Ciclovias para o centro do Rio de Janeiro

ciclorrotas-centro

A cidade do Rio de Janeiro está em transformação e grandes reformas urbanas são também momentos de oportunidades. Natural que busquemos promover o uso da bicicleta enquanto a cidade passa por uma de metamorfose.

Foi essa a visão central do projeto ciclorrotas do centro do Rio de Janeiro, reunir pessoas para propor, através da participação cidadã, uma cidade mais humana. Nada melhor portanto que pensar o futuro da paisagem central do Rio de maneira a incluir a bicicleta.

As pesquisas e os processos de construção do planejamento cicloviário para o centro do Rio vai estar no ar no Studio-X.

Confira:

Ciclo Rotas Centro

Uma malha cicloviária para o Centro do Rio de Janeiro

Venha participar do diálogo sobre a mobilidade que queremos para o Rio de Janeiro.

Abertura dia 23 de julho, terça-feira, às 18:30

Exposição de 24 de julho a 01 de novembro

Studio-X Rio – Praça Tiradentes, 48

A exposição tem o patrocínio do Banco Itaú.

Bicicletas: questão de meio ambiente ou transportes?

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Uma campanha no site “Panela de Pressão” quer pressionar para que a pauta das bicicletas e intervenções cicloviárias no Rio de Janeiro seja levada da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMAC) para a Secretaria de Transportes (SMTR).

Há um grande poder político e simbólico em ter a bicicleta tratada diretamente pela pasta de transportes, mas isso pode levar a bicicleta para um terceiro plano, melhor ficar sem simbolismos e ter soluções indo para as ruas.

Por isso somos contra levar a bicicleta para a pasta de transportes (por enquanto) e para entender o porque, é preciso analisar um pouco da história do planejamento cicloviário carioca para se conseguir avanços.

O bom planejamento precisa de dados confiáveis para poder ser exercido e um ativismo focado apenas no simbolismo pode ser um retrocesso, justamente por não levar em conta a perspectiva histórica.

No inicio dos anos 1990, o então secretário de meio ambiente Alfredo Sirkis, resolveu iniciar algo para as bicicletas por aqui. Nascia assim a gestão cicloviária dentro da Secretaria de Meio Ambiente.

Ao longo da década de 1990, a SMAC iniciou a implementação da infraestrutura cicloviária também na Zona Oeste e durante uns dez anos a coisa andou devagarinho, mas andou.

Em 2003 o mesmo Sirkis volta à prefeitura como secretário de Urbanismo e leva para a SMU a pauta das bicicletas. Assim começou a segunda geração de ciclovias com projetos bem diferentes das primeiras, até 2008, foi um periodo de poucas obras, mas muito treinamento, pela primeira vez, técnicos brasileiros iam para o exterior estudar bicicletas e infraestruturas cicloviárias, ao mesmo tempo que organizações estrangeiras como a Holandesa ICE (atual Dutch Cycling Embassy), a rede Urbal nº8 (atual Movilization) e o ITDP começam a aportar por aqui trazendo seu expertise.

Ao final da gestão Cesar Maia, com o novo prefeito já eleito e prestes assumir, ficou definido que as ciclovias passariam para transportes na próxima gestão, articulações foram feitas, reuniões e trocas de projetos e objetivos foram trocados entre secretarias e futuros secretários. A Transporte Ativo participou de algumas destas reuniões, por vezes comandadas pela Secretaria de Estado de Transportes (SETRANS).

Já 2009 o então sub prefeito e secretário de Meio Ambiente, Carlos Alberto Muniz, se interessou pelas bicicletas por acreditar que promove-las iria ajudar a cumprir as ousadas metas de redução de emissões de poluentes e gases estufa. Por conta disso a bicicleta foi incluída entre os 40 principais projetos da cidade até 2016.

Enquanto isso a SMTR continuou focada em BRTs, VLTs, pontes estaiadas e na expansão do viário. Com isso a bicicleta deixaria de ser prioridade na administração municipal e passaria a ser apenas um modal que impacta negativamente no fluxo motorizado.

Da decisão política de manter a bicicleta vinculada à SMAC, que corre com apoio técnico da SMTR, tivemos no Rio de Janeiro em 5 anos um avanço maior que nos 15 anos anteriores.

Naturalmente que a bicicleta precisa mais cedo ou mais tarde ir para a pasta de transportes, mas esse ainda não parece ser o momento. Por hora o corpo técnico do Meio Ambiente está mais capacitado e até mesmo interessado no planejamento cicloviário do que o transporte.

Os técnicos da SMAC tem sido presença constante nos Velo City desde 2010, e em 2013 estiveram lá apresentando o paper: Rio‘s Cycling Culture: Strategies, Challenges, and Solutions for Integrating the Public and Private Sectors with Social Organisations.

O ideal para o planejamento cicloviário no Rio de Janeiro é que a bicicleta esteja dentro da pasta de transportes, mas isso irá acontecer no momento certo. Por hora estamos felizes com a maneira que a bicicleta é tratada dentro da secretaria de Meio Ambiente.

 

Contagens fotográficas de ciclistas

Contagem de ciclistas em Aracajú

Contagem de ciclistas em Aracajú

Foi no Rio de Janeiro, na esquina das ruas Figueiredo de Magalhães e Nossa Senhora de Copacabana que se construiu um aprendizado prático que se espalha pelo Brasil. Foi mais uma contagem fotográfica da Transporte Ativo, mas com muitos convidados ilustres.

