Lições de Ano Novo nas ruas

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O Ano Novo em Copacabana é festa de milhões, na virada para 2013 estima-se que foram no total quase 2,5 milhões de pessoas na Orla para conferir a queima de fogos e celebrar a chegada do novo ano.

Garantir aos pedestres a exclusividade na circulação em todas as ruas do bairro provou-se uma medida acertada. O horário inclusive teve de ser aumentado. Inicialmente Copacabana estaria só para pedestres das 22h do dia 31 às 4h do dia 01, mas o horário foi entendido até as 5:15h para garantir a fluidez e segurança das pessoas.

Houve exceções, claro, com alguns motoristas particulares circulando no horário proibido. A Prefeitura informou que os infratores serão multados. Mas nem isso apagou a tranquilidade nas ruas, a massa de pedestres obrigou a todos a manterem velocidades seguras, afinal, as ruas voltaram a ser, ainda que por algumas horas, das pessoas.

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Algo para melhorar em relação ao próximo ano é a logística de abastecimento e limpeza da festa. Proibidos de circular desde as 18h dentro de Copacabana, os caminhões de gelo não foram levados em consideração, junto com seus parceiros inseparáveis, os triciclos de carga. No próximo ano esse produto tão necessário à festa precisa ser levado em consideração. Basta separar um espaço de estacionamento de caminhões de gelo dentro do bairro até as 18h e outro fora após as restrições de circulação.

Já em relação as sobras da festa, pouco ou nada mudou. A quantidade de resíduos aumentou e a dependência dos caminhões nas ruas e tratores nas areias permaneceu a mesma. Encerrada a festa, já na manhã do dia 01, entra em cena a marcha dos garis, responsável pela remoção de toneladas de resíduos, muitos deles recicláveis, direto para os aterros sanitários da cidade.

Uma festa tão grande, com tanta alegria não deveria acabar com tanta sujeira. É possível manter o bairro todo para a circulação humana e investir na limpeza ainda durante a festa, sem esperar os caminhões, mas com triciclos de carga também para o transporte de resíduos para fora do bairro para facilitar a reciclagem e manter o bairro limpo ao invés de remediar as consequências.

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Réveillon em Copacabana para pessoas

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Todos os anos Copacabana é palco do grandioso espetáculo de fogos. Todos os anos, milhões de cariocas e turistas deslocam-se até as areias de Copacabana.

O volume enorme de pessoas implica em uma organização logística dos deslocamentos e em um aprendizado constante da cidade. A restrição de acesso dos veículos motorizados ao bairro já é tradicional e somada as restrições de estacionamento limita a quantidade de carros e motos, resguardando a circulação de todos.

Desde a inauguração das estações do metrô em Copacabana, os trilhos entraram na equação logística, mas por sua eficiência tornaram-se também um componente a ser levado em consideração. As enormes filas de usuários depois da queima de fogos implica em uma barreira humana para os ônibus cruzarem o bairro.

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Em 2012 esse problema, espera-se, será solucionado através da completa restrição de veículos motorizados particulares e coletivos dentro de Copacabana a partir das 22 horas. Assim, depois da festa as pessoas deverão caminhar até fora de Copacabana para acessar os ônibus. Assim, ambulâncias e veículos de emergência poderão cruzar o bairro com facilidade, assim como taxis para deficientes.

Aos poucos nossas cidades aprendem a se readequar aos cidadãos, e o Réveillon em Copacabana é um bom ensaio para adequar a demanda de deslocamentos de muitas pessoas em festas e eventos no espaço público.

Leia notícia sobre as restrições de circulação motorizada em Copacabana no Réveillon 2013.

Ciclofaixas e ciclomodismo

A Prefeitura do Rio de Janeiro anunciou que irá lançar ciclovias operacionais aos domingos, será inicialmente um corredor isolado por cones dedicado ao trânsito de bicicletas. O plano é conectar o Parque do Aterro do Flamengo na Zona Sul, à Quinta da Boa Vista na Zona Norte.

