CTB de Bolso – 10ª Edição

FullSizeRenderEm 2014, o CTB bolso, campeão de downloads neste site, foi impresso por nove diferentes organizações de promoção ao uso da bicicleta, de norte a sul do país, resultando em mais de 120 mil exemplares distribuídos. O destaque ficou no Paraná, onde além da impressão feita pela Ciclo Iguaçu para distribuição durante o IIIFMB, esta mesma organização conseguiu que o DETRAN-PR imprimisse 200 mil exemplares para serem distribuídos em ações educativas e principalmente ao final dos cursos de reciclagem para motoristas infratores.

Como boas iniciativas, se prestam a ser replicadas, através de um esforço do programa Rio Estado da Bicicleta o DETRAN-RJ é o mais novo órgão a imprimir a cartilha. Com o mesmo objetivo que o DETRAN-PR, distribuição em eventos e na reciclagem de motoristas infratores. Esperamos que o livreto alcance um número ainda maior de pessoas na busca por um trânsito que compreenda melhor o ciclista, tornando nossas ruas e estradas locais mais seguros pra circularmos em nossas bicicletas.

Untitled-1

O CTB de Bolso Paranaense é o único com formato diferente, mas com o mesmo conteúdo.

Conheça abaixo as organizações que já imprimiram o CTB de Bolso:

Transporte Ativo – Rio de Janeiro
Pedala Manaus – Manaus
Ciclo Iguaçu – Curitiba
Salvador vai de Bike – Salvador
Mobilicidade – Juiz de Fora
ITDP Brasil
Banco Itaú
CET-Rio
Detran-PR
Detran-RJ

Quer imprimir também? Entre em contato que enviamos o arquivo pronto pra impressão com seu logo incluído.

C.O.U.N.T! 2015

romaA TA, por tabela, recebeu mais um prêmio! A empresa parceira SACIS recebeu o Prêmio COUNT! 2015 pelo projeto piloto realizado em parceria com a TA, contagem de bicicletas na orla de Copacabana.

O C.O.U.N.T (Counting on Urban and Naturail Trails) é um evento anual promovido pela Eco-Counter, onde se reúnem os distribuidores mundiais, para a troca de experiências, conhecer as novas ferramentas, aprimoramentos e para um treinamento técnico.

No encontro deste ano, em Roma, foram mais de 30 distribuidores com “200 anos” de experiência no uso de ferramentas para o monitoramento de pedestres e ciclistas em áreas naturais e urbanas.

Em 2014, a Sacis desenvolveu cerca de 5 projetos-piloto em parques (com pedestres e bicicletas) e 8 com bicicletas em cidades, totalizando 7 cidades. O que mais chamou a atenção da Eco-Counter e dos distribuidores nos demais países, foi a contagem realizada em  Copacabana em parceria com a TA.

Clique aqui para ver o infográfico com os dados da contagem premiada, que ganhamos de presente da Fabiana Droppa da Ciclo Urbano de Aracaju, e aqui para assistir ao vídeo do Fabio Nazareth no Bike é Legal.

Encontro para discutir mobilidade urbana no Rio de Janeiro

CONVITE PMUS_finalSob a chamada “Que mobilidade queremos para nossa cidade?”, organizações da sociedade civil vão convocar a população para um encontro no próximo dia 14 e promover um amplo debate sobre mobilidade urbana.

O momento é mais que especial: a cidade do Rio dá início a elaboração do seu plano de mobilidade urbana, o PMUS. E esta é uma oportunidade de ouro para que a população participe e diga o que espera para a sua cidade.

O objetivo do encontro é reunir organizações, movimentos, coletivos e indivíduos interessados em discutir de forma mais abrangente a visão do plano. O consórcio ganhador da licitação tem 10 meses de prazo para construção do PMUS, e a intenção é colaborar com o processo e entender os modos de participação da sociedade civil.

O encontro é uma realização coletiva de diversos atores e organizações, como o ITDP Brasil, Rio Como Vamos , Meu Rio, Studio-X, Casa Fluminense, Transporte Ativo, Observatório de Favelas, LAB.Rio, Agência de Redes para a Juventude, Instituto de Estudos da Religião (Iser) e Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade (Iets). Para participar, é necessário inscrição prévia pois as vagas são limitadas.