E os ilustres ciclistas tem posto em prática o aprendizado. Já foram realizadas 8 contagens, 2 em Aracajú, 2 em Manaus, 3 em Recife, uma em Juiz de Fora.

O pessoal da Ciclourbano de Aracajú, e os ciclistas da cidade, não se intimidaram com a chuva e foram para a rua para uma segunda contagem. E foi uma chuva de bicicletas. Na primeira contagem, no mesmo ponto,  foram quase 3.000 ciclistas.

As contagens são a melhor maneira de subsidiar o poder público municipal para entender o fluxo de ciclistas e garantir o conforto e segurança de quem já pedala e promover a bicicleta para que mais pessoas optem pelas magrelas.

Já no Recife, a recém fundada Ameciclo, também foi para a rua contar bicicleta. Um iniciativa do Guilherme Jordão e do Mario Henrique que estiveram no workshop do Rio em março, ainda como grupo informal Cicloação.

Pelo ineditismo para a cidade de uma contagem de ciclistas, o pessoal da Ameciclo encheu a mídia local de suspense e fez uma coletiva de imprensa que apresentou esse primeiro diagnóstico dos ciclistas recifenses.

As contagens seguirão, para apresentar dados de maneira clara para que a prefeitura e cidade tenham dados disponíveis sobre a realidade ciclística local e assim possam fazer intervenções consistentes e corretas para promover ainda mais o uso da bicicleta.

Bicicleta na política nacional

Presidenta Dilma Rousseff recebe representantes de Movimentos Urbanos. (Brasília - DF, 25/06/2013) Foto: Roberto Stuckert Filho/PR

Presidenta Dilma Rousseff recebe representantes de Movimentos Urbanos. (Brasília – DF, 25/06/2013)
Foto: Roberto Stuckert Filho/PR

Nesta hora em que todo mundo apresenta pautas de reivindicações – mas poucos apresentam soluções – como poderíamos ajudar na construção de um futuro melhor para as bicicletas no país?

Está mais do que claro que a maior parte das soluções é local. São os governos das cidades que precisam adotar políticas públicas adequadas, cotidianas, pois, afinal, são eles que atuam diretamente na realidade, a micropolítica.

Aos governos estaduais e federal caberiam políticas mais amplas, macropolíticas, criar condições econômicas, políticas, técnicas e gerenciais que permitam ou possibilitem às prefeituras adotarem as medidas práticas necessárias.

Assim, sete boas sugestões para a presidente seriam:

  • desonerar o custo da cadeia produtiva da bicicleta;
  • desonerar a importação;
  • incentivar o cicloturismo – por meio de programas específicos e aprovando a lei que permite o transporte de bicicletas em ônibus (que está arquivada);
  • inserir a mobilidade urbana como matéria obrigatória, ainda que transversal, no currículum do ensino fundamental e médio;
  • fortalecer a Secretaria de Mobilidade Urbana do Ministério da Cidade;
  • Colocar o Programa Bicicleta Brasil como item básico do subeixo Mobilidade Urbana, integrante do eixo Cidade Melhor (a construção de ciclovias e outras estruturas, a oferta de cursos de aperfeiçoamento, etc, tudo pode incentivar economia locais que, no somatório de todo território nacional, teriam significado expressivo para a acelaração do crescimento, mas em bases sustentáveis);
  • colocar no CONTRAN um representante dos pedestres/usuários de ônibus e um representante dos ciclistas.

Leia mais: Dilma recebe movimentos sociais urbanos em reação às manifestações – Folha de S. Paulo

Bicicletas e ônibus urbanos

Turma de motoristas de ônibus

Turma de motoristas de ônibus

A bicicleta é para muitos motoristas uma estranha desconhecida. Com o aumento da infraestrutura cicloviária, conversar com motoristas é fundamental. O melhor a fazer no diálogo é gerar empatia e foi com essa intenção que participamos do curso “Ônibus e Bicicletas, uma convivência possível” – iniciativa da secretaria municipal do Meio Ambiente do Rio de Janeiro através do Centro de Educação Ambiental (CEA).

O curso foi ministrado para motoristas da Viação Ideal, que circulam na Ilha do Governador, bairro que tem recebido diversas melhorias cicloviárias, com destaque pro Anel Cicloviário da Ilha.

Ciclofaixa em mão dupla (em obras). Foto: Alex Gomes

Ciclofaixa em mão dupla (em obras). Foto: Alex Gomes

Dentro da estrutura do curso, os motoristas de ônibus foram apresentados ao programa “Rio Capital da Bicicleta”, depois puderam conhecer um pouco sobre os dados sobre o uso da bicicleta e o que diz a legislação de trânsito.

Sinalização horizontal e vertical. Foto: Alex Gomes

Sinalização horizontal e vertical.
Foto: Alex Gomes

Nossa participação foi para mostrar como os ciclistas são grandes aliados do transporte público, com destaque para as parcerias possíveis entre os ônibus urbanos e as bicicletas nas ruas.

Cruzamento sinalizado. Foto: Alex Gomes

Cruzamento sinalizado.
Foto: Alex Gomes

Os motoristas adoraram a abordagem e com certeza hoje estão até dando cobertura para os ciclistas da ilha. Afinal o bairro está repleto de ciclofaixas, sinalização horizontal e vertical ostensivas, cruzamentos demarcados e bicicletários em diversas esquinas.

Dá-lhe Ilha do Governador!

Leia mais: Motoristas de ônibus do RJ são treinados para respeitar ciclistas – Jornal do Brasil