É importante no entanto entender o nascimento desse tipo de infraestrutura. O termo “ciclovia operacional” é mais conhecido pelo apelido paulistano “ciclofaixas de lazer”. Criadas em agosto de 2009 pela Secretaria Municipal de Esportes, com o apoio de um patrocionador, de imediato esse parque ciclístico teve um sucesso estrondoso, se espalhou por São Paulo e pelo Brasil.

Inspiradas em parte nas “Ciclovias” de Bogotá na Colômbia, a versão paulistana tem dois grandes diferenciais, sinalização horizontal e vertical permanente e o fato de ser exclusiva para bicicletas.

A capital colombiana iniciou nos anos 1970 uma política de estímulo as atividades ao ar livre. Diversas avenidas durante algumas horas aos domingos e feriados tornaram-se exclusivas para a circulação de pessoas em transportes ativos. Bicicletas, patins, skates, patinetes, pessoas a pé, todos circulando livremente em um sentido das avenidas enquanto no sentido oposto o trânsito motorizado seguia seu fluxo. Muito parecido com o que acontece todos os domingos e feriados na orla carioca. As pistas junto ao mar somente para pedestres e transportes ativos (exceto a bicicleta, que contam com a ciclovia) e as pistas junto aos prédios com o fluxo motorizado em um único sentido.

Ao traduzir para a realidade carioca a iniciativa paulistana, o Rio de Janeiro visa promover o uso da bicicleta como veículo de lazer, uma estratégia válida na valorização da bicicleta, mas que também parece desconhecer o histórico da cidade. As ruas de lazer são um enorme sucesso, avenidas abertas para pessoas, independente do veículo, são transformadoras.

As ciclovias operacionais são um enorme sucesso de público Brasil afora, mas a sinalização permanente confunde e deseduca ciclistas e motoristas durante a maior parte do tempo em que a iniciativa não está em operação. Além disso, concede um privilégio aos ciclistas em detrimento de skatistas, patinadores e principalmente pedestres. Afinal basta uma caminhada na Avenida Paulista em um domingo para ter a alegria de ve-la repleta de bicicletas em circulação e a tristeza de ver que as calçadas seguem lotadas demais. Pedestres, skatistas e patinadores certamente preferem ruas de lazer.

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Editorial: Ciclomodismo

Banco, mobiliário urbano

 

Entre postes, pontos de ônibus, árvores e lixeiras, existe um equipamento urbano de uso público que pode passar desapercebido. Com ou sem encosto, geralmente em uma calçada larga, o banco é mais comum em praças, mas tem grande utilidade nas ruas.

Caminhar pelas ruas, flanar sem destino faz sempre mais sentido com uma ou outra pausa para respirar, descansar ou simplesmente contemplar a vida urbana que passa.

Uma cidade de pessoas tem também grandes projetos de moradia, eixos de transporte, etc. Mas alguns detalhes precisam de atenção e refletem a humildade dos espaços públicos. Um banco pode ser apenas mais uma peça do mobiliário urbano, preso dentro de parques e praças. Quando ele ganha as ruas, ou quando as ruas são contempladas com espaços de contemplação, a cidade e suas pessoas tornam-se paisagem que merece ser admirada.

Em busca do Centro do futuro.

Mais uma reunião do Projeto Ciclorrotas para o Centro do Rio aconteceu nesta segunda-feira. As rotas levantadas na oficina de 25 de agosto e as que foram recebidas em seguida, foram consolidadas em um só mapa e lapidadas até se chegar à uma rede ideal que foi apresentada para validação. Novas ideias surgiram, alguns trechos foram incluidos e a possibilidade de integrar a rede ao VLT do Centro e BRT TransBrasil também foi considerada. O projeto segue no prazo e novas etapas virão em breve.

Confira as contagens de ciclistas já realizadas no Passeio Público e no Estácio, que darão apoio ao projeto. Se você quer participar ou contribuir de agluma forma com o projeto, entre em contato.