 SERVIÇO
Encontro “Que mobilidade queremos para nossa cidade?”
Data: 14/03/2015
Horário: das 14h às 18h
Local: Memorial Getúlio Vargas
Endereço: Praça Luís de Camões, s/n, subterrâneo – Glória, Rio de Janeiro, RJ
Inscrições: migre.me/oPT7f
Evento gratuito, vagas limitadas (participação mediante inscrição prévia)

Impasses do Passe Livre

Cidades são colméias humanas. Confinadas, as abelhas bípedes sem asas se batem e debatem, disputam o espaço restrito entre o asfalto, o concreto e o aço. Algumas reivindicações de mudanças precisam das ruas para estabelecer o diálogo com esferas de comando e até mesmo com a comunidade ao redor.

O movimento Passe Livre (MPL) persistiu em sua luta apesar das balas de borracha, armas químicas e a truculência policial e deixou uma marca indelével na história no ano de 2013. Muitos passos foram dados desde então. Principalmente nas ruas, que foram um excelente palco de protestos e apoios democráticos durante o período eleitoral em 2014. Grandes concentrações de pessoas foram a demonstração de força em praça pública, o transbordamento do ativismo eleitoral virtual para as ruas. Passada a euforia eleitoral, e suas eventuais ressacas, menos do diálogo político tomou as ruas.

Estopim para novos protestos, um novo aumento das passagens do transporte público foi decretado logo no início de 2015. A vitória contra os 0,20 centavos de 2013 certamente ainda ressoa entre os ativistas do MPL. Mas agora outras narrativas foram construídas. Nenhum líder político será novamente apanhado de surpresa e atropelado pela voz das ruas. Justamente para evitar tais consequências a administração municipal de São Paulo anunciou, juntamente com o aumento, a concessão de “passe livre” para estudantes e outros benefícios tarifários.

Nas ruas as passeatas contam com enorme reforço de policiamento e não sofreram com a escalada de truculência e violência de 2013. Foi justamente a opressão policial que catapultou as jornadas de junho para os livros de história contemporânea. Nenhum líder errará duas vezes o mesmo erro. É a violência contra manifestantes pacíficos que repercute nas redes sociais, nos jornais e portais de internet. Manifestações pacíficas não geram interesse para serem assunto de capa.

A rua como palco da violência

Passeatas com pessoas caminhando em horário de rush por avenidas congestionadas são a retomada do espaço de circulação e também um choque direto nos interesses de quem circula pela cidade. Penaliza quem depende do transporte público e ofende quem só aceita ficar parado no próprio carro, cercado de outas carruagens motorizadas por todos os lados.

Trata-se de diálogo que se dá pela disputa tradicional de poder, uma queda de braço. Feito em público, o confronto mudou de panorama e agora carece de novidades. Ativismo e mobilização social requerem rever estratégias. Por hora quem mudou de abordagem foram os líderes políticos que tem conseguido manter sob controle um número constante de pessoas engajadas nas caminhadas do MPL.

A voz das ruas Vs. Institucionalização

O ativismo que nasce no espaço público invarialmente se confronta com o impasse entre o prazer de retomar as ruas em nome de uma causa e a própria causa. A bicicletada sofreu com esse impasse e hoje seus participantes mais notórios optaram pelo trabalho mais institucional. O prazer de pedalar segue no cotidiano, mas o ativismo enquadrou-se mais através das instituições.

A notoriedade do MPL coloca o ativismo do movimento diante do confronto óbvio de atores políticos mais maduros e dentro de gabinetes que reorientam narrativas para não serem atropelados novamente pela marcha da história. Em um país ainda desacostumado com a democracia e o respeito aos direitos humanos e à livre manifestação, a queda de braço entre as posições claras (e radicais) do movimento Passe Livre e a inteligência institucional dos governantes é uma novela para ser acompanhada de perto.

Existe uma simbiose entre o confronto nas ruas que rende manchetes e o crescimento da adesão aos protestos em 2013. Em 2015 a repressão continua, mas a brutalidade tem sido menor. Impressiona apenas o número constante de pessoas presentes aos atos, mas o dilema é o que acontecerá se esse número não crescer e com isso tornar capaz de vencer a queda de braço contra o poder instituído.

Por hora ainda predomina nos meios de comunicação a narrativa de que o confronto parte do MPL e/ou dos integrantes da passeata. Ainda que nas ruas a quebra da ordem em geral seja decorrência da ação policial desastrosa, são os fatos publicados que contam. Em 2013 eles contaram uma história que garantiu mobilização exponencial e a vitória contra os 0,20 centavos, que logo virou uma sinfonia desafinada de reivindicações confusas. Fica portanto a pergunta em relação aos próximos protestos:

– Com as mesmas táticas de junho de 2013, amanhã vai ser maior?

