livro: “A (Des)construção do Caos: Propostas Urbanas para São Paulo” – Sergio Kon e Fábio Duarte (orgs.) – Editora Perspectiva.

Adeus ao Pneu velho

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Sua bicicleta usa duas rodas que te ligam ao chão. Pedalar muito tem vários benefícios para as pessoas e para o meio ambiente, mas isso gasta muito pneu e logo temos que trocar por novos. Mas aí nos perguntamos o que fazer com os pneus velhos.

O ideal é mandá-los para a reciclagem, mas até conseguir pode-se ter que guardar essa borracha toda em casa, e seus pneus podem se tornar parte da família. Para não deixar isso acontecer, faça sua parte como consumidor consciente e leve os seus antigos companheiros de pedalada, agora inservíveis, para reciclagem.

Para facilitar a vida de quem precisa dispor dos pneus velhos, há dois anos a Associação Nacional da Indústria de Pneumático fundou uma instituição sem fins lucrativos para coleta e destinação de pneus inservíveis. A Reciclanip tem um cadastro dos ecopontos que as prefeituras brasileiras instalaram. A Reciclanip recolhe os pneus destes ecopontos e leva para triturar. A borracha resultante da trituração dos pneus pode ser usada para geração de energia em fornos de cimenteiras, fabricação de sola de sapatos e até para acrescentar ao asfalto durante a pavimentação de ruas e estradas.

Os pneus de bicicletas podem e devem ser destinados aos POSTOS DE COLETA da RECICLANIP para ter um final ambientalmente correto. Combina perfeitamente com o lado ecológico do uso das bicicletas como meio de transporte.

Saiba mais no site da RECICLANIP.