Bicicletas e opiniões públicas

Dizem que o Brasil tem milhões de técnicos de futebol. Bem, parece que há mais especialistas em mobilidade por bicicleta que em futebol. Todo mundo tem uma opinião sobre trânsito cheia de propriedade, muitas vezes embasada em puro ‘achismo’.

Nesse meio tempo, pessoas, instituições, governos e empresas que planejam e executam avanços na mobilidade urbana precisam passar pela provação de serem indiciados, julgados e condenados por quem acha que sabe mais. Felizmente muitos são perseverantes e os avanços se tornam realidade.

As bicicletas públicas chegaram ao Brasil há quase quatro anos numa ousada iniciativa empresarial, com o aval de uma prefeitura. Logo ganhou adeptos e também críticas, muito mais importantes que os elogios aliás.

Como toda novidade precisou de ajustes e o serviço foi interrompido. No seu retorno, já com um patrocinador, os números não escondem o sucesso alcançado. Em um ano as quase 600 bicicletas em uso fizeram mais de 1.000.000 de viagens por mais de 100.000 usuários cadastrados.

Muitos problemas surgiram e há muito o que melhorar, mas uma avaliação do sistema, precisa, por ética e profissionalismo apontar tanto os erros quanto os acertos. Apontar apenas os erros não dá a dimensão de como o sistema está funcionando e nem tão pouco contextualiza as próprias críticas. Fica parecendo que não funciona e pode até transparecer que o melhor é cancelar tudo.

Entenda a polêmica em matéria publicada no jornal O Globo.

Vaga Viva 2012 – Consagração

Quem diria que aquela idéia maluca de ‘roubar’ duas vagas de carro em pleno centro do Rio de Janeiro num país que ama automóveis teria, seis edições e sete anos depois uma verdadeira consagração como que ocorreu na vaga viva carioca de 2012.

Seguindo a tradição da TA simplificamos a 6ª Vaga Viva reduzindo a quantidade de materiais. Foi apenas a grama, um banco de madeira plástica com um lugar e quatro pufes de PET (encapados para evitar que roubem a cena). O tonel da Grama serviu de display de folhetos e a Clarisse do ITDP levou uma mesinha.

A chegada foi cedo, às 5:15 a grama já estava desenrolada e em pouco mais de 10 minutos Vaga Viva montada. Vale ressaltar que às 5:45 não havia mais vagas para carros naquele quarteirão da rua. Surreal.

Logo cedo um fenômeno emocionante que se repetiria ao longo de todo dia. Visitantes veteranos apareceram aos montes, uns me chamavam pelo nome, muitos perguntavam pelo outro (Zé Lobo) e todos eram generosos em sorrisos e apertos de mão. Dá até nó na garganta só de lembrar.

A primeira pessoa a usar a vaga viva como passagem o fez às 5:35 e dali em diante só fez aumentar chegando ao pico de 1800 pessoas por hora ali pelo meio-dia (contagem feita por amostragem).

Entregadores, triciclos, cadeirantes, gente de muleta e um sem fim de pessoas desembracaram de táxis e carros em frente à grama, uma passagem segura e confortável para a calçada.
Pouco antes do meio dia a primeira surpresa. Do restaurante vegetariano em frente sai uma funcionária que me oferece um copo de refresco de maracujá! E com gelo!

E pouco depois do almoço o mais impressionante, ganhamos um girassol para enfeitar a Vaga Viva, doado por uma floricultura ali perto. Nessa hora eu já estava meio sem voz de tanto falar com as pessoas e me dei conta que a Vaga Viva já está consagrada na Senador Dantas. E sei disso porque pelo sexto ano a reclamação que mais ouvimos é que será apenas um dia e que devíamos fazer todos os dias.

Se essa rua fosse minha…

… eu pedalava nela tranquilamente em qualquer dia e a qualquer hora.

As cidades precisam se humanizar, tornar os espaços públicos realmente públicos, no sentido de pertencimento à coletividade. Quando sentirmos que a rua é nossa de maneira igualitária vamos avançar rumo ao status de nação civilizada. Pois estaremos em nossa cidade como pai e filho da foto: tranquilos, felizes e seguros.
Isso não significa retirar carros das ruas, mas integrar as pessoas em torno da idéia do compartilhamento, sem importar se estamos pedalando, caminhando ou dirigindo.
A rua é de todos. Compartilhe os espaços e descubra quão maravilhosa sua cidade pode ser.

Leia mais sobre o assunto:
Feliz da Vida

Vaga Viva carioca ano V

Grandes cidades, grandes problemas, muita gente, mas há esperança à humanidade. A 5ª edição da Vaga Viva carioca voltou ao centro do Rio depois da ausência em 2010 e descobriu que as pessoas sentiram falta dela no ano passado. Isso mesmo. A micro pracinha não é uma unanimidade (tem um ambulante que não gosta), mas já conquistou o coração de muitos pedestres frequentadores da região.
Mais uma vez um pedaço da cidade originalmente ocupado por apenas duas propriedades particulares deu vez a um espaço realmente público, agradável, gratuito, inspirador e útil para 1000 pessoas por hora que passam por ali.
Neste ano, com o apoio do ITDP (Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento) grama sintética, bancos e plantas voltaram ao centro e lá estarão em 2012 para mais uma participação no Park(ing) Day mundial.

Confira o álbum de fotos.

Mecânica para Bike Anjos

A TA ofereceu um curso de mecânica para os Bike Anjos do Rio de Janeiro no penúltimo sábado. Sete ciclistas foram aprender noções básicas de regulagem e consertos, de modo a garantir o uso da bicicleta com segurança e conseguir voltar pra casa em caso de problemas simples.Em 2 horas de encontro várias explicações, perguntas e alguns ajustes foram feitos. No fim uma confraternização com bate-papo coroaram uma tarde agradável sobre bicicletas.
Quem gosta muito de bicicleta usa, abusa e cuida!