Saiba mais:

Dezoito meses após junho de 2013, PM ainda não sabe lidar com protestos
A Polícia Interditou o Metrô Faria Lima Para Evitar que Manifestantes Interditassem o Metrô Faria Lima
Grupo entra em confronto com PM no metrô ao final de ato contra tarifa
Violência policial e tortura nas prisões são principais violações no Brasil

Paris ficará livre para as pessoas

A cidade de Paris não inventou a roda, mas tratou de popularizar a bicicleta e para isso o Velib foi fundamental. O primeiro grande sistema de bicicletas públicas, que se somou a uma rede de ciclovias e ciclofaixas revolucionou a cidade mais turística do planeta e com um dos mais densos sistemas metroviários.

Seguindo a lógica de investimentos da administração municipal de Bertrand Delanoe, a atual prefeita Anne Hidalgo tem planos para uma cidade livre para pessoas e com menos poluição até 2020. A poluição do ar é um problema a ser combatido no entendimento da opinião pública parisiense e a restrição aos motores diesel e motores à explosão em geral é um passo fundamental para limpar os ares de moradores e de milhões de turistas.

Centro da cidade livre de carros

Cabe ressaltar que Paris não inventou a lógica de um centro urbano livre de carros. Calçadões e até centros históricos permitidos apenas para pedestres, ciclistas e veículos de carga são realidade até mesmo no Brasil. A importância da decisão tomada na capital francesa é sobre o impacto que uma metrópole para pessoas e veículos limpos representa mundo afora.

O presente nos mostra congestionamento e poluição em todas as grandes capitais mundiais, que a mais visitada delas retome o paradigma de cidades centradas ao redor das pessoas é certamente uma decisão que definirá o futuro urbano do planeta.

Cidades radiantes

Foi também da França que veio a idéia da cidade do século XX. Através do suíço Le Corbusier, espalhou-se pelo mundo a revolução urbanísticas das cidades máquinas, espaços construídos à partir do nada e planejados de maneira rígida em zonas residenciais, comerciais e industriais. Uma proposta de uma nova sociedade, moderna, limpa e eficiente.

Como era de se esperar, o modelo de Ville Radieuse (ou Cidade Radiante) defendido por Corbusier, foi apenas parcialmente implementado e no geral falhou em seus princípios. As concentrações urbanas jamais poderiam ser pensadas como tábulas rasas a serem desenhadas no papel para funcionar de acordo com a lógica de máquinas. O elemento humano, esse “detalhe imperfeito”, mudou muito pouco (ou quase nada) com a invenção da modernidade. Natural portanto que mais importante que adequar o espaço urbano aos “novos tempos”, é preciso mante-lo adequado às necessidades de seus moradores e visitantes.

Preconceitos escancarados

Infelizmente a invenção da lógica da cidade como espaço de circulação entre “zonas” permanece viva até hoje no famoso e famigerado “senso comum”. Por mais que a elite brasileira visite e admire o quão ciclável Paris seja hoje, ainda sobrevive a defesa simbólica da rua como espaço público de uso privado dos que podem pagar.

Em (mais um) caso, moradores de São Paulo demonstram o quanto a cidade ainda pedala ladeira acima para ser um pouco mais européia. Seja ao adaptar o modelo parisiense, ou buscar se tornar uma Copenhague dos trópicos como definiu a revista inglesa The Economist.

Declarações insulfladas na cobertura midiática visam a desqualificar o debate, reforçar preconceitos na defesa infrutífera de um modelo de cidade que nasceu no século XX e que lá ficou.

O vídeo abaixo e o texto que o acompanham é material vasto para irritar ciclistas e cicloativistas e fazer corar quem acompanha as vanguardas do planejamento urbano mundial.

Antes que a marcha ciclística da história condene as metrópoles brasileiras ao congestionamento motorizado apocalíptico, é preciso sensibilizar corações e mentes sobre o futuro inevitável da reumanização urbana. Afinal, cidades foram e continuam sendo as colméias humanas por excelência. Há quem não goste de gente, ou de colméia, resta a estes buscar alternativas.

Leia mais:

Paris mayor announces plans for a car-free city centre, plus €100m for bike lanes
Ville Radieuse / Le Corbusier
Moradores de áreas nobres da capital acionam MP contra ciclovias